Genial

Um jovem chinês, Zhao Bowen, um prodígio adolescente ainda, faz parte de um projecto que pretende descobrir o que faz com que certas pessoas sejam tão inteligentes. Como ele próprio. 

As ciências da mente fascinam-me. Sempre me intrigaram e atraíram. Volta e meia, leio algumas coisas sobre estes temas. Como consegue o nosso cérebro guardar memórias de décadas? Como consegue fazer deduções, tantas vezes com tão pouca matéria prima, tão poucos elementos? Como armazena memórias de aromas, de sabores, de sensações físicas, de experiências sensoriais? E de sentimentos? E compara tudo, com padrões e memórias armazenados.

Descobrir a razão pela qual algumas pessoas têm uma inteligência muito caia o normal, ou são mesmo geniais, pode, em si mesmo, não ser o mais importante projecto das neurociências, excepto se isso contribuir para revelar o que actualmente nem se imagina. Como a influencia do meio, uma ominarão única de genes dos progenitores, as escolhas elaboradas durante o desenvolvimento do cérebro, nos primeiros anos de vida, a exposição a um conjunto favorável e irrepetível de condições e circunstâncias.

Um projecto destes terá, porém outros méritos. Pode permitir outras descobertas, sobre o cérebro e o seu papel no todo que é um ser humano. O seu papel social, porventura.

Porque alguns de nós são mais aptos em dadas matérias? Gardner, um dos meus psicólogos de eleição, teorizou sobre as diversas formas de inteligência, diversas aptidões em indivíduos distintos, ou a combinação única num dado indivíduo, dessas materializações da inteligência.

Uma das mais fascinantes formas da inteligência conduz a realizações e sucessos, de quem a possui mais desenvolvida, mais aguçada. Inteligência social, de forma genérica. O sucesso profissional ou sentimental destas pessoas é reconhecível por quase todos nós. Há quem tenha desde muito cedo uma imensa capacidade para lidar com outras pessoas, usando de uma empatia invulgar, desembaraçando-se com grande facilidade em situações delicadas de cariz interpessoal. Algumas pessoas são incapazes de verter os seus sentimentos sobre s outros, criando laços, estabelecendo amizades ou relacoes sentimentais como se tal fosse a coisa is natural do mundo. Exprimir sentimentos por palavras, de forma sentida, sincera e frontal não é assim to comum. Não me refiro apenas a sentimentos amorosos, mas a manifestações de amizade, a expressões de reconhecimento. 

Essas expressões ou manifestações sentimentais, podem, é certo, materializar-se não apenas pelas palavras, mas o valor da palavra não deve ser minorado. É saudável para quem as exprime, é gratificante para quem as recebe.

Porque, então, alguns de nós nos manifestamos com mais sucesso nessas formas de inteligência, do que outros?

Claro que o projecto referido se centrara bem mais as capacidades abstractivas da inteligência do ue nestas formas, erradamente consideradas inferiores. A capacidade matemática, ou da compreensão das ciências puras e ditas superiores, pouco ou nada acessíveis à esmagadora maioria das pessoas estará no âmago da investigação de Zhao Bowen, mas o que for descoberto, se for, pode desvendar, como noutras investigações, a importância maior das inteligências "práticas" e não apenas das formas mais relacionadas com o que equivocamente se julga serem as superiores capacidades do nosso cérebro. 


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