Economia com Justiça Social

A Crise abateu-se sobre Portugal com uma força atroz e violenta, como em nenhum outro país europeu. Não bastam os comentários e elogios da nossa política, porque são sobre si mesmos, e porque pretendem justificar uma injustiça a que apenas escapam os mesmos que a crise alimentaram, dela vivem, ou com ela sobrevivem, sem grandes sobressaltos, e sem medo do presente e futuro.

Noutros países do Sul da Europa, a crise financeira, por razões idênticas nuns, e distintas noutros, e que ainda não foi totalmente superada, não tem os contornos que teve e tem em Portugal. Porque as causas, por cá não foram ainda desmontadas, e desintegradas. A nosso economia ainda continua na mesma linha de antes, em que a Banca a domina, e em que a própria sociedade no seu todo está em segundo plano.

Quando a economia devia servir a sociedade, em Portugal, temos a situação inversa. Este paradigma é a estrutura perversa que não nos deixa respirar ainda e nos estrangula o futuro. Porque a nossa política disto depende, porque os agentes políticos e económicos são os mesmos, com os mesmos interesses.

E de interesses se trata. Demasiados, com demasiados grupos, e mesmo que poucos, com a capacidade de domínio e estrangulamento de toda uma sociedade. Organizações pro-secretas, onde interesses mútuos se negoceiam e o controlo da economia se delineia.

Não há em Portugal uma genuína economia livre, nem muitas possibilidades de agentes novos no mercado se poderem desenvolver, sempre que interesses de grandes empresas e grupos quase anónimos se possam encontrar e, eventualmente competir. Estas competições são sempre desiguais, e perdem sempre os mesmos.

Mas há neste momento esperanças. Há grupos e programas de empreendedorismo social, que apostam num paradigma diferente, no sentido em que tenho defendido, precisamente para colocar objectivos sociais, pessoas, desenvolvimento real, crescimento, criação de riqueza concreta, e não concentrada nos mesmos de sempre, que farão surgir, esperando que vinguem, uma sociedade com outra justiça social.

Pena, por enquanto, que nem todos, por condicionalismo pessoais, os mais capazes se consigam inserir nesta nova economia emergente. Mas também podem haver esperanças, que se vão construindo.

É de uma nova economia assim, de um nova cultura social que Portugal precisa.

 

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