A memória cada vez mais triste do 25 de Abril
Já escrevi e contei aos meus mais próximos, a minha experiência pessoal com o 25 de Abril de 1974. E como foi, nesse momento, um dia de esperança. Tinha 14 anos, mas despertava para a vida adulta, fruto da educação de consciência e responsabilidade que o meu pai nos deu, a mim e aos meus irmãos. Nesse dia, quis aprender tudo em pouco tempo, em poucos dias, ou horas. O que era a política, o mundo dos adultos, do trabalho e, sobretudo, o que era uma democracia e tudo o que lhe era alternativo.
Lembro-me de um livro que o meu irmão do meio, António, havia comprado, "Os 4 Ismos". Não posso dizer que um livro, apenas, me tenha ensinado muito sobre a política ou, mais importante, sobre o que um país livre deve ser e deve ter, para dar vida, todos os dias, liberdade e futuro, sempre respeitando as diferenças individuais, e a "cabeça" de cada um.
Passam este ano quarenta e nove (49!) anos de 1974 e mal consigo dizer ou pensar outra coisa, como que apenas recebemos o direito de expressão livre do que pensamos, mas pouco, muito pouco mais. Em quarenta e nove anos, mais do que o tempo em ditadura, Portugal ainda suspira pelos níveis de vida europeus. O país mais antigo da Europa, é o pedinte da Europa.
E tudo porque os portugueses se deixaram ficar nas mãos de um partido perverso e nada sério, e ainda profundamente incompetente, mas sobretudo interessado, como numa ditadura, na dependência do povo do Estado.
Meio século e não foi suficiente para um país se libertar de um Estado opressor e encontrar um rumo de progresso e de futuro para os seus descendentes.
Em 2023, não esperaria ainda que os meus filhos não vissem futuro e tranquilidade nas suas vidas, e ainda tivessem de pensar em ter de sair do país para terem uma vida normal e sem as atribulações e incertezas que todos, excepto os que vivem da política, têm.
Se em 1974 o 25 de Abril foi uma promessa de melhor vida, em 2023, passado meio século, o 25 de Abril é de maior incerteza.
Não me falem de comemorar uma data destas. Nem é aversão, é tristeza, e desconfiança nos próximos anos.
Ou Portugal muda os actores políticos actuais, ou nem em três gerações mais haverá vida normal, europeia, e futuro com confiança e segurança para os seus filhos.
Porque Portugal é hoje um país mais livre, ideologicamente, em termos de expressão de ideias, mas nada mais que isso. É um país tremendamente injusto e deve-o ao principal actor destas quase cinco décadas: o Partido Socialista.
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