Regime
Há momentos, há pessoas e há afirmações que me deixam perplexo. Leio, um pouco por aí, opiniões, umas citadas, outras em primeiro nome, de políticos sobre umas das discussões mais actuais a nível europeu. A discussao consubstancia-se numa necessidade, cada vez mais evidente e premente, e numa pergunta que vamos fazendo todos, pouco a pouco: o Regime que conhecemos e temos, serve hoje actualmente as populações, os cidadãos?
Quando Rui Rio pareceu ter uma ideia da necessidade de alteração do regime actual, foi entendido, como questionar a Democracia. Li sobre as ideias de Rio, mas não o ouvi em lado algum (claro UE alguém ouviu, eu não) por em causa o actual Regime Democrático.
Hoje, li o que escreveu Rui Moreira, ainda em estado de graça, o actual Presidente da Câmara do Porto, que anda muito activo a distribuir disparates. Um dia destes estampa-se numa ideia qualquer, uma opinião absurda, como quem anda em excesso de velocidade, quilómetros a mais. Segundo Moreira andam a por a Democracia em causa, ao falar em mudança de Regime. Mas não é ele apenas que assim pensa.
O que me surpreende, deixa mesmo perplexo é a esta educação política dos actuais políticos. Eu sei...sei que devia estar já avisado de que neste tempo quem aparece na vida política, será, com grande probabilidade mais um medíocre. Mas no caso de Moreira, ele é outros, ocupar-se está faz-se em demonstrar o seu superior rigor, a sua quase infalibilidade opinativa e operacional. Até um dia acordarmos com mais uma surpresa. Mas o que interessa agora é esta discussão do Regime.
Só por si, e contrariamente ao que muitos políticos dizem e gostariam, discutir o Regime é saudável. "Discuss" nessa língua com mais pergaminhos de Democracia do que a nossa é debater um assunto. E isso sempre foi saudável e expectável, uma essência da própria Democracia. Acho eu... Mas claro que os "instalados do regime" preferiam continuar assim, objecto de mordomias inaceitáveis e escolhas irresponsáveis. Podiam alguns, num inusitado esforço da inteligência, meter-se a pensar se eles mesmos não ficarão numa situação insustentável um dia destes, quando esta onda de alterações de Regime político varrer a Europa. Talvez Rio venha a demonstrar esta mesma inteligência, muito antes da inteligência (já duvidosa) de outros, muitos outros.
Repensar o Regime, pretender alterar de fundo, e profundamente, o actual Regime terá de significar por a Democracia em causa? Não! Um decisivo Não! Mas antes, defendê-lo e protegê-lo. Contra, precisamente, senhor Rui Moreira, populismos (já agora...dos quais o senhor não me parece nem distante, nem isento. Pareceu, sim. No início do seu mandato. Mas anda a dar tiros, sem conhecimentos de armas. A tal cultura política que falta a muita gente. Espero que não cultura democrática...).
O Regime precisa de profunda reforma, parece cada vez mais sustentável esta ideia. Não é por cá. É por toda a Europa.
As Democracias europeias tornaram-se reféns de Ricardos Salgados, e de uma Finança ainda muito mais poderosa do que o antigo "dono disto tudo". Tornaram-se hospedarias para oportunistas e corruptos, dentro dos regimes, do sistema político, e nas empresas. E, não nos iludamos, é só empresas que se alberga a mais poderosa e obscura corrupção. O ponto é que, como estamos, nem a corrupção pode ser investigada, combatida e estripada, os corruptos não aparecem um nunca são condenados. E a corrupção é o mais elevado custo de um Estado. Porque o dinheiro que por ela circula não é investido na Economia e não chega ao Estado. Só ele, seria suficiente para evitar qualquer resgate financeiro nos países onde este foi necessário.
Mas não é só o problema gigante e assustador da corrupção que ameaça estas Democracias europeias. É ainda um outro. A Desigualdade. Sim, a desigualdade, mesmo que muitos políticos (claro...) continuem a dizer que ela é natural. Será, pois. Mas nunca ao ponto de comprometer as possibilidades dos que são efectivamente capazes e funcionais, e se estrangule, assim, o desenvolvimento,humano primeiro, social, económico e tecnológico, depois.
A ausência ou a resistência das reformas das democracias na Europa, pode sim, por em causa a continuidade delas mesmas. Na continuidade do que agora temos, surgirão perigosos populismos, talvez muitos Berlusconis, ou Marinhos Pintos.
Os políticos no desejável e expectável futuro próximo, terão de ser mais comedidos, frugais,responsabilidadzados. E não como diz Rui Moreira, os eleitores também o devem ser. Isso sim, é Populismo. Mas seria necessário educação e cultura política, para o entender. Dificilmente seria entendido por quem foi eleito num clima de ressabiamento, precisamente anti político, logo populista.
Reformar este Regime salva-lo-á. O contrário, sentencia-lo-á. Nota final...há quem vá falando em Governo Mundial. George Orwell irá ter razão?
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