Opiniões e ideias
O que é uma ideia e o que é uma opinião? Todos sabemos, provavelmente. Uns, até terão melhores palavras, melhor forma de explicitar o que uma e outra coisa são do que eu. Mas esta é a minha ideia, sobre as ideias e sobra as opiniões que temos, sobre acontecimentos, sobre projectos, planos e, claro, ideias.
Um ideia sobre alguma coisa, um objecto, um acontecimento, uma pessoa, muitas pessoas...é uma criação nossa, mental, e ainda vivida com o que ela nos transmitir fisicamente, visto que nas ideias, as emoções também estão presentes. Esta uma forma demasiado simplista e redutora, para intencionalmente simplificar, sem entrar numa das áreas de Conhecimento que mais aprecio e me fascina, a Filosofia.
Uma ideia existe, sem ter de se sujeitar a uma comprovação, ou mesmo a uma comunicação da mesma a outros. Não é por a termos apenas para nós, sem a escrevermos, o que tem, aliás, muitas limitações inerentes à nossa capacidade de materialização de ideias e da sua explicitarão, que a ideia deixa de existir. Mas é mais do que um pensamento, que pode, por assim dizer, ser um fragmento de uma ideia, ou um extracto dela. Nisto, alguns concordarão, outros logo discordarão. Normal.
O que me leva à Opinião. O que é, o que vale? Para mim é, sobre um pensamento e uma ideia, colocar o nosso apreço, ou desapreço, a nossa defesa, ou a nossa oposição. E porque são importantes? Para mim, de novo, porque são uma forma de participação, em algo muito para além de nós, uma contribuição, e esta não tem de ser sempre favorável ou construtiva, uma forma de pormos fora de nós o que nós somos, um passo nessa construção do que somos, também. Vale para um o que cada um entender, muitas vezes vale mais na forma como a expomos, do que no seu conteúdo, e, frequentemente, leva tanto a uma agregação de opiniões e pessoas próximas, como à divisão e afastamento. No que está mal, e nisto serei veemente, sem me importar um pouco que seja com opinião contrária, lá está, no que está mal é quando uma opinião leva a afastamento de pessoas que se respeitam, admiram ou mesmo têm alguma espécie de sentimento, de amizade, de consideração amistosa, de respeito social ou até de amor.
Uma opinião não deveria nunca afastar ninguém que nos seja próximo. Ao que chamo não apenas de tolerância, como de respeito numa atitude de consideração e cordialidade, ou mesmo, bem mais importante, numa atitude inteligente de nunca deixar deteriorar, ou mesmo destruir liminarmente, o valor das pessoas, para além, muito para além das opiniões, eventualmente divergentes. O que conta são mesmo as pessoas. E com elas, o valor das suas ideias, e das suas opiniões. O que conta até, é a capacidade de termos e de recebermos opiniões divergentes e não desrespeitarmos quem difere, nesse particular de uma mera opinião, mesmo sobre um assunto da maior importância, por qualquer razão que nada tem a ver com saber estar socialmente, emocionalmente e saber manter à nossa volta quem muito possa discordar de nós, como até concordar.
O que muito observo, numa frequência inesperada e, até, direi mesmo, doentia, é o uso das nossas opiniões para nos mostrarmos melhores, com mais razão, com maior conhecimento, ou com uma suposta, apenas suposta até prova em contrário, inteligência superior. E, pergunto, se nos enganarmos perante opiniões distintas, somos piores, somos inferiores? E se acertarmos, somos melhores, rir-nos-emos dos outros? E de que serve esse duelo, essa, direi, mania muito actual, de usarmos as nossas opiniões para demonstrarmos uma qualquer superioridade, uma razão de maior qualidade, uma frequência superior em acertarmos?
Onde anda a tolerância, o respeito pela inteligência dos outros, pelas manifestações das nossas inteligência e das nossas diferenças? Por acaso nos quereremos vangloriar de sempre convencermos outros por uma suposta superioridade? Por acaso acreditamos que por essa via teremos mais sucesso ou seremos mais felizes?
Que me importa ter razão se perder uma boa amizade, ou, em exagero, ou numa atitude de má gestão de emoções e de razão, perder um amor? Ou um simples relacionamento cordial, de respeito e admiração, que de simples nada terá, porque não tem de ser pior ou inferior a uma forte amizade, apenas sendo de qualidade individual inferior para nós, na comparação com relacionamentos sentimentais, obviamente.
Porque queremos atirar as opiniões aos outros, como quase de objectos se tratassem? Porque queremos a todo o custo mostrar a alguém que temos mais razão, ou apenas temos razão e outra pessoa não, em assuntos que nunca se poderão demonstrar, por se ficarem nesse muito rico campo da filosofia. E mesmo que se demonstrassem? Porque razão não nos incomodamos sequer em perder pessoas, porque ganhamos em opiniões?
Se dizemos que a sociedade tem evoluído, terá a nossa tolerância evoluído também, ou há momentos de regressão difíceis de entender? O espírito democrata por onde anda? Há quem me acuse de um aspecto, de uma opinião de que me defendo, com toda a convicção. De não aceitar opiniões de quem é comunista. Exactamente. Nem de quem é fascista. Exactamente. Porque vêm de quem nada aceita e até pretende eliminar, aniquilar, destruir, ridicularizar, mascarar, e recriar as minhas e as de todos, os não sejam como eles. Coisa que não discuto, por perder o meu tempo que muito estimo, é religião com religiosos, por ser ateu convicto e muito bem fundamentado. Coisa que não discuto é política com alguém que nunca aceitará sequer uma pequena fracção do que penso ou do que opino, por não aceitar sequer alguma coisa diferente do que pensa, como é o caso de um fascista, ou de um comunista. Discutir abertamente, filosófica e democraticamente, com cordialidade e educação dogmas com dogmáticos é desrespeitar-me e ao meu tempo e energia. E por em causa o que eu mesmo penso. Um comunista não deve fazer parte activa da participação democrática. Precisamente. Tudo o mais, quem de mim diferir mas se mantiver nos balizamentos da mentalidade democrática, são bem vindos.
E não usarei as minhas opiniões como pedras contra alguém, não farei delas uma arma de demonstração de uma nunca demonstrável superioridade e, sobretudo, não pretendo por em causa relacionamentos elegantes, educados, cordiais, de amizade e muito menos sentimentais, para "fazer valer" uma opinião, ou demonstrar razão, perdendo em tudo o resto que para mim conta bem mais!
Como costumo pensar e viver em conformidade, pouco me interessa ter razão, interessa-me bem mais ter resultados. Apreciar amizades e saber mantê-las pela vida, com tantos que são tão, mas tão mesmo, diferentes de mim, é um prazer e não um calvário. Apreciar relações ainda mais próximas, por força do valor delas, bem superior, ainda mais importante se torna. Não pretendo isolar-me dos outros mantendo uma opinião contra tudo e todos, mesmo que quando veicule as minhas, tenha apenas em conta o que penso, porque até sei que o que penso é todos os dias influenciado pelos outros e principalmente pelos que mais aprecio ou amo. E com todo o prazer o faço.
Era este o testemunho, num momento em que observo tanta gente a criar relações e comportamentos fraturantes e desenvolverem afastamentos, porventura irreversíveis, com prejuízo sempre de duas ou mais pessoas. Embora haja quem pense que só se prejudicam uns.
Ter razão conta tão pouco se perdermos as pessoas!
Um ideia sobre alguma coisa, um objecto, um acontecimento, uma pessoa, muitas pessoas...é uma criação nossa, mental, e ainda vivida com o que ela nos transmitir fisicamente, visto que nas ideias, as emoções também estão presentes. Esta uma forma demasiado simplista e redutora, para intencionalmente simplificar, sem entrar numa das áreas de Conhecimento que mais aprecio e me fascina, a Filosofia.
Uma ideia existe, sem ter de se sujeitar a uma comprovação, ou mesmo a uma comunicação da mesma a outros. Não é por a termos apenas para nós, sem a escrevermos, o que tem, aliás, muitas limitações inerentes à nossa capacidade de materialização de ideias e da sua explicitarão, que a ideia deixa de existir. Mas é mais do que um pensamento, que pode, por assim dizer, ser um fragmento de uma ideia, ou um extracto dela. Nisto, alguns concordarão, outros logo discordarão. Normal.
O que me leva à Opinião. O que é, o que vale? Para mim é, sobre um pensamento e uma ideia, colocar o nosso apreço, ou desapreço, a nossa defesa, ou a nossa oposição. E porque são importantes? Para mim, de novo, porque são uma forma de participação, em algo muito para além de nós, uma contribuição, e esta não tem de ser sempre favorável ou construtiva, uma forma de pormos fora de nós o que nós somos, um passo nessa construção do que somos, também. Vale para um o que cada um entender, muitas vezes vale mais na forma como a expomos, do que no seu conteúdo, e, frequentemente, leva tanto a uma agregação de opiniões e pessoas próximas, como à divisão e afastamento. No que está mal, e nisto serei veemente, sem me importar um pouco que seja com opinião contrária, lá está, no que está mal é quando uma opinião leva a afastamento de pessoas que se respeitam, admiram ou mesmo têm alguma espécie de sentimento, de amizade, de consideração amistosa, de respeito social ou até de amor.
Uma opinião não deveria nunca afastar ninguém que nos seja próximo. Ao que chamo não apenas de tolerância, como de respeito numa atitude de consideração e cordialidade, ou mesmo, bem mais importante, numa atitude inteligente de nunca deixar deteriorar, ou mesmo destruir liminarmente, o valor das pessoas, para além, muito para além das opiniões, eventualmente divergentes. O que conta são mesmo as pessoas. E com elas, o valor das suas ideias, e das suas opiniões. O que conta até, é a capacidade de termos e de recebermos opiniões divergentes e não desrespeitarmos quem difere, nesse particular de uma mera opinião, mesmo sobre um assunto da maior importância, por qualquer razão que nada tem a ver com saber estar socialmente, emocionalmente e saber manter à nossa volta quem muito possa discordar de nós, como até concordar.
O que muito observo, numa frequência inesperada e, até, direi mesmo, doentia, é o uso das nossas opiniões para nos mostrarmos melhores, com mais razão, com maior conhecimento, ou com uma suposta, apenas suposta até prova em contrário, inteligência superior. E, pergunto, se nos enganarmos perante opiniões distintas, somos piores, somos inferiores? E se acertarmos, somos melhores, rir-nos-emos dos outros? E de que serve esse duelo, essa, direi, mania muito actual, de usarmos as nossas opiniões para demonstrarmos uma qualquer superioridade, uma razão de maior qualidade, uma frequência superior em acertarmos?
Onde anda a tolerância, o respeito pela inteligência dos outros, pelas manifestações das nossas inteligência e das nossas diferenças? Por acaso nos quereremos vangloriar de sempre convencermos outros por uma suposta superioridade? Por acaso acreditamos que por essa via teremos mais sucesso ou seremos mais felizes?
Que me importa ter razão se perder uma boa amizade, ou, em exagero, ou numa atitude de má gestão de emoções e de razão, perder um amor? Ou um simples relacionamento cordial, de respeito e admiração, que de simples nada terá, porque não tem de ser pior ou inferior a uma forte amizade, apenas sendo de qualidade individual inferior para nós, na comparação com relacionamentos sentimentais, obviamente.
Porque queremos atirar as opiniões aos outros, como quase de objectos se tratassem? Porque queremos a todo o custo mostrar a alguém que temos mais razão, ou apenas temos razão e outra pessoa não, em assuntos que nunca se poderão demonstrar, por se ficarem nesse muito rico campo da filosofia. E mesmo que se demonstrassem? Porque razão não nos incomodamos sequer em perder pessoas, porque ganhamos em opiniões?
Se dizemos que a sociedade tem evoluído, terá a nossa tolerância evoluído também, ou há momentos de regressão difíceis de entender? O espírito democrata por onde anda? Há quem me acuse de um aspecto, de uma opinião de que me defendo, com toda a convicção. De não aceitar opiniões de quem é comunista. Exactamente. Nem de quem é fascista. Exactamente. Porque vêm de quem nada aceita e até pretende eliminar, aniquilar, destruir, ridicularizar, mascarar, e recriar as minhas e as de todos, os não sejam como eles. Coisa que não discuto, por perder o meu tempo que muito estimo, é religião com religiosos, por ser ateu convicto e muito bem fundamentado. Coisa que não discuto é política com alguém que nunca aceitará sequer uma pequena fracção do que penso ou do que opino, por não aceitar sequer alguma coisa diferente do que pensa, como é o caso de um fascista, ou de um comunista. Discutir abertamente, filosófica e democraticamente, com cordialidade e educação dogmas com dogmáticos é desrespeitar-me e ao meu tempo e energia. E por em causa o que eu mesmo penso. Um comunista não deve fazer parte activa da participação democrática. Precisamente. Tudo o mais, quem de mim diferir mas se mantiver nos balizamentos da mentalidade democrática, são bem vindos.
E não usarei as minhas opiniões como pedras contra alguém, não farei delas uma arma de demonstração de uma nunca demonstrável superioridade e, sobretudo, não pretendo por em causa relacionamentos elegantes, educados, cordiais, de amizade e muito menos sentimentais, para "fazer valer" uma opinião, ou demonstrar razão, perdendo em tudo o resto que para mim conta bem mais!
Como costumo pensar e viver em conformidade, pouco me interessa ter razão, interessa-me bem mais ter resultados. Apreciar amizades e saber mantê-las pela vida, com tantos que são tão, mas tão mesmo, diferentes de mim, é um prazer e não um calvário. Apreciar relações ainda mais próximas, por força do valor delas, bem superior, ainda mais importante se torna. Não pretendo isolar-me dos outros mantendo uma opinião contra tudo e todos, mesmo que quando veicule as minhas, tenha apenas em conta o que penso, porque até sei que o que penso é todos os dias influenciado pelos outros e principalmente pelos que mais aprecio ou amo. E com todo o prazer o faço.
Era este o testemunho, num momento em que observo tanta gente a criar relações e comportamentos fraturantes e desenvolverem afastamentos, porventura irreversíveis, com prejuízo sempre de duas ou mais pessoas. Embora haja quem pense que só se prejudicam uns.
Ter razão conta tão pouco se perdermos as pessoas!
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