Dívidas soberanas, Grécia e o Circo
Por regra e por princípio, acho que uma dívida deve ser paga. Seja privada, pública ou soberana (de um Estado). Porque quem paga as suas dívidas ganha direito ao "bom nome", junto dos seus credores. O que lhe pode servir de imagem prestigiada (todos teremos dívidas, uma ou outra vez), principalmente se estivermos a falar de um Estado.
Mas parece-me que há muitos equívocos sobre o assunto das dívidas soberanas, especialmente (tal como a nível privado, ainda há quem pense ser muito grave ter uma divida, quando a gravidade está, apenas, em ter dificuldade ou impossibilidade em conseguir pagar. A dívida de um Estado reveste-se de outras particularidades. Porque, desde já, todos os países têm dívida, ou são muito raros os que têm uma situação de folga financeira, sem dívida e até de superavit, ao contrário de deficit.
Os equívocos são diversos, mas referir-me-ei apenas a alguns. Primeiro, as origens das dívidas soberanas. São diversas. Normalmente têm muito a ver, regra geral, com a necessidade (ou não) de um país ter de efectuar investimentos públicos (e privados) a um nível que ultrapassa a sua capacidade de pagar, a um ritmo, a uma passada, igual ou próximo do seu crescimento económico. E acresce, e muito, o seu nível de despesa. Normalmente, a origem se encontrando nas decisões políticas (que não questionarei agora). Quase nenhuma força política escapa a uma quota de responsabilidade sobre a contracção de (mais) dívida ou sobre os excessos descontrolados com o mesmo efeito. Não vem, também, neste texto, ao caso.
Acontece outro facto, embora nunca assumido por forças políticas mais conservadoras, que se "sentem e julgam de direita" (nessa lógica infantil de 1789, e nessa inexplicável, entediante e alergogénica ideia de pertencer a um grupo, a todo o custo, quase a procurar na cor da pele, na dos vasos sanguíneos, ou na forma de vestir o seu enquadramento ideológico. Por parte de quem, não tendo ideias, julga ter ideologia. Mas com ter ideologia, estou perfeitamente de acordo, ser de "direita" ou de "esquerda" é tão idiotazinho...que...me fico por aqui. Uma fantasia com trezentos anos): as dívidas cresceram por interesse, instigadas e estimuladas, por quem tinha e tem interesse nas mesmas. Mas acontece que, por "serem de direita", algumas pessoas julgam ter de defender o ponto de vista da Finança, do sector financeiro, ou, em geral, como o circo português nos demonstra (seguindo os passos do circo europeu e internacional, aliás), porque lhe ficaria muito mal não estar do que pensam ser o "lado do capital". E que isso é aliás o seu elemento identificador da sua área política: estar sempre do lado do capital e da Finança. Lendas e mitos do passado enchem a cabeça a estes medíocres políticos europeus, começando numa Merkel, que, por isso mesmo a tenho apelidado de ridícula e infantil.
Passando ao "outro lado", que só assim o designo porque eles também têm essa necessidade hoje quase patológica (não pretendo confundir isto com convicções ideológicas auto-fundamentadas, por parte de gente inteligente, obviamente) de pertença. De pertence a um grupo, neste caso, de "esquerda". E isso, segundo eles, implica ser contra o Capital, a Finança, os "ricos" e outras asneiras, surgidas de uma estereotipização (já aqui descrita) quase toda infantil, também, e seguidista, clubista, como a de "direita". Por estas razões é que tenho escrito um tanto sobre assuntos de neuro-ciências, ligados a actividades políticas, empresariais e até atitudes e opções pessoais, num escalonamento que me parece todos conhecermos.
Hoje era o circo português, sobre a dívida grega. Passos jura que nunca estará ao lado de iniciativas que tenham a ver com o "não pagamos". Assim se sentindo amigo da Finança. E toda a área "de esquerda" é agora syrizíca... Lindo, se não fosse um Parlamento eleito e pago por nós. Triste, por se parecer com um circo de idiotas. Que, assim reagindo, perpetuam a omissão ou a negação da procura de soluções. Soluções para que se evitem mais "investimentos públicos" como a Grécia já promete ir fazer e que a nada levam, se não a mais dívida. São sempre necessários, mas talvez alguém os tenha de pagar...
Se por exemplo, em Portugal, para o funcionamento do Estado são necessários oitenta mil milhões...e nem a setenta chegamos, fruto dos impostos e outras receitas do Estado, por incipiente, estagnado, crescimento económico...e ainda mais me apetece gritar ao ouvir Passos a falar de um crescimento anual de menos de um por cento (0.7 acho...) quando nem cinco seriam já suficientes e não por um ano apenas...
Ora, apetece-me lembrar que na "Finança", nacional e internacional, há gente de todas as ideologias, mas também dos interesses políticos: "esquerda", "direita", maçonaria, opus dei, bilderberg...etc. Não sendo, por isso, fácil de entender estas expressões descabidas de muitos políticos, que, num Parlamento defendem aquilo que em privado e nos grupos ou sociedades secretas terão de negar. Por isso lhe chamei circo.
Circo, neste monento inclui tanta gente, do Syriza à Merkel, do Jerónimo de Sousa e Catarina Martins ao Costa (que também deixou de ser Pazok para ser Syriza), de Passos a ...todos os que nos desfilam por estes dias de estupidez, na TV.
A Grécia elegeu quem quis, claro. Foi um processo democrático, pois. Serviu de alguma coisa? juro que não, mas logo muitos veremos isso...
A Europa continua na senda da Austeridade, pois. E também verão o efeito nefasto e demolidor ainda mais gravoso, e nem tardará muito.
O Circo continua, mas os palhaços já não alegram ninguém. Apenas desiludem.
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