Marinho Pinto, Corrupção ou Tráfico de Influências



Já tanto se escreveu sobre corrupção em Portugal.

Agora comenta-se sobre as declarações do Bastonário da Ordem dos Advogados. Para uns um escândalo, pela forma, para outros pelo conteúdo (atentatório da intocável dignidade dos políticos. Mas tal dignidade tem, efectivamente, se ser merecida, e não se a tem apenas pelo cargo que se ocupa!)

O Bastonário Marinho Pinto, foi de facto bastante bombástico, mas, para mim, mais no estilo do que no conteúdo. De qualquer forma, há que se provar acusações, para que não se tornem gratuitas, e não se comprometa, assim, o autor das mesmas. Ou então não é correcto e, pior, não são atingidos os objectivos, perfeitamente legítimos e nobres, de denúncia de situações e de pessoas, cuja gravidade de actos nos atingem a todos, por terem implicações profundas nos bens do Estado que, afinal, são propriedade colectiva de todos os portugueses contribuintes cumpridores.
Mas, primeiro erro, governos como este, e políticos como os da nossa triste actualidade, confundem-se e pretendem confundir Estado, dom Administração do Estado. E, em consequência, sentem-se mais do que simples administradores, com o deve legítimo de cuidar dos nossos bens colectivos, proprietários legítimos dos mesmos. E, assim a arrogância, que no caso português, tem séculos de uso e abuso, que nos toma a todos como potenciais imbecis e, frequentemente, gente de quem se deve desconfiar, como potenciais criminosos, contra quem sempre será necessário legislar e controlar.
O Big Brother de Orwell foi inventado em Portugal, já nos idos tempos da Monarquia, e perduram os mesmos abusos ainda em pleno séc. XXVI.

Marinho Pinto exagerou no tom e no estilo, e foi inconsequente com muito do que disse. Mas a atitude que tomou foi de inovadora e reconhecida coragem, num país muito adormecido, social, política e até, psicologicamente. A importância do que disse perdurará muito para além do conteúdo e significado, responsável ou não das suas palavras. Num Portugal tão doente de letargia colectiva, de mansidão suicida, um homem com a posição Bastonário dos Advogados, já desempenhou bem mais o seu papel de cidadão, e, como tal de responsabilidade social, do que muitos de nós e, principalmente do que muitos dos que o acusam e procuram o seu homicídio social e profissional.

Uma das personalidades que mais se insurge, e tão veementemente o faz que já nem desconfiança nos provoca, mas uma impressionante certeza do seu insuspeito comprometimento político, e mais invectiva Marinho Pinto, é precisamente o antigo Bastonário da mesma Ordem profissional, José Miguel Júdice, senhor de atitudes indignas para quem tem um passado respeitável e uma actualidade, no mínimo desconcertante e, no mais justo juízo, uma desoladora colagem à mediocridade socialista.


E pela forma como pratica as suas discordâncias e até insulta o actual colega (desentendimentos antigos e inimizades não se devem misturar com observações sobre actividade profissional e o respeito pelos cargos, até se deve preservar, não?), já só há lugar a esta certeza: como pode um homem com um passado louvável e uma inquestionável inteligência e argúcia, estar tão comprometido com o escandaloso estado socialista, do senhor (desculpem-me …engenheiro, para o ser, tem de estar inscrito e activo numa Ordem ou organização profissional legalmente reconhecida…e projectos legais só os pode assinar quem em tais organizações faça parte!)


Aceito que personalidades de relevo e reconhecida intelectualidade que me merecem todo o respeito, sobre as quais sigo de perto os seus escritos e obra, como António Barreto - uma das poucas vozes livres deste Portugal amordaçado Pacheco Pereira ou pela mordacidade e acutilante inteligência, Vasco Pulido Valente, não se queiram identificar com o estilo de Marinho Pinto. Mas, tal como muito e muitos portugueses, pessoas simples ou diferenciadas, louvo e agradeço que ainda surjam pessoas como o Sr. Bastonário dos causídicos, para nos trazerem uma lufada de ar novo e, esperemos que purificante ou libertador, e nos renovem a esperança de sermos salvos de Sócrates e seus ministros menores, ou também da triste figura que se tem revelado ser Luís Filipe Menezes.


Não conheço português que não se sinta agradecido a Marinho Pinto.!

Moderem-lhe o tom, não lhe elogiem o estilo mas deixem-mo falar!


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