E se houvesse uma Terceira Grande Guerra na Europa?
Hoje homenageiam-se os mortos da Primeira Guerra Mundial. Lembrou-me alguns textos que li, em que se põe a hipótese remota, mas talvez mais próxima de uma Terceira Guerra deflagrar na Europa.
O cenário político actual é diferente do que conduziu à Primeira e ao que levou à Segunda Guerra, mas talvez as condições não sejam propriamente de paz e estabilidade. Em vários países europeus, há ameaças a esta paz, com discursos chauvinistas, nacionalistas e algo violentos, como os de Le Pen e da sua filha. Cada vez mais próximos do Poder.
Se um dia em França, Le Pen e os seus nacionalistas chegam ao Poder, que pensamos que pode acontecer? Se na Alemanha se alterar muito o equilíbrio de Poder, voltando um pouco à esquerda, em contraponto com a extrema-direita francesa (para usar a nomenclatura que muita gente gosta e eu considero irrelevante, porque falsa e anacrónica), poderá haver ameaça à Paz, novamente?
E não esqueçamos a Rússia ainda comunista, do louco Putin. Um ditador com sede de guerras e de mostrar superioridade militar e racial.
Talvez, muito provavelmente, as tensões políticas não sejam suficientes para ameaçar a Paz. Mas pode surgir outro factor, de novo a energia. Porque a Europa é ainda muito dependente de energias fósseis que não produz. E o arrastar desta crise económica lembra-me as razões que conduziram à Segunda Guerra.
A Alemanha parece poder entrar em recessão. Se acontecer, e não for rápida uma recuperação, com um Le Pen a crescer, com uma extrema-direita alemã a crescer também, e uma Rússia que possui energia a ameaçar a Europa, com o pretexto, sempre foram os pretextos as causas das Guerras, do médio oriente, a Síria, o Iraque… os países árabes em geral.
Nas duas Grandes Guerras houve indícios fortes do que podia acontecer, mas não houve vontade firme de evitar. Pelo contrário, julgou-se que as diferenças se resolveriam pela Guerra.
Hoje, penso que a diferença essencial pode ser esta: já não se pensa que uma Guerra pode solucionar diferenças, políticas, económicas e tensões actualmente a crescerem. Mas os actores políticos podem mudar, como mudaram principalmente na Segunda Guerra.
E, uma vez mais, nestes momentos de tensão, com uma escalada militar em potencial, os pequenos países não têm qualquer papel. É mesmo dos momentos de tensão entre países em que o peso de países pequenos nada conta. Excepto se se tratarem de países, como Suíça e Luxemburgo, detém uma capacidade bancária e financeira desproporcional às suas dimensões, e que lhes trazem poder sobre grandes países vizinhos. E uma guerra exige um esforço financeiro anormal. Mas, paradoxalmente, quase nunca se iniciou uma guerra nos momentos de maior capacidade financeira, mas ao contrário, efectivamente.As condições em que a França se encontra, com tendência a agravarem-se e a Alemanha estará a entrar...
A Rússia, que parece não ter problemas, é um país dividido internamente, governado ditatorialmente com pulso de ferro, mascarado de democracia, onde os desequilíbrios sociais podem conduzir a mais tensão e divisão, e uma guerra, num país socialmente tão atrasado, pode ser um factor de união. Disso temos tido alguns indícios a propósito da Ucrânia.
Descurar as possibilidades, que nos parecem remotas, como pareceram aos do tempo das duas Grandes Guerras, de uma Terceira Guerra, nada ajudará para a sua prevenção. Trabalhar em termos de Europa, para a evitar e assim melhorarem as condições sociais dos vários países europeus, poderá ser um caminho mais inteligente. Uma hipótese de guerra nunca deve ser descurada. Os extremismos e as tensões estão aí, a ameaçar-nos.
As consequências, para países como Portugal, que sofreram um retrocesso económico e social de quarenta anos, podem ser devastadoras, em caso de conflito.
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