Um Europa adiada. Duas explicações
A Europa em 2011 encontrar-se-á com alguns dos maiores problemas originados pelas (más) decisões dos últimos anos. A crise, que se iniciou fora da Europa, mas se intensificou por cá, com bases de germinação em Espanha- na bolha imobiliária mais grave da Europa-, na Irlanda - uma 'bolha' financeira e uma má gestão da Receita do Estado, e as especulações imobiliárias a jusante, e umas coisas mais- no Reino Unido, em França, com uma gestão político económica, socialista, por um Governo de 'Direita' e refém de um passado que teima em abandonar, fruto de complexos sociais sem mais razão de ser, e um pouco por todo o lado, na Alemanha, Portugal, numa Itália que persiste em viver nas nuvens e na ilusão populístico-poética.
Esta Europa enfrenta um drama essencial à prossecução do seu objectivo: crescer unida, mais homogénea, forte e ser o bloco económico e político dominante no mundo. Voltar a viver os dias de hegemonia do passado, que, ironicamente viveu em tempos bem conturbados, de guerras sucessivas e instabilidade contínua. Essa Europa das Monarquias, das Águias e dos Impérios coloniais, que descobriu o Mundo e o moldou como nenhuma outra região o fez, já só está nos livros de História. Agora, trata-se de encontrar o caminho, de novo, que um dia começou a traçar. Mas em 2011, encontra-se num dilema essencial: a continuidade do Euro.
Muitos atribuem as crises regionais, em diversos países europeus, iniciando-se pela Grécia, Irlanda, agora Portugal e Espanha, mas que se pode alastrar a uma Bélgica altamente endividada (e que já não domina, como o Luxemburgo, a antiga indústria do Aço, agora de domínio Indiano) e uma França que de cada vez que tem de pagar juros da sua dívida externa tem de o fazer a uma escala dez vezes superior a Portugal. Os países grandes, de grandes mercados, e ainda muito industriais, mas cada vez menos, também poderão este ano, ou no próximo, se não se tomarem medidas, ser tão atingidos como Portugal o está agora, com esta crise, verdadeiramente de credibilidade externa. Este é o problema número Um de Portugal, mas também de Espanha, da Irlanda, da Grécia e de todos os outros, pouco a pouco, por efeito de alastramento. O Euro, se falhar a capacidade de endividamento a países como Espanha, pode mesmo ser posto em causa. Ou a Europa, para o salvar, ter de obrigar países em crise acentuada (mas a crise atinge todos na Europa, com ainda a excepção de uma Alemanha que cresce um pouco), a saírem da 'zona euro', para eventualmente mais tarde poderem regressar.
Mas esta crise vem da mesma origem da que se iniciou nos EUA com os subprime? Ou será já consequência das erradas medidas que alguns Estados, com um despropositado optimismo e uma concepção anacrónica da Economia tomaram, desenterrando as teorias de Keynes? Os Estados europeus, mais os governados por Socialistas, adoptaram medidas de carácter keynesiano, com o 'intuito de relançar as economias', coisa que nunca veio a suceder, em nenhum dos países. Ao invés, agravaram-se os problemas financeiros, com crises de liquidez sucessivos, crescimento desmesurado das Dívidas dos Estados, e entrada num ciclo de desconfiança dos mercados financeiros. Que se fez? Acusaram-se os ditos 'mercados financeiros'. Os mesmos que nos têm financiado, desde sempre, a Dívida. E nos têm dado Crédito, para efectuarmos os mesmos exageros e disparates que sempre se fizeram em tempos socialistas. Obras públicas desnecessárias e exageradas, com a dupla intenção de 'deixar nome na história' e ajudar 'amigos e amigos de amigos', numa imensa rede de influências perversa, para que tudo venha um dia a ser pago por quem não devia de pagar nada: os contribuintes.
Esta visão, esta mediocridade, que se verifica um pouco em cada Estado europeu, excepção feita à Alemanha (ironia do destino, tem vindo a cumprir o sonho do Ditador sanguinário e desumano, Hitler, com o crescimento da sua hegemonia) não chegou aos nossos países por acaso.
Esta profunda mediocridade da classe política dirigente da Europa, mais acentuada nos países do Sul, é consequência de dois factores que hoje estão já presentes, mas que nos ameaçam ainda mais o futuro:
O Populismo e a Ausência de Guerras (quase ausência) desde 1945. Em tempos de Guerra, sempre surgiram grandes líderes, se não no plano económico, ao menos no político e ideológico. Líderes que congregaram em torno de si toda uma sociedade, um povo. Em tempos de guerra, o povo interessa-se e motiva-se e empenha-se. Participa. Ao participar, leva, de uma ou outra forma ao surgimento de outros líderes de grande qualidade, que fazem mover sociedades e as catalizam para profundas mudanças.
Exactamente o que estes actuais líderes (quase exagero o de assim os designar) não conseguem. Mas antes, afastam-nos a todos, da participação. A consequência: mais elementos medíocres, dos piores extractos sociais, sem escrúpulos e até corruptos mas, no mínimo, vazios de ideias e incompetentes, surgem na vida política e chegamos a este lamaçal quase sem saída evidente.
Depois, o fenómeno, paralelo, aliás, do Populismo. Em Itália está já no Poder há algum tempo. E, precisamente por isso, de Itália nos chegam estudos científicos, de universitários insuspeitos, sobre este fenómeno, que em alguns países é transversal, noutros levou a que surgissem Partidos e Movimentos que foram ganhando expressão crescente. Em França com Le Pen, mas na Bélgica, na Holanda, na Alemanha, na Áustria, no Reino Unido, na Suécia, enfim...um pouco por todo o lado, os Demagogos da Política têm conquistado lugares nas respectivas Assembleias democráticas, conseguindo por via democrática o que Hitler tentou pela força. E o Populismo não é de 'Direita' ou de Esquerda. É transversal também nesse âmbito. Precisamente porque carece de base ideológica. Apenas segue os caminhos que a intangível 'opinião pública' parece querer ouvir.
Dizem muitos académicos da área sociológica e política que o Populismo é o fenómeno e a expressão política mais forte do futuro. Sendo certo que já o é em muitos países, dentro e fora da Europa. Pode encerrar em si mesmo, muitos riscos. O menor dos quais o de não ter rumo, nem objectivo. O de não nos levar a coisa nenhuma. O maior deles, o de nos conduzir, regionalmente, ou não, a novas formas de Ditadura.
A somar a estes riscos para a Europa, cresce um fenómeno que nos irá transformar em termos sociais e sobre o qual já antes aqui escrevi: as migrações cada vez mais a pressionarem as sociedades europeias. A transformação da Europa Cristã (eu não sou religioso, sou simplesmente e serenamente Ateu) numa Europa quer Islâmica, quer Budista (as migrações chinesas podem ainda intensificar-se bem mais, não resolva a China o seu problema Político e social nos próximos dois a três anos). A Desertificação do Norte de África, e as migrações consequentes.
A Pressão Demográfica às portas da Europa, será, a par do Populismo e do Marasmo das nossas sociedades, no nosso maior problema como europeus. E este 2011 é já o primeiro ano de teste.
Esta Europa enfrenta um drama essencial à prossecução do seu objectivo: crescer unida, mais homogénea, forte e ser o bloco económico e político dominante no mundo. Voltar a viver os dias de hegemonia do passado, que, ironicamente viveu em tempos bem conturbados, de guerras sucessivas e instabilidade contínua. Essa Europa das Monarquias, das Águias e dos Impérios coloniais, que descobriu o Mundo e o moldou como nenhuma outra região o fez, já só está nos livros de História. Agora, trata-se de encontrar o caminho, de novo, que um dia começou a traçar. Mas em 2011, encontra-se num dilema essencial: a continuidade do Euro.
Muitos atribuem as crises regionais, em diversos países europeus, iniciando-se pela Grécia, Irlanda, agora Portugal e Espanha, mas que se pode alastrar a uma Bélgica altamente endividada (e que já não domina, como o Luxemburgo, a antiga indústria do Aço, agora de domínio Indiano) e uma França que de cada vez que tem de pagar juros da sua dívida externa tem de o fazer a uma escala dez vezes superior a Portugal. Os países grandes, de grandes mercados, e ainda muito industriais, mas cada vez menos, também poderão este ano, ou no próximo, se não se tomarem medidas, ser tão atingidos como Portugal o está agora, com esta crise, verdadeiramente de credibilidade externa. Este é o problema número Um de Portugal, mas também de Espanha, da Irlanda, da Grécia e de todos os outros, pouco a pouco, por efeito de alastramento. O Euro, se falhar a capacidade de endividamento a países como Espanha, pode mesmo ser posto em causa. Ou a Europa, para o salvar, ter de obrigar países em crise acentuada (mas a crise atinge todos na Europa, com ainda a excepção de uma Alemanha que cresce um pouco), a saírem da 'zona euro', para eventualmente mais tarde poderem regressar.
Mas esta crise vem da mesma origem da que se iniciou nos EUA com os subprime? Ou será já consequência das erradas medidas que alguns Estados, com um despropositado optimismo e uma concepção anacrónica da Economia tomaram, desenterrando as teorias de Keynes? Os Estados europeus, mais os governados por Socialistas, adoptaram medidas de carácter keynesiano, com o 'intuito de relançar as economias', coisa que nunca veio a suceder, em nenhum dos países. Ao invés, agravaram-se os problemas financeiros, com crises de liquidez sucessivos, crescimento desmesurado das Dívidas dos Estados, e entrada num ciclo de desconfiança dos mercados financeiros. Que se fez? Acusaram-se os ditos 'mercados financeiros'. Os mesmos que nos têm financiado, desde sempre, a Dívida. E nos têm dado Crédito, para efectuarmos os mesmos exageros e disparates que sempre se fizeram em tempos socialistas. Obras públicas desnecessárias e exageradas, com a dupla intenção de 'deixar nome na história' e ajudar 'amigos e amigos de amigos', numa imensa rede de influências perversa, para que tudo venha um dia a ser pago por quem não devia de pagar nada: os contribuintes.
Esta visão, esta mediocridade, que se verifica um pouco em cada Estado europeu, excepção feita à Alemanha (ironia do destino, tem vindo a cumprir o sonho do Ditador sanguinário e desumano, Hitler, com o crescimento da sua hegemonia) não chegou aos nossos países por acaso.
Esta profunda mediocridade da classe política dirigente da Europa, mais acentuada nos países do Sul, é consequência de dois factores que hoje estão já presentes, mas que nos ameaçam ainda mais o futuro:
O Populismo e a Ausência de Guerras (quase ausência) desde 1945. Em tempos de Guerra, sempre surgiram grandes líderes, se não no plano económico, ao menos no político e ideológico. Líderes que congregaram em torno de si toda uma sociedade, um povo. Em tempos de guerra, o povo interessa-se e motiva-se e empenha-se. Participa. Ao participar, leva, de uma ou outra forma ao surgimento de outros líderes de grande qualidade, que fazem mover sociedades e as catalizam para profundas mudanças.
Exactamente o que estes actuais líderes (quase exagero o de assim os designar) não conseguem. Mas antes, afastam-nos a todos, da participação. A consequência: mais elementos medíocres, dos piores extractos sociais, sem escrúpulos e até corruptos mas, no mínimo, vazios de ideias e incompetentes, surgem na vida política e chegamos a este lamaçal quase sem saída evidente.
Depois, o fenómeno, paralelo, aliás, do Populismo. Em Itália está já no Poder há algum tempo. E, precisamente por isso, de Itália nos chegam estudos científicos, de universitários insuspeitos, sobre este fenómeno, que em alguns países é transversal, noutros levou a que surgissem Partidos e Movimentos que foram ganhando expressão crescente. Em França com Le Pen, mas na Bélgica, na Holanda, na Alemanha, na Áustria, no Reino Unido, na Suécia, enfim...um pouco por todo o lado, os Demagogos da Política têm conquistado lugares nas respectivas Assembleias democráticas, conseguindo por via democrática o que Hitler tentou pela força. E o Populismo não é de 'Direita' ou de Esquerda. É transversal também nesse âmbito. Precisamente porque carece de base ideológica. Apenas segue os caminhos que a intangível 'opinião pública' parece querer ouvir.
Dizem muitos académicos da área sociológica e política que o Populismo é o fenómeno e a expressão política mais forte do futuro. Sendo certo que já o é em muitos países, dentro e fora da Europa. Pode encerrar em si mesmo, muitos riscos. O menor dos quais o de não ter rumo, nem objectivo. O de não nos levar a coisa nenhuma. O maior deles, o de nos conduzir, regionalmente, ou não, a novas formas de Ditadura.
A somar a estes riscos para a Europa, cresce um fenómeno que nos irá transformar em termos sociais e sobre o qual já antes aqui escrevi: as migrações cada vez mais a pressionarem as sociedades europeias. A transformação da Europa Cristã (eu não sou religioso, sou simplesmente e serenamente Ateu) numa Europa quer Islâmica, quer Budista (as migrações chinesas podem ainda intensificar-se bem mais, não resolva a China o seu problema Político e social nos próximos dois a três anos). A Desertificação do Norte de África, e as migrações consequentes.
A Pressão Demográfica às portas da Europa, será, a par do Populismo e do Marasmo das nossas sociedades, no nosso maior problema como europeus. E este 2011 é já o primeiro ano de teste.
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