Portugal país valente e imortal

A Oposição diz que continuamos em crise. Ou seja, assume, nem diz muito. O Governo diz que estamos a sair da mesma. Claro que instituições que definiram e apoiaram a austeridade que ainda sofremos (pelos vistos para o Governo já não), concordam com o novo "despertar" de Portugal. Mas, rigorosamente, num assunto onde dificilmente pode haver rigor, o que define estarmos em crise ou não? Pires de Lima, incansável, e inegavelmente inteligente, tem-se desdobrado em esforços para demonstrar que estamos melhor, não bem, mas muito melhor. Rui Rio, não parece concordar, pelo menos pelas mesmas razões. Fala em crise política, ou crise da classe política actual. Bem...pelo menos alguma crise deve haver, pois poucos serão os portugueses que sentem estar já livres do sufoco em que estavam...há seis meses, ou nove. O que define estarmos em crise??? Coço a cabeça e...não consigo perceber como podemos estar ainda em crise, apenas porque ainda temos mais de um milhão de desempregados, e entre eles os mais jovens os mais afectados, e os mais velhos, os sem esperança. Não é já um milhão? São apenas 850 mil? Então..sim, saímos da crise. Deve haver um número qualquer que define saída dos problemas e da crise. O pior é para os que ainda ficam nesse desemprego que lhes retira quase toda a esperança e todos os direitos de cidadania, ainda se sentem bem enfiados no buraco do desespero. Mas deve haver um valor qualquer, fronteira entre crise e saída dela. E a desigualdade sentida, a barreira de acesso a patamares importante na vida? Como pôr filhos na Universidade, como aspirar a uma classe acima da da sua origem, a chamada mobilidade social, contribuição decisiva para a mitigação da desigualdade. Essa mobilidade é um dos factores que podem contribuir para uma sociedade mais interactuante do ponto de vista de participação cívica, mais criativa e geradora de novas oportunidades. Mas talvez, afinal, ela já esteja em grande velocidade, porque a crise terminou. E a maior subida de impostos de sempre, não em valor absoluto de cada um, mas pela abrangência, também não indica qualquer crise. Porque sentimos nós, pobres mortais, que olhamos para o alto da pirâmides, de onde quarenta séculos nos contemplam (como disse Napoleão em Gizé), e onde agora nos olham (sobranceiramente) os iluminados nossos políticos, que ainda não podemos ter uma vida normal, comer normalmente, sair de casa para um café com os amigos, e ter a extravagância de beber um vinho num restaurante? Ou mesmo o absurdo de fazermos um fim de semana com a(o) namorada(o), ou com os amigos? E porque os nosso filhos se queixam de tanta coisa, dificuldades com aquisição de livros para estudar, menos comida em casa, ou falta dela, roupas quase andrajosas...é o carácter caprichoso e culpa dos pais. Nem todos tivemos as inteligências brilhantes dos nossos políticos e empresários fantásticos, para sabermos educar os filhos, educar-nos a nós mesmos e vermos os mais do que evidentes sinais de fim da crise e da recuperação espectacular de Portugal, nação valente. Nobre povo.

Andam para aí uns malucos com a mania de mudar o Regime (mas eles referem-se ao alimentar), de renovar não sei o quê, de não confiar nem em Passos nem em Costa (mas Júdice diz que o melhor para governar Portugal é Costa. Ele sabe o que é governar? Pode ser. E ser governado? Duvido, pois sempre se "governou" bem), de não acreditar nos resultados brilhantes desta austeridade. Gente doida e mal agradecida a tais inteligências do PSD e do PS actuais. Temos, é claro, o contra poder. Sindicatos maravilhosos, de gente séria e profissional. Temos também o corporativismo médico, o jurídico e o dos professores, assim, de repente. E isso é a inveja da Europa. Ah! E o PCP, o único na Europa que ainda surge nos órgãos de comunicação. Isso sim, é bom.

Com todo isto, onde anda a crise? Só vejo excelência.

Nação valente e imortal (à venda aos chineses?).

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