Tu
Há dias em que me meto a ler, embrenho-me o mais que o meu esforço me permite. Mas passado algum tempo regressa a desconcentração. Volto então onde já estive, ao meu caderno de escrita. Por uns breves segundos olho o papel, as linhas vazias, e, sei que me sairá alguma coisa, um texto…mas não, não o texto que quero, não o que queria dizer-te.
E, afinal, posso escrever o que bem me apetecer, fazer jogos de palavras que joquem contigo. Porque, afinal, tu não sabes se é contigo que comunico. Sei que pensas que és o objecto dos meus textos, mas escrever, tem destes luxos, destes privilégios. Não sabes, não se sabe, para além de mim mesmo, se me dirijo a ti.
Claro que sempre me dirijo a ti. Ou sim? Mas a quem, de facto? A ti que mereces os meus textos, mesmo que, apenas, quando eles são algo de razoável? Ou … a ti que não queres saber de mim? Ou a ti que nem me lês?. Pois o meu refúgio é este. Escrevo e falo para um “tu” quem nem tu sabes se és tu, ou se até mesmo existes. O privilégio do escritor, mau como eu, ou bom, como tantos outros.
Não sei por vezes o que te diga, ou o que diga mais, do que já dito foi. Ou podia dizer uma dessas milhares de coisas que ficaram sempre em suspenso. Em aberto. Ou que já não serão ditas. Mas outras melhores podem sê-lo. Ou as que nunca chegaram a ser ditas, porque o “tu” podes ser bem outra pessoa, que não a que me lê. Podemos fazer de conta que “tu” já és do meu circulo real de amigos e não parte de um qualquer virtual pensamento meu. Ou és mesmo, ou já foste, e ainda és. Ou ainda serás.
Afinal, tudo o que queria era escrever-te, sem escrever nada. Porque nada tinha para te dizer. Não que não tenha, mas porque…
Escrever sem conteúdo pode significar o mesmo que escrever com profundos significados, pois, como se viu…tu leste…e pensaste…que queria ele dizer, que não disse…
No fundo, não disse mesmo nada. Mas todos ficámos a pensar. Eu, que nada escrevi, mas estive constantemente a pensar em ti. Mesmo que “tu” enquanto ser, não o sejas. Tu, que me leste até ao fim sempre de pensamento juntinho ao meu.
Pensar tem tantas vezes bem mais significado e valor do que falar, não tem? E pensar e ti, e tu em mim…mais do que valor, tem sentimento. Tudo o que é assim, entre dois entes, tem sentimento, seja lá o que isso quer dizer. Ou não. E isso, sim, vale por todas as palavras que te pudesse dizer.
Mas também posso ter escrito, apenas para não te dizer nada, porque não quero. Porque não tenho para te dizer, ou porque acho que não mereces ouvir, ler… OU eu não te mereço. Mas assim, estivemos os dois em comunicação. Não?
E também provei, parece-me, salvo a presunção...que não há mesmo pensamentos negativos. Ou seja, inexistentes. E muito menos sobre ti. Porque o “tu” tens de existir, ou não te havia escrito. Ou pensado em ti, para te vir escrever. Só que não sabes quem és. Quem és…este “tu” do meu não-texto. E eu, sei?
Mas tu, sabes de quem falo. Porque é de TI
E, afinal, posso escrever o que bem me apetecer, fazer jogos de palavras que joquem contigo. Porque, afinal, tu não sabes se é contigo que comunico. Sei que pensas que és o objecto dos meus textos, mas escrever, tem destes luxos, destes privilégios. Não sabes, não se sabe, para além de mim mesmo, se me dirijo a ti.
Claro que sempre me dirijo a ti. Ou sim? Mas a quem, de facto? A ti que mereces os meus textos, mesmo que, apenas, quando eles são algo de razoável? Ou … a ti que não queres saber de mim? Ou a ti que nem me lês?. Pois o meu refúgio é este. Escrevo e falo para um “tu” quem nem tu sabes se és tu, ou se até mesmo existes. O privilégio do escritor, mau como eu, ou bom, como tantos outros.
Não sei por vezes o que te diga, ou o que diga mais, do que já dito foi. Ou podia dizer uma dessas milhares de coisas que ficaram sempre em suspenso. Em aberto. Ou que já não serão ditas. Mas outras melhores podem sê-lo. Ou as que nunca chegaram a ser ditas, porque o “tu” podes ser bem outra pessoa, que não a que me lê. Podemos fazer de conta que “tu” já és do meu circulo real de amigos e não parte de um qualquer virtual pensamento meu. Ou és mesmo, ou já foste, e ainda és. Ou ainda serás.
Afinal, tudo o que queria era escrever-te, sem escrever nada. Porque nada tinha para te dizer. Não que não tenha, mas porque…
Escrever sem conteúdo pode significar o mesmo que escrever com profundos significados, pois, como se viu…tu leste…e pensaste…que queria ele dizer, que não disse…
No fundo, não disse mesmo nada. Mas todos ficámos a pensar. Eu, que nada escrevi, mas estive constantemente a pensar em ti. Mesmo que “tu” enquanto ser, não o sejas. Tu, que me leste até ao fim sempre de pensamento juntinho ao meu.
Pensar tem tantas vezes bem mais significado e valor do que falar, não tem? E pensar e ti, e tu em mim…mais do que valor, tem sentimento. Tudo o que é assim, entre dois entes, tem sentimento, seja lá o que isso quer dizer. Ou não. E isso, sim, vale por todas as palavras que te pudesse dizer.
Mas também posso ter escrito, apenas para não te dizer nada, porque não quero. Porque não tenho para te dizer, ou porque acho que não mereces ouvir, ler… OU eu não te mereço. Mas assim, estivemos os dois em comunicação. Não?
E também provei, parece-me, salvo a presunção...que não há mesmo pensamentos negativos. Ou seja, inexistentes. E muito menos sobre ti. Porque o “tu” tens de existir, ou não te havia escrito. Ou pensado em ti, para te vir escrever. Só que não sabes quem és. Quem és…este “tu” do meu não-texto. E eu, sei?
Mas tu, sabes de quem falo. Porque é de TI
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