Colecção Berardo
Confesso não ser um apreciador incondicional de tudo o que é arte contemporânea.
Talvez por não saber interpretar tudo o que dela vou vendo em exposições, ou talvez porque, como todas as formas de arte, de que necessitam de se conhecer os contextos, de ter sobre elas alguma formação mínima, ou ainda, de alguma forma termos sido criados ou vivermos num ambiente propício ao seu melhor entendimento.
Eu mesmo sou, nas horas livres, de necessidade ou de maior tranquilidade, uma espécie de pintor amador, que se aventura em novas experiências, mas tal não me habilita mais do que a outros, a melhor compreensão ou, na fase seguinte, admiração e prazer ou deslumbramento.
Não sendo avesso à “arte contemporânea” e, por outro lado, considerando a arte a forma suprema do conhecimento (nas suas vertentes e expressões mais diversas, sejam artes gráficas, cénicas ou outras), tenho de confessar que algumas obras de arte actual ou contemporânea me chocam pela explícita (mas nem sempre evidente) reduzida capacidade criativa.
É o caso de algumas, ou mesmo muitas das obras que fazem parte da reconhecida Colecção Berardo.
Dito isto, quero-me agora referir ao tratamento que, por parte do Governo e, em particular pela Ministra da Cultura, tem vindo a ser dado à referida colecção.
A Ministra, numa atitude socialista - retrógrada e provinciana, como se sabe foi sempre avessa à domiciliação da Colecção no Centro Cultural de Belém. Mas após uns tempos de incerteza o Primeiro-ministro forçou o acordo com o empresário proprietário da Colecção, que é apenas a mais importante da arte contemporânea alguma vez reunida por um português, e uma das mais importantes mesmo no plano internacional.
Após esse acordo prévio, era necessário estabelecer o protocolo escrito, para ser assinado entre Berardo e o Governo, pelo que o Ministério da Cultura (ainda estou para saber para que serve...) ficou de propor a forma, a “minuta” do mesmo.
Assim, a Ministra Isabel Pires de Lima tentou que, através do protocolo o espólio da colecção passasse para as mãos do Estado...!!!
Ou seja, que a colecção que durante anos foi, através de vultuosos investimentos, reunida pelo empresário, ficasse, por via de lhe ser cedido um espaço como o CCB (onde segundo Fraústo da Silva a colecção irá ocupar mais de oitenta por cento do espaço de exposições residentes, o que assim dito me parece demasiado...) nas mãos do Estado português... que nada fez até à data por ela, nem nunca fez por nenhuma que se lhe compare. Todas as grandes colecções existentes em Portugal sempre foram por privados reunidas e por privados conservadas, só começando por mudar este estado de coisas nos últimos anos.
Isabel Pires de Lima é apenas mais uma socialista que continua ater aquela visão de que ao Estado tudo pertence, ao Estado tudo tem de ser oferecido, numa lógica que só me oferece designar de estúpida, retrógrada, provinciana e típica de uma pessoa inculta!
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