Valores 'tradicionais'
"...um mundo em transformação, onde os valores tradicionais da família e os afectos que nos tínhamos habituado a considerar mais estáveis resvalam, gradualmente, para um terreno movediço e irrespirável".
Da sinopse sobre um livro de Maria Teresa Horta, na Revista do C.Leitores. Ou como alguns de nós nos recusamos a viver, adaptando-nos ao presente, ao mundo actual, contribuindo sim, mas não na recusa do que hoje é o nosso meio e a nossa(s) sociedade(s). Pararmos no tempo, porquê? Se o mundo mudou, se os valores mudaram, tal como na adaptação das espécies, neste caso o Homem Social, ou se adapta, ou fica à margem. Uma forma de suicídio social silencioso e auto-recusado. Gente triste e, pior, pobre de intelecto...
Da sinopse sobre um livro de Maria Teresa Horta, na Revista do C.Leitores. Ou como alguns de nós nos recusamos a viver, adaptando-nos ao presente, ao mundo actual, contribuindo sim, mas não na recusa do que hoje é o nosso meio e a nossa(s) sociedade(s). Pararmos no tempo, porquê? Se o mundo mudou, se os valores mudaram, tal como na adaptação das espécies, neste caso o Homem Social, ou se adapta, ou fica à margem. Uma forma de suicídio social silencioso e auto-recusado. Gente triste e, pior, pobre de intelecto...
O Nosso Tempo, é o de sempre. Desde que nascemos, até o salto, lento ou brusco, para o Nada. O nosso tempo, não pode, ou não deve, ficar no passado, numa qualquer etapa da juventude, que faz tanto parte da nossa vida, na íntegra, como o dia de hoje, e o de amanhã. Estarmos menos activos fisicamente, ou menos intervenientes, consoante cada um de nós se coloca ou se insere no meio social, não é auto-suicídio obrigatório. Suicídio pode ser, se nos recusarmos a entender, primeiro, a aceitar, depois e a actuar num novo meio, num novo paradigma.
Os tais 'valores' tradicionais, podem até ser o dos jovens mais cordiais, mais atenciosos, meigos e próximos de nós, pais, avós, tios, ou o que sejamos. Podem até ser os de jovens e adultos jovens com mais propensão, ou prazer, pelas leituras, cultura, conhecimento, na forma clássica (literatura, história, filosofia, artes, etc), mas sempre haverão imensos com os mesmos interesses e vontades, embora também mais dedicados e conhecedores de novos meios, interesses e tecnologias. A avaliação, quando se cinge aos nossos mais próximos, pode cair no erro (que eu sei cometer tantas vezes, mais do que devia...) de afirmarmos que hoje se 'sabe menos' ou se 'tem menos interesse e gosto pelo conhecimento'. Mas é superficial passarmos, assim, um atestado de alguma incompetência cultural e, sobretudo, intelectual, aos nossos mais jovens, que o mesmo é dizer, ao nosso futuro.
Os Valores Tradicionais, também conduziram a crenças, a cultos e religiões, a ideais políticos utópicos e, frequentemente violentos. A guerras (se não existissem religiões, menos ou muito poucas guerras se teriam verificado...). A retrocessos na evolução social. A estagnação do desenvolvimento humano. A regressos ao passado, nunca proveitosos e, sempre, prejudicais. Um desperdício de tempo e de recursos humanos e sociais.
O Valores Tradicionais não são nada. Absolutamente nada. Até porque, aceitemos ou não, vão-se alterando. E a teima em certas tradições, sociais, políticas, religiosas em particular, só conduziu a mais estagnação cultural e estupidificação social.
Há valores mais ou menos comuns a todas as sociedades e que fazem parte de um certo 'bom senso' social, ou senso comum. Mas outros são culturais, ou civilizacionais e esses, são porventura os mais perigosos.
Por outro lado...esta mania de que sempre se caminha para uma dada 'desgraça', um momento qualquer futuro mais decadente do que o actual, com mais perfídia, mais maldade, menos humanismo...é falsa e ridícula. Uma boa reflexão, sem vestir 'camisolas' religiosas ou ideológicas, levaria sempre à conclusão de que o mundo, em geral, e as sociedades de matriz europeia-ocidental, têm vindo a evoluir num bom sentido, bem mais humano e justo (estes não são conceitos 'tradicionais' ou imbuídos de complexos religiosos. O Bem, não é propriedade de nenhuma religião. Mas a prática do Mal, já pode ser useira em muitas das mais universais religiões...). Ainda que, neste preciso momento, a mediocridade quase generalizada de dirigentes pol´ticos e religiosos, nos leve a pensar, e nos confunda, que hoje se está pior do que 'no nosso tempo' (uma piada de mau gosto...) ou em comparação com há trinta ou quarenta anos.
O único mal que vejo e o maior perigo, à continuação do nosso caminho de evolução humana é, precisamente esta ideia, anacrónica e muito superficial de defesa de valores (sejam eles 'cristãos', marxistas, de direita ou de esquerda, conservadores ou progressistas, sendo estes, todos, ridículos conceitos de filosofia de 'trazer por casa'. E sim, retrógrados.
Observemos o mundo, a começar por casa. Façamos os nossos juízos. Mas tentemos libertarmo-nos de complexos do passado, de conservadorismos (cuidado que hoje é tanto ou bem mais conservador o conceito auto-consentido e auto-catalogado de ser-se de 'esquerda' do que outra coisa qualquer. Mas há muitos que ainda não viram 'bem o filme'...). E saibamos viver neste mundo de hoje, como julgamos ter sabido no passad
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