Ensino Artístico
A propósito da ‘reforma’ (esta moda de chamar reforma a tudo, é mais uma das manias socialistas, de a tudo tentar dar uma ideia da profundidade de medidas, verdadeiramente, avulsas, as quais se mudam várias vezes, para não correr riscos a tempo de ir a votos e sondagens) sobre o ensino da música, especializados versus ensino integrado, lembrei-me da miséria que graça no ensino do desenho e pintura, designado de educação visual (impropriamente, pois nesse caso deveria abranger ensino de outras artes visuais, como escultura, fotografia, vídeo, etc.
Quando as nossas crianças são pequeninas, antes de irem para o pré-escolar, ou infantil, um dos seus maiores prazeres é desenhar e pintar. Assim que chegam ao ensino básico - outra designação com que não concordo, visto que básico num país que se quer mais preparado, bem formado e culto até, esse ‘básico’ deveria chegar até ao 10º ano de escolaridade – desaprendem quase na totalidade o pouco e rudimentar que antes haviam aprendido: não se lhes ensina a desenhar, para o que existem técnicas adequadas, e muito menos a pintar, para o que, em geral, nenhum professor formado numa escola de Belas Artes não tem preparação.
Há anos frequentei um curso de técnicas de pintura e entre todas as colegas - todas mulheres, professoras do Básico ou Secundário - uma ou duas conheciam os materiais, e muitas eram pintoras, ou os sabiam adequadamente utilizar. O professor, nesse curso, um excelente Mestre uruguaio, mostrava-se atónito com o desconhecimento demonstrado por tantas professoras e asseverava que noutros cursos por ele ministrados, o panorama era o mesmo.
Uma das coisas mais frequentes no ensino primário é fornecer às crianças crayons de cera para pintarem a seco. Um material fabricado para ser usado com um diluente que, obviamente, não pode ser utilizado por crianças, dada a sua toxicidade. Pintar a cores a seco, por crianças, só com lápis seco. Pastel seco que liberta muito pó, não pode, igualmente ser fornecido a crianças, e até o seu preço seria proibitivo em escolas públicas, pelo menos.
Mas há matérias muito mais inofensivos pouco explorados nas nossas escolas e poucos serão os professores habilitados a ensinar a desenhar ou pintar, pois a sua formação é artística e não pedagógica. E até nas escolas de Belas Artes são vítimas de um ensino demasiado estigmatizado por ideias absurdas de uma criatividade com pés de barro, estereotipada por conceitos artísticos e ideológicos distorcidos e elitistas.
E do ensino artístico ainda há muito para falar. Estranha ‘reforma’ que não destaca o ensino da dança, das artes cénicas, da escrita criativa. Por aqui se vê como sofrem de dependência mediática os nossos políticos, no que à Educação e à Cultura dizem respeito.
As modas pseudo-democráticas do PS são uma infelicidade fora de tempo, uma contracorrente com os países com mais tradições e sucessos reconhecidos nestas áreas, como uma Áustria, Alemanha, Suíça, França Reino Unido, Itália, Espanha, USA, países nórdicos, Argentina, Chile e Japão.
Mas repare-se que de outros partidos pouco se ouve. Estarão ainda vivos? Onde pára o PSD? Alguém sabe deles?
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