A Grécia é dos gregos, a Europa é de todos?
Grécia. Crise da Dívida grega. Crise das Dívidas soberanas. Alemanha. Europa...
O "assunto grego", como outros mais, divide opiniões, uma vez mais na dicotomia (que insisto como ridícula) de direita-esquerda. Por vezes, apetece-me rir. Mas o assunto não tem nada de engraçado. Por vezes apetece rir, pelo facilitismo com que se entregam tantos aos moralismos "financistas" versus "não pagaremos". A realidade, distante do drama humano sírio, do drama humano de todos os países sob o jugo do Estado Islâmico, da Al-qaeda, do regime russo..do regime chinês (que erradamente é dado como politicamente consensual e pacificamente aceite, como se a dissidência de opinião, de pensamento, já fosse aceite)...essa realidade grega, a do povo grego, merece-nos muito respeito.
Não alinho com o espírito "não pagamos", muito menos por preocupação para com os credores, ou forma institucionalizada de agiotismo, do que com a viabilidade futura, e próxima, de uma país que se financia no exterior, mas que não cumpre com os seus compromissos. O que dará sempre em drama acrescentado ao drama actual, para o mesmo povo. E não serei juiz de um povo, se é superior, se é inferior, se trabalha bem, ou mal, ou se trabalha ou não trabalha. Sobre esse assunto, as opiniões, polémicas, terão de ficar nos bastidores, em casa.
Sobre os Governos gregos, todos maus, a coisa é bem outra. Nem um soube gerir uma oportunidade histórica. E, nesse aspecto, têm os credores razão. Com a Grécia, como com Portugal, um pouco menos com Espanha e o mesmo com Itália. Mas claro que, as diferenças carecendo de explicação complexa e exaustiva, também os "ricos" andaram a portar-se mal. Diferença essencial: podem ter dívida maior, mas o problema está, apenas, no pagamento dela, melhor, na garantia desse pagamento. Para ela, garantia, o essencial é ter uma Economia. Um país que funciona.
Outro assunto, igualmente complexo, é o da necessidade de termos sempre que crescer, um país, uma região, uma empresa, e até nós, pessoas (fosse hoje viável, e não um assunto de pura fé...). Simplificando muito, o crescimento sustenta a garantia de dívida e pagamento regular a credores, sustenta a melhoria de condições de vida e convergência com os mais ricos, sustenta a criação de tudo o que um país não tem, ou tem de mau, e necessita ou anseia vir a ter. E muito mais. Mas sem ele, nada é viável. Daí o meu tema de há dias: finanças ou economia.
A Grécia tem sido mal gerida, e, entenda-se mesmo a custo e dor, que não é viável a algum credor seguir no financiamento de um país, que não apresenta nada mais que a continuidade do seu desregramento, do favorecimento de grupos, do enriquecimento do sistema da corrupção e da quase total ausência de alteração de ambiente económico. Ninguém investe em outro, em tal cenário e condições.
O outro lado é o da albanização da Grécia, que se vê arrastada para um recanto de pobreza e recuo no tempo, que teme e tem profunda inércia em aceitar. Coisa muito diferente para Portugal? Ou ...talvez não. Não me escapa da memória, os cenários de Jared Diamond no seu "Colapso". Devíamos muitos de nós ler essa obra.
Alguém sabe o que irá acontecer? É difícil imaginar que países como a França e a Alemanha deitem janela fora a oportunidade de virem a recuperar qualquer coisa como (mais de) 170 mil milhões, cada um. É difícil imaginar, ou seria, não fosse o Syriza quem é, um Governo decidir um suicídio de todo o seu povo, pelo lado económico e social. Mas a possibilidade é real. E entre os dois extremos, muitos cenários, podem acontecer. Muito duro de aceitar, de entender sequer, é o abdicar de uma soberania e o sujeitar a toda a espécie de insultos, por parte de cada uma das pessoas que fazem parte desse mundo grego. Mas, pouco a pouco, afinal, também a nós acontece. Dia a dia. E, no final, seremos apenas sobreviventes. Se estaremos todos nessa Europa que um dia nos pareceu um sonho de melhoria de vida e de futuro...não sei. Sabemos hoje que, por cá, um dia se morrerá mais cedo, e mais doente, por degradação das condições de vida. Nem imagino o que estão a passar gregos, numa sociedade com mais de 30% de desempregados, alguns, muitos, ainda a meio da vida, que nunca mais voltarão a trabalhar e nem o sabem. Ou olham para o lado. Ainda. É neste "diferente" que há tanto de "igual" com os outros dramas de povos escorraçados da vida pelas guerras e pelas ditaduras.
Vota-se num Partido de "esquerda" quando não acreditamos numa política austera, de austeridade, muito defendida pelos que vêm o emagrecimento económico, o empobrecimento colectivo, como o único caminho para continuarmos cá, vivos. Vota-se num de "direita" quando nos damos conta de quanto a "esquerda" adora uma demagogia que cada vez se compra menos, que nos pretende relançar de novo em mais endividamento, na loucura já sobejamente conhecida, da má gestão, pública e privada, do despesismo, da gestão das redes de influências e do poder da maçonaria, da politiqueira mania do relançamento económico por via do investimento público, normalmente supérfluo, mas que contrata muito amigo, e gasta sempre demasiado.
A saída...deve estar no abandono destas visões dicotómicas e estereotipadas, tão parvas como ineficientes, mas todas desastrosas nos dias que correm. O conservadorismo, o liberalismo, o capitalismo de ha anos não é hoje solução em quase lado algum. Mas o comunismo, o socialismo de medíocres, das redes de amiguinhos...nunca o será, igualmente e nunca em algum lado triunfou economicamente. Lamento que a verdade custe tanto, a tanga gente. Mas as utopias, hoje, não levam a nada. A realidade é dura demais.
E não. A Grécia não terá solução. Um drama para o povo que lançou o mundo na Democracia e na Civilização que conhecemos.
O "assunto grego", como outros mais, divide opiniões, uma vez mais na dicotomia (que insisto como ridícula) de direita-esquerda. Por vezes, apetece-me rir. Mas o assunto não tem nada de engraçado. Por vezes apetece rir, pelo facilitismo com que se entregam tantos aos moralismos "financistas" versus "não pagaremos". A realidade, distante do drama humano sírio, do drama humano de todos os países sob o jugo do Estado Islâmico, da Al-qaeda, do regime russo..do regime chinês (que erradamente é dado como politicamente consensual e pacificamente aceite, como se a dissidência de opinião, de pensamento, já fosse aceite)...essa realidade grega, a do povo grego, merece-nos muito respeito.
Não alinho com o espírito "não pagamos", muito menos por preocupação para com os credores, ou forma institucionalizada de agiotismo, do que com a viabilidade futura, e próxima, de uma país que se financia no exterior, mas que não cumpre com os seus compromissos. O que dará sempre em drama acrescentado ao drama actual, para o mesmo povo. E não serei juiz de um povo, se é superior, se é inferior, se trabalha bem, ou mal, ou se trabalha ou não trabalha. Sobre esse assunto, as opiniões, polémicas, terão de ficar nos bastidores, em casa.
Sobre os Governos gregos, todos maus, a coisa é bem outra. Nem um soube gerir uma oportunidade histórica. E, nesse aspecto, têm os credores razão. Com a Grécia, como com Portugal, um pouco menos com Espanha e o mesmo com Itália. Mas claro que, as diferenças carecendo de explicação complexa e exaustiva, também os "ricos" andaram a portar-se mal. Diferença essencial: podem ter dívida maior, mas o problema está, apenas, no pagamento dela, melhor, na garantia desse pagamento. Para ela, garantia, o essencial é ter uma Economia. Um país que funciona.
Outro assunto, igualmente complexo, é o da necessidade de termos sempre que crescer, um país, uma região, uma empresa, e até nós, pessoas (fosse hoje viável, e não um assunto de pura fé...). Simplificando muito, o crescimento sustenta a garantia de dívida e pagamento regular a credores, sustenta a melhoria de condições de vida e convergência com os mais ricos, sustenta a criação de tudo o que um país não tem, ou tem de mau, e necessita ou anseia vir a ter. E muito mais. Mas sem ele, nada é viável. Daí o meu tema de há dias: finanças ou economia.
A Grécia tem sido mal gerida, e, entenda-se mesmo a custo e dor, que não é viável a algum credor seguir no financiamento de um país, que não apresenta nada mais que a continuidade do seu desregramento, do favorecimento de grupos, do enriquecimento do sistema da corrupção e da quase total ausência de alteração de ambiente económico. Ninguém investe em outro, em tal cenário e condições.
O outro lado é o da albanização da Grécia, que se vê arrastada para um recanto de pobreza e recuo no tempo, que teme e tem profunda inércia em aceitar. Coisa muito diferente para Portugal? Ou ...talvez não. Não me escapa da memória, os cenários de Jared Diamond no seu "Colapso". Devíamos muitos de nós ler essa obra.
Alguém sabe o que irá acontecer? É difícil imaginar que países como a França e a Alemanha deitem janela fora a oportunidade de virem a recuperar qualquer coisa como (mais de) 170 mil milhões, cada um. É difícil imaginar, ou seria, não fosse o Syriza quem é, um Governo decidir um suicídio de todo o seu povo, pelo lado económico e social. Mas a possibilidade é real. E entre os dois extremos, muitos cenários, podem acontecer. Muito duro de aceitar, de entender sequer, é o abdicar de uma soberania e o sujeitar a toda a espécie de insultos, por parte de cada uma das pessoas que fazem parte desse mundo grego. Mas, pouco a pouco, afinal, também a nós acontece. Dia a dia. E, no final, seremos apenas sobreviventes. Se estaremos todos nessa Europa que um dia nos pareceu um sonho de melhoria de vida e de futuro...não sei. Sabemos hoje que, por cá, um dia se morrerá mais cedo, e mais doente, por degradação das condições de vida. Nem imagino o que estão a passar gregos, numa sociedade com mais de 30% de desempregados, alguns, muitos, ainda a meio da vida, que nunca mais voltarão a trabalhar e nem o sabem. Ou olham para o lado. Ainda. É neste "diferente" que há tanto de "igual" com os outros dramas de povos escorraçados da vida pelas guerras e pelas ditaduras.
Vota-se num Partido de "esquerda" quando não acreditamos numa política austera, de austeridade, muito defendida pelos que vêm o emagrecimento económico, o empobrecimento colectivo, como o único caminho para continuarmos cá, vivos. Vota-se num de "direita" quando nos damos conta de quanto a "esquerda" adora uma demagogia que cada vez se compra menos, que nos pretende relançar de novo em mais endividamento, na loucura já sobejamente conhecida, da má gestão, pública e privada, do despesismo, da gestão das redes de influências e do poder da maçonaria, da politiqueira mania do relançamento económico por via do investimento público, normalmente supérfluo, mas que contrata muito amigo, e gasta sempre demasiado.
A saída...deve estar no abandono destas visões dicotómicas e estereotipadas, tão parvas como ineficientes, mas todas desastrosas nos dias que correm. O conservadorismo, o liberalismo, o capitalismo de ha anos não é hoje solução em quase lado algum. Mas o comunismo, o socialismo de medíocres, das redes de amiguinhos...nunca o será, igualmente e nunca em algum lado triunfou economicamente. Lamento que a verdade custe tanto, a tanga gente. Mas as utopias, hoje, não levam a nada. A realidade é dura demais.
E não. A Grécia não terá solução. Um drama para o povo que lançou o mundo na Democracia e na Civilização que conhecemos.
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