Acordo do desacordo
Nos últimos dias voltámos a assistir a uma (limitada, infelizmente) discussão (quase, pretensamente) nacional discussão sobre o Acordo Ortográfico. Pretende o Governo, o PS e o Ministro da Cultura, de quem alguém havia esperado muito de bom e eu, talvez já bem mais (tristemente, talvez) céptico sobre individualidades ligadas a um Partido conservador, obtuso, monárquico, fechado, arreigado a tradições pouco democráticas, narcisista, arrogante, totalitário (no sentido de abranger sobranceiramente as ideias e opções em lugar dos outros), plano (no sentido de básico, sem rugas ou irregularidades saudavelmente dissidentes internamente) sempre disse que este Ministro seria ainda pior do que a anterior.
Pretende-se, pois, que com este Acordo, a língua se tornará mais entendível, homogénea, plana (lá está…) regulamentada (a pior das ideias precisamente sobre uma língua como veículo base fundamental de uma cultura) e universal (idêntica a “plana” no pior sentido, esmagadora das importantes e enriquecedoras diferenças, devidas a diferenças e separações geograficamente explicadas), entre todos os países da nossa mais essencial expressão comunicativa.
Ora, pus-me a interrogação, subvertendo a moral socialista de aniquilar de vez com a maldita tendência de nos darmos á liberdade de pensarmos por nós mesmos, de para que serviria e a quem, este Acordo do desacordo.
E neste libertário contexto, da minha inteira e por enquanto lícita vontade de pensar por mim, surgiram-me as perguntas e ideias, menores já se vê, que passo e expor. Interessa a quem? Ao Brasil, claro, pela norma geral que pautou o mesmo, onde quase tudo se submete à forma escrita praticada naquele, obviamente respeitável e obviamente soberano país. Em particular às editoras brasileiras? Imagino que no Brasil se pense que sim. Mas sobre estas mesmas, que pensará um português interessado em livros, literatura, leituras e cultura? Logicamente, considera indiferente. Porquê? Porque, como pessoa interessada e informada, tanto lê a grafia portuguesa continental, como a não oficial dos arquipélagos portugueses, a do Brasil, a de Angola, Timor e de todos ou quase todos os outros países desta (quase) rica comunidade do nosso idioma.
Qual o problema então e, por consequência, necessidade que alguns (uma comissão minoritária de ditos ilustres linguistas, uma partido básico e de incultos, um conjunto imagina-se que representativo de editoras das Terras de Vera Cruz) vêm neste obtuso Acordo? Precisamente a dificuldade de um povo com ainda manifesto desinteresse cultural e pouca ginástica mental tem, em entender outras formas do mesmo idioma, que não a sua.
Façamos o filme do futuro próximo. O Acordo é ratificado, para o que já se usou da pouco democrática e muito arrogante estratégia de o poder ser através de apenas três países, num contexto de oito, e assim se abrem portas mais facilitadas à exportação editorial brasileira para Portugal e para outros países lusófonos (interessante chamar-se de lusófonos, num contexto de americanização da nossa língua e até me leva a pensar se a expressão Língua Portuguesa faria sentido aos mentores do Acordo, antes dele…Existia ou não como língua, com as ainda actuais diferenças? Então se existia e a ela correspondia um identidade cultural, razão aliás que levou à constituição da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa, PALOL…que se passou entretanto, para agora se sentir esta urgente necessidade de acordar, entre um grupo mínimo de ilustres, por cima de todo um povo que diariamente usa a língua, a retirada de uns ‘c’ e ‘p’ que, dizem não estão lá para nada. Mas se estão para nada, então também podem ficar…). Com esta exportação da muito poderosa actividade editorial do Brasil - menciono sempre apenas Brasil por ser evidentemente o mais interessado – dentro de pouco tempo muitos de nós, mais jovens e susceptíveis, estarão não apenas a escrever acto sem ‘c’, como a dizer “nós temos de i, vixe?” ou “Falou, cara!”, o que considero absolutamente lindo e esclarecedor para um país de língua portuguesa europeia, que se foi construindo pela riqueza cultural nutrida com séculos de expansão e assimilação de diferenças, agora submetido, ao seu oposto. Ao contrário da riqueza das diferenças: à uniformização imposta. Lindo!
Que se assimilem expressões africanas e brasileiras por efeitos de globalização ou degradantes efeitos televisivos, ainda entendo. Esse é um processo bem mais natural e equivalente, quase, á nossa muito portuguesa miscigenação cultural e humana.
Mas, estabelecer uma imposição de escrita e, pior, todo u conjunto de vocábulos brasileiros, por Decreto, a um povo que nem foi consultado, considero de facto (perdão de fato, quase que teríamos esta forma escrita mas ainda nos livrámos desta) uma afronta a todos nós.
Não temos de aceitar, e eu pessoalmente nunca aceitarei, estas novas regras de escrita, porque não assimilo a arrogância de uma minoritária comissão de linguistas nem a votação de uma assembleia, sobre a vontade de um país, ou seja de um Estado de Direito, que somos nós. Este sim seria motivo de um referendo.
O que aí vem com este Acordo imposto não são apenas uma mínimas regras de ortografia, mas um imenso conjunto lexical, mesmo que conhecido dos mais informados, estranho para nós nos nossos hábitos diários.
Na diferença cultural e linguística subsiste a nossa riqueza e quem procura leituras, entende as diferenças. Quem não as procura, será confundido e subvertido por uma cultura alienígena do outro lado do Atlântico.
É esmagadora esta arrogância e não me chega a atitude pseudo-esclarecida do Ministro Pinto Ribeiro para me convencer de coisa alguma. Não irei escrever brasilês.
Já o disse há dias na TSF e insisto: Não há necessidade deste Acordo, não há urgência e é perverso o seu efeito.
(O texto é estrutural e lexicalmente complexo? Pois que o leiam no Brasil…Perdoem-ma a arrogância, mas pelo menos eu peço desculpa e não os nossos funcionários, empregados e pagos por nós, que tudo, leoninamente, nos querem formatar e impor. Os nossos governantes socialistas)
Pretende-se, pois, que com este Acordo, a língua se tornará mais entendível, homogénea, plana (lá está…) regulamentada (a pior das ideias precisamente sobre uma língua como veículo base fundamental de uma cultura) e universal (idêntica a “plana” no pior sentido, esmagadora das importantes e enriquecedoras diferenças, devidas a diferenças e separações geograficamente explicadas), entre todos os países da nossa mais essencial expressão comunicativa.
Ora, pus-me a interrogação, subvertendo a moral socialista de aniquilar de vez com a maldita tendência de nos darmos á liberdade de pensarmos por nós mesmos, de para que serviria e a quem, este Acordo do desacordo.
E neste libertário contexto, da minha inteira e por enquanto lícita vontade de pensar por mim, surgiram-me as perguntas e ideias, menores já se vê, que passo e expor. Interessa a quem? Ao Brasil, claro, pela norma geral que pautou o mesmo, onde quase tudo se submete à forma escrita praticada naquele, obviamente respeitável e obviamente soberano país. Em particular às editoras brasileiras? Imagino que no Brasil se pense que sim. Mas sobre estas mesmas, que pensará um português interessado em livros, literatura, leituras e cultura? Logicamente, considera indiferente. Porquê? Porque, como pessoa interessada e informada, tanto lê a grafia portuguesa continental, como a não oficial dos arquipélagos portugueses, a do Brasil, a de Angola, Timor e de todos ou quase todos os outros países desta (quase) rica comunidade do nosso idioma.
Qual o problema então e, por consequência, necessidade que alguns (uma comissão minoritária de ditos ilustres linguistas, uma partido básico e de incultos, um conjunto imagina-se que representativo de editoras das Terras de Vera Cruz) vêm neste obtuso Acordo? Precisamente a dificuldade de um povo com ainda manifesto desinteresse cultural e pouca ginástica mental tem, em entender outras formas do mesmo idioma, que não a sua.
Façamos o filme do futuro próximo. O Acordo é ratificado, para o que já se usou da pouco democrática e muito arrogante estratégia de o poder ser através de apenas três países, num contexto de oito, e assim se abrem portas mais facilitadas à exportação editorial brasileira para Portugal e para outros países lusófonos (interessante chamar-se de lusófonos, num contexto de americanização da nossa língua e até me leva a pensar se a expressão Língua Portuguesa faria sentido aos mentores do Acordo, antes dele…Existia ou não como língua, com as ainda actuais diferenças? Então se existia e a ela correspondia um identidade cultural, razão aliás que levou à constituição da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa, PALOL…que se passou entretanto, para agora se sentir esta urgente necessidade de acordar, entre um grupo mínimo de ilustres, por cima de todo um povo que diariamente usa a língua, a retirada de uns ‘c’ e ‘p’ que, dizem não estão lá para nada. Mas se estão para nada, então também podem ficar…). Com esta exportação da muito poderosa actividade editorial do Brasil - menciono sempre apenas Brasil por ser evidentemente o mais interessado – dentro de pouco tempo muitos de nós, mais jovens e susceptíveis, estarão não apenas a escrever acto sem ‘c’, como a dizer “nós temos de i, vixe?” ou “Falou, cara!”, o que considero absolutamente lindo e esclarecedor para um país de língua portuguesa europeia, que se foi construindo pela riqueza cultural nutrida com séculos de expansão e assimilação de diferenças, agora submetido, ao seu oposto. Ao contrário da riqueza das diferenças: à uniformização imposta. Lindo!
Que se assimilem expressões africanas e brasileiras por efeitos de globalização ou degradantes efeitos televisivos, ainda entendo. Esse é um processo bem mais natural e equivalente, quase, á nossa muito portuguesa miscigenação cultural e humana.
Mas, estabelecer uma imposição de escrita e, pior, todo u conjunto de vocábulos brasileiros, por Decreto, a um povo que nem foi consultado, considero de facto (perdão de fato, quase que teríamos esta forma escrita mas ainda nos livrámos desta) uma afronta a todos nós.
Não temos de aceitar, e eu pessoalmente nunca aceitarei, estas novas regras de escrita, porque não assimilo a arrogância de uma minoritária comissão de linguistas nem a votação de uma assembleia, sobre a vontade de um país, ou seja de um Estado de Direito, que somos nós. Este sim seria motivo de um referendo.
O que aí vem com este Acordo imposto não são apenas uma mínimas regras de ortografia, mas um imenso conjunto lexical, mesmo que conhecido dos mais informados, estranho para nós nos nossos hábitos diários.
Na diferença cultural e linguística subsiste a nossa riqueza e quem procura leituras, entende as diferenças. Quem não as procura, será confundido e subvertido por uma cultura alienígena do outro lado do Atlântico.
É esmagadora esta arrogância e não me chega a atitude pseudo-esclarecida do Ministro Pinto Ribeiro para me convencer de coisa alguma. Não irei escrever brasilês.
Já o disse há dias na TSF e insisto: Não há necessidade deste Acordo, não há urgência e é perverso o seu efeito.
(O texto é estrutural e lexicalmente complexo? Pois que o leiam no Brasil…Perdoem-ma a arrogância, mas pelo menos eu peço desculpa e não os nossos funcionários, empregados e pagos por nós, que tudo, leoninamente, nos querem formatar e impor. Os nossos governantes socialistas)
Comentários
Depois disso quem é que vai querer aprender da 'maneira antiga', especialmente nunca tendo tido contacto com ela? é mesmo para impor às novas gerações.
Obrigado pelo comentário. Mas aí está o acordo-já nem merece maiúscula- e já nem se fala mais..aliás temos, os carneirinhos do costume, de falar é pior!
Por mim, tudo fica igual na língua! Não serão uns incultos arrogantes que me fazem uma inversºao de cultura que eu não escolhi e para a qual não me consultaram.
Resta ainda saber como pagou o Brasil este acordo...