Uma análise (sumária, pessoal e criticável) sobre a Bondade

Ser Bom.

Ser-se bom, em geral, diz-se, para os outros, uma das personificações do Altruísmo, mas não a única, só se torna possível se formos, antes, bons para nós mesmos. Começo por aqui, porque nunca concordei totalmente com isto. Mas em parte é verdade. Só que alguns exemplos históricos nos provam que não é bem assim.

Figuras históricas, como Mahatma Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Nelson Mandela (bem mais questionável, pelo menos na juventude), S. Francisco de Assis, Jesus Cristo (muito questionável neste caso, principalmente pela distância temporal e pelas lacunas nos registos, mas aceitemos que sim) deram prova de um altruísmo, completa ou quase completamente desprovido de interesses pessoal, de segunda intenção e, mais relevante, de interesse em si próprios e em sentirem-se, fazerem Bem a si mesmos. Diz-nos a história 'oficial' destas personalidades universalmente aceites como exemplos de 'Altruístas  famosos'.

Muitas outras personalidades lutaram e entregaram grande parte das suas vidas a Causas em prol de outros, de um grupo, de um país, de uma civilização, ou de uma ideia. Não sabemos se todos o fizeram por puro altruísmo.

Temos, por outro lado a ideia de que o altruísmo é sempre mais benéfico, mais positivo, e superior, ao egoísmo e a formas mistas e intermédias. Para mim, em parte é verdade, mas nada é assim tão preto e tão branco.

Algumas pessoas conhecidas como altruístas ganharam também com essa imagem que de si construíram. E nem sempre é certo que o tenham feito desinteressadamente.

Mas a Bondade é muito mais do que o altruísmo em si mesmo. E o altruísmo é muitas vezes um princípio filosófico, um sistema de regras e um programa estabelecido para a vida, bem mais do que uma forma banal, básica e terrra-a-terra de vivência. Altruístas como Teresa de Calcutá, ou mesmo Gandhi, que nem sempre o foi, foram-no em prol de um conjunto de regras, um sistema, e um modo de vida em conformidade com ele, sistema, que definiram e impuseram a si mesmos. Um dos altruístas mais famosos e mais antigos, foi, talvez, Buda,  o Gautama. Mas hoje, o nosso olhar a esta distância da história e dos acontecimentos não nos permite uma análise fidedigna e rigorosa, de um Buda ou de um Jesus Cristo. Algumas destas personalidades podem ter tido um segundo interesse, político, social ou até pessoal que desconhecemos.

Voltando à ideia de 'faça o melhor a si mesmo, para poder fazer bem aos outros'. E a outra, bem mais consensual, de que fazer Bem, serve a uns e não a outros, e o mesmo Bem pode prejudicar outros, bem mais do que beneficia uns... resta dizer que, por isto mesmo, a prática da Bondade, é tão questionável, mas obviamente mais simpaticamente aceite do que a Maldade (que, tal como a bondade, pode sê-lo para uns e não para outros).

Afinal, a história é prolífica em exemplos disto mesmo. A nível social, político, ou individual. Mas também o é, a História, um bom juiz, o melhor que se conhece, das atitudes e da vida de tanta gente, personalidades ou não. Mesmo que hoje, por interesse, ou por conforto, muitos queiram ignorar ou desprezar a História, como registo, ainda que não rigoroso, da vida e da evolução humana.

Certos estamos todos de que a Maldade é condenável e deve ser Condenada, e nem sempre o é. Porque o resultado é o prejuízo da maior parte de nós. E a Bondade o contrário. Em termos gerais, mesmo com a relatividade, acima 'analisada', de um e outro conceito.

Mas nem sempre estaremos seguros da prática de Bondade, que provavelmente a maioria de nós pretende e se proclama.

As religiões, que na minha opinião pessoal, são inúteis e ficcionadas criações dos Homens, têm, ainda assim, uma vantagem, não exclusiva no entanto, de, em geral, pretenderem caminhar numa prática de Bondade. Mas, também têm um historial de muita maldade, ainda que o digam ter feito em prol do Bem. Mas não. Também aqui, é relativa a prática do Bem, mas sei que isto é quase impossível de ser aceite pelos que sentem ser religiosos e vivem o seu Dogma, à sua maneira.

Mas o exclusivo do Bem não é propriedade de qualquer Religião.

Não há exclusivos, nem de Bondade, nem de Altruísmo, nem tão-pouco de egoísmo. Somos todos uma mistura de muitas coisas, com a excepção de algumas figuras, que usado a acepção filosófica pura e a vivência 'regrada' (regras auto-impostas e inflexíveis) foram mais altruístas, ou altruístas puros.

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