O Caso BES e um Regime à espera de mudança
O caso BES é paradigmático. De má gestão nas grandes empresas portuguesas, ou, como diz o povo por estes dias, de uma gestão que só foi má para a empresa e para os outros, mas excelente para os seus gestores.
O caso BES não é como diz Sousa Tavares. Respeito a sua opinião, mas afirmo que ofende a minha inteligência e o meu direito, exactamente o mesmo tamanho do dele, de democrata e eleitor, mas muito mais, de membro de pleno direito de um povo massacrado com escândalos sempre sem uma justa solução.
O Caso BES ofende-nos, aos impotentes e aos justos e honestos, que somos muitos. Ofende a quem tem de pagar, como veremos muito brevemente, a leviandade e o dolo.
Mas um pensamento ocorre-me de cada vez que me recordam este caso e a vergonhosa família sem qualquer nível moral e social, contrariamente ao que muitos ainda pretendem defender, entre eles Sousa Tavares e todos os que ao silêncio cauteloso se votaram sobre isto.
O Governo e a Democracia. O Governo não tem responsabilidade directa. Pois. Mas este é um caso onde uma outra responsabilidade assiste ao Governo e cada dia ela cresce e se torna descontrolada. O descontrolo sobre a sua própria responsabilidade, no que toca a dar um exemplo histórico, é deste Governo, por estar em funções. Não aceito que o Banco de Portugal seja o único responsável por esta calamidade, no tocante a regulação e fiscalização. Podemos ainda vir a apurar que não tem assim tanta, nem meios suficientes, pois estampa a tratar com gente sem escrúpulos ao nível da Máfia mais capacitada. Gente sem qualquer nível, pois a história de uma família não se transmite nem genética nem socialmente.
O Governo tem sim, e hoje ainda mais convicto estou, depois de ter assistido a um fugidio assumir dos seus poderes e responsabilidades, de enfrentar isto como uma oportunidade única, mesmo única, de dar um exemplo. Um exemplo de que com esta crise, com esta tremenda austeridade, com estes casos vergonhosos na economia, há um outro lado que se tem de começar a construir. O lado de um Estado onde o Direito, a Justiça e a Transparência nos negócios fazem sentido e serão defendidos contra toda e qualquer intenção que os pretenda demover.
Num contexto destes, até uma nova legislação, com efeitos retroactivos se pode justificar. Mas o que tem de ser feito, deve sê-lo. A família Espírito Santo tem de responder judicialmente se for o caso. E tem de assumir os prejuízos, com os seus próprios bens. E nunca, em caso algum será aceitável que o ónus desta actuação criminosa na gestão de um Banco que terá um património próximo de cinquenta por cento do PIB nacional, passe para um povo já tão massacrado.
Por isso dá vontade por vezes de se ser Islandês...
Se fosse Governo, não hesitaria em tomar medidas, sobre este caso e sobre prevenção de futuros outros, que aí virão não tarda. Medidas exemplares, mesmo inovadoras a nível mundial.
Este é um caso de Governo e um caso de Estado! O Governo tem de assumir as rédeas deste processo e não as deixar para puras autoridades financeiras. É um caso de uma dimensão e que envolve uma família que anos afim se auto-institui de uma superioridade imerecida. A nosso história de novecentos anos não se pode compadecer mais de uma impunidade sobre gente desta índole.
Passos Coelho que não duvide. Irá ficar inevitavelmente ligado ao tratamento que der a este BES. Era bom que o sentido de Estado, a responsabilidade com ter de mudar esta Democracia doente, esta identificação passiva com gente desta natureza e carácter, fossem os seus pensamentos nos próximos tempos.
Mas o que fizer este Governo, com tudo isto, o marcará. Num ou noutro sentido.
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