A entrar num caminho sem saída
Espero que a chuva de hoje tenha lavado algumas mentes. Não as dos políticos, desses acho que poucos esperam alguma coisa. Mas dos que o podem ser. Em todo o caso, alternativas a tempo de próximas eleições também não existem. Ou seja, estamos a entrar num caminho sem qualquer saída, pelo menos por alguns anos. Podem ser tantos, quantos os de uma legislatura. Ou menos se as tempestades se agravarem. Por enquanto, porém, estas são graves, mas apenas naturais, alteradas pela surdez e estupidez humana, a tantos avisos sobre profundas e catastróficas alterações climáticas (poderá também haver pouco a fazer, neste âmbito, mas deve ser sempre feito).
Ao fim destes anos de Troika e Austeridade, que o Governo quis imprimir um pouco por excesso, não fora já excessiva e despropositada em si mesmo esta ideia peregrina de fazer um povo inteiro, já pobre, empobrecer mais, mas permitindo a ricos, com a ideia, nada peregrina, porque muito intencional, manterem ou aumentarem a sua riqueza (no que contesto alguns comentadores que tenho lido e me escuso a nomear, de que os ricos também sofreram com a crise, quando os dados apontam o contrário, e tudo se confirmará, por cá e lá fora, nos EUA também, como assim sendo), chegámos ao momento de interpretação e análise, reflexão mais ou menos fundamentada (faltam muitos dados, referentes a rent-seekers de sempre, os amigos, grandes players do costume) sobre tudo o que sofremos e de que serviu.
Mas este momento também coincide com a súbita mudança de rumo do PS (o Partido mais inútil e pernicioso da Democracia, não pelo princípio, pela ideologia, obviamente, mas pelo que tem feito a este país, no que o PSD se tem esforçado muito e conseguido imitar muito bem, com favores e influências muito bem servidas dos recursos do Estado), na habitual tentativa, provavelmente triunfante, uma vez mais, de chegar ao Poder, sem projecto, visão, mas principalmente sem verticalidade, honestidade, integridade. Não fizeram, nenhum dos dois Partidos, qualquer renovação e querem assim continuar. Não culpo os que tomaram o poder nos mesmos. Culpo todos os outros, que se ausentaram de concorrer com ideias novas e, principalmente, cara lavada, sem folhas sujas de casos e casos comprometedores, sem qualquer filiação em sociedades secretas e livres, como homens e cidadãos. Pode ser-se livre e pertencer-se a um Partido. Mas não como estes se têm organizado. Não é permitido e gente livre que pense por si próprio, mas também os que podiam ser alternativas, criando equipas novas, de folha limpa e sentido de serviço ao país, não se têm apresentado. Eu próprio me confesso um destes.
Este momento, para Portugal, quando nos preparamos para saber de mais um Orçamento inútil, mas necessário para que o Estado funcione, embora nos vá, muito provavelmente, agravar a vida (ao contrário do que diz Marques Mendes, que proximamente terá de confessar o engano...) e em que o PS só pensa em por as unhas de fora, convencido (apenas) de ganhar eleições, mas seguramente convicto (só se forem muito burros...) que nada irão alterar, estamos perante uma tradição...para coisa alguma. Ficaremos na mesma, porque nada se fez, em termos cívicos, enquanto corporativamente, nos entretivemos com os nossos quintais pessoais.
Estamos entre um PSD medíocre e um PS perigoso. Entre um PSD machado de escândalos e um PS com eles já conhecidos e confirmados. Entre um PSD que não soube, ou não quis, renovar o regime, e um PS que não o quer fazer, agarrado aos velhos e perigosos políticos que mais prejudicaram este país. Estamos entre medíocres e profissionais da simulação. Entre a realidade dura e rejeitada e o passado a que não queremos voltar. Estamos entre a espada e a parede. Claramente.
Não quisemos intervir civicamente. Não aproveitámos estes anos, previsivelmente de baixa política e mediocridade, para forçarmos estas forças políticas a mudarem de uma vez. Não entendo o rejubilo do PS com a votação de simpatizantes, e a confirmação de muitos comentadores com esse processo. Para colocarem na liderança dos socialistas um homem enredado em interesses e influências obscuras? Mas com amigos, às claras, que queremos ver pelas costas, subversivos demagogos, perversos para uma Democracia que não consegue evoluir?
Atente-se no abraço de Soares a Isaltino. Felizes...um abraço de um ex-Presidente, totalmente subversivo, a um condenado pela Justiça? Para quê? Aludir que mais "erros" judiciais (no momento em que nos parece a Justiça a finalmente funcionar e não se deixar corromper por políticos, como o fez com Sócrates e amigos, e outros do PSD ainda por julgar e condenar. E os que nem investigados foram, mas todos sabemos bem o que são- relembro que apenas à Justiça compete provar o dolo. A um cidadão, não. Embora agora se tenha introduzido, muito convenientemente, uma "pequena" alteração na Lei, que permite meter na cadeia quem seja tido por injuriador...muito conveniente) se podem vir a cometer, como a Vara and Friends? Muito oportuno para o velho rato, do Rato. Mas há mais gente inteligente por aí, e ele não parece dar-se conta...
A agitação, o frenesim de Soares é muito mau sinal. Quarenta anos de Democracia moderna deviam deixar um ex-Presidente octogenário confiar nos políticos subsequentes. Não devia ser normal ver-se este activismo marxista, tão fora de época, ou...talvez sim. Estará preocupado em deixar os amiguinhos bem, após tantos anos a fazer-lhes mal e a barrar-lhes a ascensão no Partido. Soares nunca foi inocente em nada. Nunca bem intencionado. Foi sempre um dos que melhor se aproveitou do Regime e dele viveu. Sempre um oportunista, mas perigoso, pelos tentáculos que foi deixando. Há quem o tenha como um intocável, quem lhe chame "pai da Democracia". Felizmente para ele, e ele sabe-o muito bem, nem que Cunhal fosse vivo, o desmascararia, pelo risco de se revestir de telhados de vidro, ele próprio. Soares não suportava a sombra e superioridade de Cunhal. E afastou-se por isso mesmo, no que foi inteligente, mas ajudado por inteligências externas. Enfim, História para um dia ser contada, por quem viveu muito intensamente esses dias.
Para mim, o maior problema que vivemos nesta circunstância é esta dramática falta de alternativa entre mau-cheiro e mau-odor. Entre mediocridade e falta de estratégia, e perigo e falta de estratégia.
E não temos saída para os próximos anos. O que torna este Orçamento de Estado praticamente indiferente, sem grande importância, perante o pior. Iremos ter mais uns cinco anos de crise, não diminuída, embora camuflada, à boa maneira socialista, para depois descobrirmos que ficámos pior.
Não sei de que se vangloriam os próprios socialistas que depois de Costa, levarão com uma factura muito mais pesada, sem forma de a pagarem. Pagaremos nós, pois. Não sei que esperam os eleitores que "tencionam" votar em Costa para castigar Coelho. Também não quero mais Coelho no PSD. Claramente. Trapalhadas, austeridade que em grande parte não só não serviu interesses de Portugal, como até nos prejudicou, dificultando a recuperação (como? IRC baixa e IRS não? Isto é contribuir para uma justiça social e económica, ou é descaradamente favorecer quem não merece, as empresas empresários precisamente. Uns que andam há anos demais a roubar o Estado. Que somos nós! Outros que roubam os próprios colaboradores, de quem vivem e nunca os valorizam, mas que, ao invés, os despedem, após terem usufruído dos talentos e dedicação dos mesmos. Outros ainda, e todos em geral, bem vistas as coisa, que auferem sempre demasiado, face a este diminuto mercado, às suas ridículas qualificações e comprovada incompetência, como pouco a pouco vamos confirmando, mas que há muito se sabe para quem anda no sector privado há uns anixos...). Além de trapalhadas, insucesso em tantas políticas, ao que se soma a perda de confiança em vários Ministros e no próprio Primeiro-ministro. E ainda o mesmo controlo do aparelho partidário por gente sem qualidade. Um triste cenário.
Mas que esperam as pessoas ao substituírem Coelho por Costa? Mais competência? Seguramente na gestão da carteira de amigos e interesses. E no retomar do controlo da Justiça...e Comunicação Social. A esta altura, os planos já estarão a ser elaborados no Largo do Rato.
Lamento, mas já não vamos a tempo de uma saída.
Tenho a nítida sensação de que a partir de um dado momento, talvez seja este (da discussão do orçamento para 2015, da nova definição do PS, num regresso ao Partido dos interesses e dos velhos subversivos, da continuidade estúpida da linha do PSD) já não valerá mais a pena comentar a política nacional. Por uns anos. Entraremos nos anos cinzentos da moderna "idade média" portuguesa. Cinco ou mais anos futuros para esquecer, antes mesmo de entrarmos neles.
Ao fim destes anos de Troika e Austeridade, que o Governo quis imprimir um pouco por excesso, não fora já excessiva e despropositada em si mesmo esta ideia peregrina de fazer um povo inteiro, já pobre, empobrecer mais, mas permitindo a ricos, com a ideia, nada peregrina, porque muito intencional, manterem ou aumentarem a sua riqueza (no que contesto alguns comentadores que tenho lido e me escuso a nomear, de que os ricos também sofreram com a crise, quando os dados apontam o contrário, e tudo se confirmará, por cá e lá fora, nos EUA também, como assim sendo), chegámos ao momento de interpretação e análise, reflexão mais ou menos fundamentada (faltam muitos dados, referentes a rent-seekers de sempre, os amigos, grandes players do costume) sobre tudo o que sofremos e de que serviu.
Mas este momento também coincide com a súbita mudança de rumo do PS (o Partido mais inútil e pernicioso da Democracia, não pelo princípio, pela ideologia, obviamente, mas pelo que tem feito a este país, no que o PSD se tem esforçado muito e conseguido imitar muito bem, com favores e influências muito bem servidas dos recursos do Estado), na habitual tentativa, provavelmente triunfante, uma vez mais, de chegar ao Poder, sem projecto, visão, mas principalmente sem verticalidade, honestidade, integridade. Não fizeram, nenhum dos dois Partidos, qualquer renovação e querem assim continuar. Não culpo os que tomaram o poder nos mesmos. Culpo todos os outros, que se ausentaram de concorrer com ideias novas e, principalmente, cara lavada, sem folhas sujas de casos e casos comprometedores, sem qualquer filiação em sociedades secretas e livres, como homens e cidadãos. Pode ser-se livre e pertencer-se a um Partido. Mas não como estes se têm organizado. Não é permitido e gente livre que pense por si próprio, mas também os que podiam ser alternativas, criando equipas novas, de folha limpa e sentido de serviço ao país, não se têm apresentado. Eu próprio me confesso um destes.
Este momento, para Portugal, quando nos preparamos para saber de mais um Orçamento inútil, mas necessário para que o Estado funcione, embora nos vá, muito provavelmente, agravar a vida (ao contrário do que diz Marques Mendes, que proximamente terá de confessar o engano...) e em que o PS só pensa em por as unhas de fora, convencido (apenas) de ganhar eleições, mas seguramente convicto (só se forem muito burros...) que nada irão alterar, estamos perante uma tradição...para coisa alguma. Ficaremos na mesma, porque nada se fez, em termos cívicos, enquanto corporativamente, nos entretivemos com os nossos quintais pessoais.
Estamos entre um PSD medíocre e um PS perigoso. Entre um PSD machado de escândalos e um PS com eles já conhecidos e confirmados. Entre um PSD que não soube, ou não quis, renovar o regime, e um PS que não o quer fazer, agarrado aos velhos e perigosos políticos que mais prejudicaram este país. Estamos entre medíocres e profissionais da simulação. Entre a realidade dura e rejeitada e o passado a que não queremos voltar. Estamos entre a espada e a parede. Claramente.
Não quisemos intervir civicamente. Não aproveitámos estes anos, previsivelmente de baixa política e mediocridade, para forçarmos estas forças políticas a mudarem de uma vez. Não entendo o rejubilo do PS com a votação de simpatizantes, e a confirmação de muitos comentadores com esse processo. Para colocarem na liderança dos socialistas um homem enredado em interesses e influências obscuras? Mas com amigos, às claras, que queremos ver pelas costas, subversivos demagogos, perversos para uma Democracia que não consegue evoluir?
Atente-se no abraço de Soares a Isaltino. Felizes...um abraço de um ex-Presidente, totalmente subversivo, a um condenado pela Justiça? Para quê? Aludir que mais "erros" judiciais (no momento em que nos parece a Justiça a finalmente funcionar e não se deixar corromper por políticos, como o fez com Sócrates e amigos, e outros do PSD ainda por julgar e condenar. E os que nem investigados foram, mas todos sabemos bem o que são- relembro que apenas à Justiça compete provar o dolo. A um cidadão, não. Embora agora se tenha introduzido, muito convenientemente, uma "pequena" alteração na Lei, que permite meter na cadeia quem seja tido por injuriador...muito conveniente) se podem vir a cometer, como a Vara and Friends? Muito oportuno para o velho rato, do Rato. Mas há mais gente inteligente por aí, e ele não parece dar-se conta...
A agitação, o frenesim de Soares é muito mau sinal. Quarenta anos de Democracia moderna deviam deixar um ex-Presidente octogenário confiar nos políticos subsequentes. Não devia ser normal ver-se este activismo marxista, tão fora de época, ou...talvez sim. Estará preocupado em deixar os amiguinhos bem, após tantos anos a fazer-lhes mal e a barrar-lhes a ascensão no Partido. Soares nunca foi inocente em nada. Nunca bem intencionado. Foi sempre um dos que melhor se aproveitou do Regime e dele viveu. Sempre um oportunista, mas perigoso, pelos tentáculos que foi deixando. Há quem o tenha como um intocável, quem lhe chame "pai da Democracia". Felizmente para ele, e ele sabe-o muito bem, nem que Cunhal fosse vivo, o desmascararia, pelo risco de se revestir de telhados de vidro, ele próprio. Soares não suportava a sombra e superioridade de Cunhal. E afastou-se por isso mesmo, no que foi inteligente, mas ajudado por inteligências externas. Enfim, História para um dia ser contada, por quem viveu muito intensamente esses dias.
Para mim, o maior problema que vivemos nesta circunstância é esta dramática falta de alternativa entre mau-cheiro e mau-odor. Entre mediocridade e falta de estratégia, e perigo e falta de estratégia.
E não temos saída para os próximos anos. O que torna este Orçamento de Estado praticamente indiferente, sem grande importância, perante o pior. Iremos ter mais uns cinco anos de crise, não diminuída, embora camuflada, à boa maneira socialista, para depois descobrirmos que ficámos pior.
Não sei de que se vangloriam os próprios socialistas que depois de Costa, levarão com uma factura muito mais pesada, sem forma de a pagarem. Pagaremos nós, pois. Não sei que esperam os eleitores que "tencionam" votar em Costa para castigar Coelho. Também não quero mais Coelho no PSD. Claramente. Trapalhadas, austeridade que em grande parte não só não serviu interesses de Portugal, como até nos prejudicou, dificultando a recuperação (como? IRC baixa e IRS não? Isto é contribuir para uma justiça social e económica, ou é descaradamente favorecer quem não merece, as empresas empresários precisamente. Uns que andam há anos demais a roubar o Estado. Que somos nós! Outros que roubam os próprios colaboradores, de quem vivem e nunca os valorizam, mas que, ao invés, os despedem, após terem usufruído dos talentos e dedicação dos mesmos. Outros ainda, e todos em geral, bem vistas as coisa, que auferem sempre demasiado, face a este diminuto mercado, às suas ridículas qualificações e comprovada incompetência, como pouco a pouco vamos confirmando, mas que há muito se sabe para quem anda no sector privado há uns anixos...). Além de trapalhadas, insucesso em tantas políticas, ao que se soma a perda de confiança em vários Ministros e no próprio Primeiro-ministro. E ainda o mesmo controlo do aparelho partidário por gente sem qualidade. Um triste cenário.
Mas que esperam as pessoas ao substituírem Coelho por Costa? Mais competência? Seguramente na gestão da carteira de amigos e interesses. E no retomar do controlo da Justiça...e Comunicação Social. A esta altura, os planos já estarão a ser elaborados no Largo do Rato.
Lamento, mas já não vamos a tempo de uma saída.
Tenho a nítida sensação de que a partir de um dado momento, talvez seja este (da discussão do orçamento para 2015, da nova definição do PS, num regresso ao Partido dos interesses e dos velhos subversivos, da continuidade estúpida da linha do PSD) já não valerá mais a pena comentar a política nacional. Por uns anos. Entraremos nos anos cinzentos da moderna "idade média" portuguesa. Cinco ou mais anos futuros para esquecer, antes mesmo de entrarmos neles.
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