Um novo Paradigma para a Democracia (III) - Educação
Portugal já foi um dia considerado a "primeira aldeia global", numa obra muito bem estruturada e escrita por Martin Page. Esta globalização à portuguesa, foi efectivamente pioneira, e quase com cem anos de avançai em relação a Espanha, e muitos mais, se pensarmos no Reino Unido, Holanda e França. Depois...Portugal foi adormecendo.
Por essa época, que ainda durou muitas gerações, Portugal dominava uma tecnologia, a navegação de alto mar e logo curso. Dominava ainda o comércio de novos produtos, que fez divulgar e expandir pela Europa. Por esses dias, Portugal tinha os maiores banqueiro da Europa, a quem a maiores casas reais pediam crédito. Eram de origem judaica, pois...mas portugueses.
Perdendo o domínio de uma tecnologia, relevante para outros, à escala global, perde-se uma hegemonia e uma liderança, que traz consigo visibilidade, respeito internacional e riqueza. Passou essa época, como antes outros a haviam vivido, os Fenícios, os Gregos, os Árabes, e passou o tempo de glória.
Mas países e culturas como a Inglaterra, que se desenvolveu imenso após o reinado de Isabel I, e mais tarde revolucionou o mundo industrial e do trabalho com a Revolução Industrial, precisamente, têm conseguido manter-se numa liderança, ou próxima dela, durante muitos mais tempo, já vão quase três séculos. Pergunta-se porquê. Uma parte da resposta é dada pela sociedade que criou uma cultura ela mesma, e a fez impor por todo o mundo. Também essas sociedades, inglesa, francesa, holandesa, alemã (ou de várias regiões do que hoje é a Alemanha), sempre o souberam fazer. Tornaram relevantes as artes, os domínios culturais, e científicos. Portugal passou a dada altura a viver de uma glória passada, porventura, sem dar atenção à difusão de conhecimentos pelo seu povo, mas antes mantendo a cultura e o conhecimento, o prazer pelo pensamento mesmo, no privilégio de grupos restritos. Pelo menos em parte, esta é uma triste verdade, para o país mais antigo da Europa.
Já nem refiro as recentes anedotas de membros de um Partido Comunista que, à mesma luza das ideias de 1975, pretendem reescrever a História. Sempre foi assim com os comunistas, por todo o mundo. Apagar o passado, e inventar uma nove história, onde os seus mitos gloriosos imperem.
Que fizeram de substancialmente diferente os países do Norte, mencionados? Entenderam, para o que provavelmente muito contribui a nova visão luterana e anti-católica, centralizadora, e de pensamento único, do Vaticano, que quanto mais informado e culto um povo fosse, mais ganharia toda uma sociedade. Um novo paradigma, que nasceu há quinhentos anos, mas nunca chegou ao Sul da Europa, e teve como inspiração...dois países do Sul. O Império Romano, e a Grécia antiga. Mas alargaram imenso a escala.
Este é ainda hoje o grande obstáculo de Portugal a um desenvolvimento sustentado e sem retorno aos negros tempos...diria de inspiração medieval, anos cinzentos de Salazar e que perduram, mesmo considerando os grandes avanços na Educação, até hoje. Ainda hoje somos o país mais martirizado com a ignorância e o analfabetismo, ou a iletracia.
Não sendo o mais urgente dos assuntos, num pais com tremendas carência de poder de compra, de desemprego, de acesso à saúde de qualidade, de acesso a transportes, de custos extremamente elevados e de trabalho mais mal remunerado de toda a Europa, é o tema mais importante de todos: mudar a Educação e não permitir retorno à idade negra, ao obscurantismo do passado. Para tal, também é fundamental uma cultura de verdade, que realmente não existe. Os manuais escolares transformaram e rescreveram a História, à luz de uma Esquerda que, dizendo-se dona da cultura, é apenas totalitária e obscura, facciosa e perigosa.
A Educação tem imensos problemas e há pelo menos quarenta anos que se tenta reformar...o que chega a parecer "irreformável". Mas não é. Agostinho da Silva, com limitações ideológicas ou sem elas, tinha uma pensamento vanguardista, a que nunca se deu atenção. Para provocar as hostes dizia, por exemplo, que se uma criança quer dançar, por que se lhe quer ensinar matemática ou português?
Estas ideias, não as teve e tem só ele. Ken Robison, tem alertado para a mesma necessidade: não ver o mundo pelo prisma redutor da tecnologia e ciência, mas ter um horizonte mais amplo, onde as humanidades e as artes terão de ter outra relevância. E essa impotência já é visível.
Mas não se deve governar contra os profissionais do sector respectivo. É o que se tem feito, vezes demais, na Educação, na Saúde e em noutros sectores. Também é extremamente negativa a acção dos sindicatos, no caso particular da Educação, onde a sombra comunista da Fenprof tem sido uma das mais perversas entidades, a contribuir para a degradação do Ensino e desprestígio dos professores.
Na Educação, a meu ver, há problemas em todos os vértices, no prisma que a constitui: ministério incompetente, há demasiado tempo, com os pseudo-especialiatas que mais parecem viver num curral de asininos, professores (alguns e não assim tão poucos, a quem ainda reconheço que o desgaste e frustração pode ter afectado a qualidade como pedagogos, mas outros, nunca deveriam estar a ensinar...(e lembro-me, da minha experiência que de todos os que tive, conseguirei salientar menos de cinco..com mérito e qualidade), pais e encarregados de educação e alunos. Todo o ambiente de uma escola está nos antípodas do que deveria ser. E depois, os programas, as disciplinas. Francês? Música onde nunca se aprende ...música? Educação visual que não ensina ninguém a desenhar, pintar ou simplesmente ter gosto pelas artes gráficas? Inglês que ao fim de cinco ou mais anos não consegue por alunos a falar e escrever, a ler a língua? Que se passa com estas disciplinas e com o resultado menos que miserável obtido ao fim de anos de escolaridade? Educação física ainda tão longe do que por todo o mundo desenvolvido se faz, com competição escolar séria e efectiva?
E um objectivo geral: passar o prazer pelo Saber aos alunos, mais, muito mais, do que a preocupação com as notas e classificações?
A Educação é o tema central de qualquer Governo que queira mesmo fazer um corte com o passado e mudar a sociedade no sentido do desenvolvimento.
O potencial artístico dos jovens é desprezado e até considerado uma coisa menor, dispensável. Mas estranhamente, num país onde a Economia e os seus agentes mais obscuros dominam, em sítio algum, excepto quem vá para a área específica, os alunos recebem fundamentos, mesmo rudimentos, de economia... Portugal terá no futuro o mesmo tipo de gente na gestão, nas actividades comerciais, com um fosso enorme a separar-nos de uma Espanha, e de todos os países europeus. Ainda hoje o que se aprende de Marketing em, por exemplo, cursos de Engenharia..é absolutamente ridículo. Considera-se ainda o Marketing, uma fantasia, uma espécie de área filosófica da gestão? São imensas as áreas a repensar na Educação, em Portugal, mas sempre deverão ser pensadas à luz de um futuro diferente, de uma sociedade onde tudo se sustenta numa Economia bem mais pujante, mas em que esta não é a rainha da sociedade, mas antes lhe serve de base. Apenas. O resto, vem sempre por forma natural. A sociedade do futuro num país que quase tem de se reinventar, deve ser mais igual, mais justa e mais "cívica". As actividades financeiras devem-na servir e nunca o contrário.
Mas fundamental é conseguir separar eficientemente os interesses políticos dos económicos, onde a promiscuidade e corrupção activa ou passiva é por demais evidente e é o maior custo que Portugal suporta.
A Educação deve ser repensada, mas com a participação dos interessados, e não como até hoje, colocando tudo nas mãos de uns ditos especialistas, como os que pretenderam reformar a música, numa comissão sem um só músico, ou como Sócrates (deve ser ironia do nome...) pretendeu eclipsar a disciplina mais importante de todo o Ensino: Filosofia. Se não se ensina a pensar...e não se transmite esse prazer e prática aos nossos jovens...
Por essa época, que ainda durou muitas gerações, Portugal dominava uma tecnologia, a navegação de alto mar e logo curso. Dominava ainda o comércio de novos produtos, que fez divulgar e expandir pela Europa. Por esses dias, Portugal tinha os maiores banqueiro da Europa, a quem a maiores casas reais pediam crédito. Eram de origem judaica, pois...mas portugueses.
Perdendo o domínio de uma tecnologia, relevante para outros, à escala global, perde-se uma hegemonia e uma liderança, que traz consigo visibilidade, respeito internacional e riqueza. Passou essa época, como antes outros a haviam vivido, os Fenícios, os Gregos, os Árabes, e passou o tempo de glória.
Mas países e culturas como a Inglaterra, que se desenvolveu imenso após o reinado de Isabel I, e mais tarde revolucionou o mundo industrial e do trabalho com a Revolução Industrial, precisamente, têm conseguido manter-se numa liderança, ou próxima dela, durante muitos mais tempo, já vão quase três séculos. Pergunta-se porquê. Uma parte da resposta é dada pela sociedade que criou uma cultura ela mesma, e a fez impor por todo o mundo. Também essas sociedades, inglesa, francesa, holandesa, alemã (ou de várias regiões do que hoje é a Alemanha), sempre o souberam fazer. Tornaram relevantes as artes, os domínios culturais, e científicos. Portugal passou a dada altura a viver de uma glória passada, porventura, sem dar atenção à difusão de conhecimentos pelo seu povo, mas antes mantendo a cultura e o conhecimento, o prazer pelo pensamento mesmo, no privilégio de grupos restritos. Pelo menos em parte, esta é uma triste verdade, para o país mais antigo da Europa.
Já nem refiro as recentes anedotas de membros de um Partido Comunista que, à mesma luza das ideias de 1975, pretendem reescrever a História. Sempre foi assim com os comunistas, por todo o mundo. Apagar o passado, e inventar uma nove história, onde os seus mitos gloriosos imperem.
Que fizeram de substancialmente diferente os países do Norte, mencionados? Entenderam, para o que provavelmente muito contribui a nova visão luterana e anti-católica, centralizadora, e de pensamento único, do Vaticano, que quanto mais informado e culto um povo fosse, mais ganharia toda uma sociedade. Um novo paradigma, que nasceu há quinhentos anos, mas nunca chegou ao Sul da Europa, e teve como inspiração...dois países do Sul. O Império Romano, e a Grécia antiga. Mas alargaram imenso a escala.
Este é ainda hoje o grande obstáculo de Portugal a um desenvolvimento sustentado e sem retorno aos negros tempos...diria de inspiração medieval, anos cinzentos de Salazar e que perduram, mesmo considerando os grandes avanços na Educação, até hoje. Ainda hoje somos o país mais martirizado com a ignorância e o analfabetismo, ou a iletracia.
Não sendo o mais urgente dos assuntos, num pais com tremendas carência de poder de compra, de desemprego, de acesso à saúde de qualidade, de acesso a transportes, de custos extremamente elevados e de trabalho mais mal remunerado de toda a Europa, é o tema mais importante de todos: mudar a Educação e não permitir retorno à idade negra, ao obscurantismo do passado. Para tal, também é fundamental uma cultura de verdade, que realmente não existe. Os manuais escolares transformaram e rescreveram a História, à luz de uma Esquerda que, dizendo-se dona da cultura, é apenas totalitária e obscura, facciosa e perigosa.
A Educação tem imensos problemas e há pelo menos quarenta anos que se tenta reformar...o que chega a parecer "irreformável". Mas não é. Agostinho da Silva, com limitações ideológicas ou sem elas, tinha uma pensamento vanguardista, a que nunca se deu atenção. Para provocar as hostes dizia, por exemplo, que se uma criança quer dançar, por que se lhe quer ensinar matemática ou português?
Estas ideias, não as teve e tem só ele. Ken Robison, tem alertado para a mesma necessidade: não ver o mundo pelo prisma redutor da tecnologia e ciência, mas ter um horizonte mais amplo, onde as humanidades e as artes terão de ter outra relevância. E essa impotência já é visível.
Mas não se deve governar contra os profissionais do sector respectivo. É o que se tem feito, vezes demais, na Educação, na Saúde e em noutros sectores. Também é extremamente negativa a acção dos sindicatos, no caso particular da Educação, onde a sombra comunista da Fenprof tem sido uma das mais perversas entidades, a contribuir para a degradação do Ensino e desprestígio dos professores.
Na Educação, a meu ver, há problemas em todos os vértices, no prisma que a constitui: ministério incompetente, há demasiado tempo, com os pseudo-especialiatas que mais parecem viver num curral de asininos, professores (alguns e não assim tão poucos, a quem ainda reconheço que o desgaste e frustração pode ter afectado a qualidade como pedagogos, mas outros, nunca deveriam estar a ensinar...(e lembro-me, da minha experiência que de todos os que tive, conseguirei salientar menos de cinco..com mérito e qualidade), pais e encarregados de educação e alunos. Todo o ambiente de uma escola está nos antípodas do que deveria ser. E depois, os programas, as disciplinas. Francês? Música onde nunca se aprende ...música? Educação visual que não ensina ninguém a desenhar, pintar ou simplesmente ter gosto pelas artes gráficas? Inglês que ao fim de cinco ou mais anos não consegue por alunos a falar e escrever, a ler a língua? Que se passa com estas disciplinas e com o resultado menos que miserável obtido ao fim de anos de escolaridade? Educação física ainda tão longe do que por todo o mundo desenvolvido se faz, com competição escolar séria e efectiva?
E um objectivo geral: passar o prazer pelo Saber aos alunos, mais, muito mais, do que a preocupação com as notas e classificações?
A Educação é o tema central de qualquer Governo que queira mesmo fazer um corte com o passado e mudar a sociedade no sentido do desenvolvimento.
O potencial artístico dos jovens é desprezado e até considerado uma coisa menor, dispensável. Mas estranhamente, num país onde a Economia e os seus agentes mais obscuros dominam, em sítio algum, excepto quem vá para a área específica, os alunos recebem fundamentos, mesmo rudimentos, de economia... Portugal terá no futuro o mesmo tipo de gente na gestão, nas actividades comerciais, com um fosso enorme a separar-nos de uma Espanha, e de todos os países europeus. Ainda hoje o que se aprende de Marketing em, por exemplo, cursos de Engenharia..é absolutamente ridículo. Considera-se ainda o Marketing, uma fantasia, uma espécie de área filosófica da gestão? São imensas as áreas a repensar na Educação, em Portugal, mas sempre deverão ser pensadas à luz de um futuro diferente, de uma sociedade onde tudo se sustenta numa Economia bem mais pujante, mas em que esta não é a rainha da sociedade, mas antes lhe serve de base. Apenas. O resto, vem sempre por forma natural. A sociedade do futuro num país que quase tem de se reinventar, deve ser mais igual, mais justa e mais "cívica". As actividades financeiras devem-na servir e nunca o contrário.
Mas fundamental é conseguir separar eficientemente os interesses políticos dos económicos, onde a promiscuidade e corrupção activa ou passiva é por demais evidente e é o maior custo que Portugal suporta.
A Educação deve ser repensada, mas com a participação dos interessados, e não como até hoje, colocando tudo nas mãos de uns ditos especialistas, como os que pretenderam reformar a música, numa comissão sem um só músico, ou como Sócrates (deve ser ironia do nome...) pretendeu eclipsar a disciplina mais importante de todo o Ensino: Filosofia. Se não se ensina a pensar...e não se transmite esse prazer e prática aos nossos jovens...
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