Justiça e alguma hipocrisia


Há anos que vimos a assistir a este desfile de hipocrisias, vaidades, falsas virtudes, inverosímeis preocupações e muito tempo perdido a nós e a eles mesmos, por parte dos nossos políticos tão provincianos, quanto anacrónicos e ...inúteis.

Muito bem! O casamento entre homossexuais ficará hoje autorizado e resolvido. Resolvido este 'grave' problema da nossa sociedade! Por mim, não só acho, sinceramente, que fica, assim, desfeita uma injustiça, como este assunto, tal como outros ainda por solucionar, faz parte do 'dossier' ( e não 'dossiê', porque não me obrigo a mim mesmo a acordos ortigráficos que alterem a forma de escrever que aprendi, impostos por meia dúzia de políticos, com a complacência de outros que, de incultos, nem sabiam o que pensar do assunto. Concordância na lingua, sim, feita de forma natural, ao longo do tempo, com tempo e com as pessoas que a utilizam diariamente, como sempre deve evoluir, ou regredir, uma grande lingua como a nossa) do "Estado a meter o nariz onde nunca devia ter metido". Acho pois muito bem que os homossexuais queiram casar e a mim isso nem me interessa, nem me meto no assunto. Já se fosse homossexual, talvez me metesse. Não sei. Sei que esta é a típica matéria (vou agora ser, uma vez mais, politicamente incorrecto, privilégio de escrever num blogue e não ter responsabilidades políticas ou sociais) de 'nojo', desculpem-me a rudez e agressividade do termo.

Matéria de nojo, porque têm, alguns ou muitos, heterossexuais 'nojo dos homossexuais e estes, daqueles. Em geral, porque em particular, pode assim não ser. Mas por, em geral, assim o ser, e porque nestes temas ditos controversos vem sempre à baila a tradicional tradição portuguesa, a chamada 'moral' ( e bons costumes) desses execráveis tradicionalistas católicos, pseudo-religiosos ou não, mas pseudo- moralistas por regra. Contra eles, cá estou eu, também por regra. Por assim ser, e por eu ser, mais uma regra, defensor de muitas liberdades e deste teor em especial, ou seja, de temas em que o Estado e as religiões, ou seitas, que são todas, mesmo as que assim não se julguem, tem, historicamente metido a pata onde não devia ter metido nunca (assuntos de casamento, divórcio, vida privada, vida sexual, vida íntima, mentalidades, crenças, mesmo as religiosas, ou essas por força maior, convicções, etc. Enfim tudo o que não assalte e violente a liberdade e integridade, física ou intelectual de cada um, não deve NUNCA o Estado, o nosso ou outro qualquer, ter absolutamente NADA a dizer e muito menos a Legislar. Nada!

Por isso, os meus parabéns ao PS por ter tido a iniciativa legislativa de terminar com um 'estigma' (termo exagerado, reconheço) da impossibilidade de os homossexuais se casarem. Mesmo que, por se perceberem homossexuais, e o reconhecerem e assumirem, tenham eles mesmo em tempos, fugido do casamento. Ainda assim têm o direito a casar-se se bem o entenderem. E quem sou eu, um membro do nosso Estado, como todos nós e 'vocês', para o questionar ou impedir! Mas, disto isto...

Que importância tem o assunto, num país em agonia, precisamente neste momento? E não será que o PS pretende, como tem sido tantas vezes o seu comportamento e postura, fazer 'bandeira' de direitos humanos que dá com uma mão e tira com outra? Daí a hipocrisia, gritante, de que falava... Um Estado, pela mão de um partido, que concentra numa só pessoa o poder discricionário de outorgar licenças a jornalistas... que concentra numa só pessoa os poderes de investigação e actuação policiais, qual poder ditatorial... que interfere em órgãos de comunicação privados, que interfere em bancos privados... em construtoras, em tudo quer o Estado e o seu governante máximo meter a mão e determinar, assim, condicionar com esta violência o nosso caminho e a nossa vida!

Mas ainda bem que o assunto surge já agora, neste momento, em início de 2010. Assim, já não haverá desculpa para, com outros assuntos, importantes ou não, mas seguramente não prioritários (com a minha experiência, boa ou má, em empresas independentes dos Estados, e não só do nosso, há muito que aprendi que não se deve deixar de fazer o prioritário apenas porque há muitos assuntos importantes, mas não de primeira prioridade).

Espero que, efectivamente, se vão resolvendo injustiças, ou falta de justiça (o que não sempre, exactamente, a mesma coisa) mas que... se metam a caminho para resolver outras, talvez mais gravosas e maior impacte:

  • a pobreza social crescente
  • o endividamento injusto de tanta gente: que está a braços com taxas de juros, por penalização dos credores, bancos e entidades financiadoras várias, de mais de 24%!!!
  • a inversão do caminho de empobrecimento geral do país, rumo a uma bancarrota sem regresso;
  • a inversão da asfixiante endividamento do Estado, com o comprometimento do nosso futuro;
  • a inversão do caminho da asfixia fiscal dos portugueses;
  • a inversão da já tradicional tendência de sermos os desgraçados da Europa, os 'criados' dos espanhóis, alemães e outros, os escravos sem voz e sem direito a direitos, ou opinião;
  • o embrutecimento geral do nosso povo, com a ajuda das maravilhosas estúpidas Tv's, como as TVI's e SIC's, como um conjunto de mais de dez novelas diárias e mais de sete ao final do dia;
  • o respeito por todos os interessados e intervenientes no processo educativo (alunos, os primeiros interessados, pais, os segundos e, professores, os terceiros)- não apenas com a 'entrega incondicional dos nossos filhos nas escolas públicas, sem que nos dêem o direito de questionar o Estado sobre coisas como a perda de tempo e recursos que implicam matérias inúteis e ineficientes como Francês (em vez de Espanhol por exemplo), Edcação Visual (que nada ensina e nem sabe ensinar), Geografia (três anos lectivos seguidos com a mesma matéria, em esgotante repetição), Educação musical (que não ensina música mas põe jovens a cantarem coisas infantis e ridículas, sem instrumentos que não sejam uma flauta de plástico de péssimo som), Educação Física que não põe jovens a melhorarem a condição física mas que os afasta do desporto, até pela ausência de uma coisa essencial, a competição...etc, etc
  • Etc...
Trabalhem senhores políticos e senhores do Estado com garantia de emprego que hoje é um luxo de poucos!

Comentários

Anónimo disse…
Para que saiba, vou lendo com atenção todos os seus posts. BPG

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