Oeiras: do melhor ao pior
Oeiras é uma Vila como tantas outras. Mas é também um tanto especial. Modernizou-se, em vários aspectos, em diversas áreas, urbanas e de actividades. Oeiras é hoje dado como o Concelho onde se auferem os mais elevados vencimentos, a nível nacional. Onde existem os maiores e mais importantes e, se calhar, mais organizados, parques empresariais. A grande maioria das multinacionais tecnológicas estão sediadas em Oeiras. E duas das nossas melhores Escolas Superiores. Mas Oeiras é também um Concelho de enormes contrastes e de profundas diferenças. Onde se encontra uma força de trabalho moderna e actuante, bem remunerada, também se podem ver no próprio Centro da Vila, onde outrora pugnava o Primeiro Marquês de Pombal e Conde de Oeiras, o homem forte do Reinado de D. José I, onde existia e existe o belo Palácio que a ele pertenceu e a poucos metros do mesmo, podem ver-se notas de descuido urbano, de incúria municipal. Não é Oeiras o único Município onde os edifícios devolutos pululam (neste Concelho até são bem menos do que noutros, bem mais ricos...) a par com modernos edifícios, ou com outros recuperados e de boa cara. Os contrastes em Oeiras, porém, persistem aos dias de hoje, mesmo apesar de nesta Vila e Concelho muito se ter feito, e muito pela mão do actual responsável camarário. Oeiras é também um município de belos jardins e parques públicos (onde, infelizmente se detestam cães e não se lhes permite a entrada e ...onde não se encontram tantas pessoas a passear como seria de esperar...) de alguma organização urbana, por vezes conseguida à custa de limitções exageradas, de regras despropositadas, quer para o trânsito, quer para os peões ( e para os cães) e onde, por essas razões, não há assim tantas condições de aproveitamento do espaço urbano, como seria de esperar. Onde o comércio está sempre nas vésperas de mais uma falência, de mais um negócio não aproveitado, porque o Centro desta Vila não é um espaço vivo e vivido pela população, residente ou visitante, mas antes um conjunto de ruas, com prédios decadentes, com fachadas sujas e sem comércio ou restauração, sem equipamentos de apoio às pessoas...um espaço fantasma, mesmo a horas de sol. Uma pena, num belo local, numa bela Vila.
Nem tudo é belo na Vila que se gaba de ser a mais rica do país. A que mais evoluiu em muitos contextos. Muito há para cuidar do espaço urbano, bem perto do Centro histórico e dos Palácios do Marquês de Pombal e Conde de Oeiras. Um Centro de Vila morto ao final de cada dia, com um comércio tradicional em grande parte decadente, sem equipamentos urbanos que sirvam residentes ou visitantes. Um conjunto de ruas que bem podiam ser mais vividas e que espelhasse o que o resto do Concelho se gaba de ser.
Lado a lado com edifícios recentes, encontram-se em Oeiras prédios devolutos que mancham a fama de que o Concelho se gaba. Podem ser interessantes para um fotógrafo, mas adequar-se-iam mais a uma cidade do Norte de África do que ao Município onde mais riqueza se produz por área, e por habitante. Podia, enfim, ser um exemplo, também a este nível, do cuidado urbano, dos espaços agradáveis e vivos, e não fantasmas, ao fim do dia, ou mesmo a horas laborais. Oeiras é mais um exemplo apenas, de muitos que por todo o país se encontram, onde se trabalhou bem e muito se fez, a muitos níveis, e que se modernizaram, mas que, também, nos últimos anos principalmente, se serviram muitas vontades, de interesses nem sempre coincidentes com os de espaços urbanos organizados, limpos, vivos e habitados, onde se estaria com prazer, para quem vive e para quem visita. Agora, com os tempos difíceis, nem quero imaginar o que pode vir a acontecer a espaços urbanos como este, do centro de Oeiras, ou de qualquer outro de qualquer município, por todo o país, numa altura em que os recursos serão muito, muito escassos.
Hoje, sente-se como muito positivo, todo o trabalho realizado neste belo Município, privilegiado, abraçando o rio Tejo, onde um magnífico 'paredão' é o lazer e o deleite de muita gente, residentes e não só. Onde se passeiam famílias, em grandes grupos, pessoas mais solitárias, entregues aos seus pensamentos, ou infortúnios, mas que ali, com a água e as praias, esquecem um nadinha das suas mágoas ou desilusões, ou, com mais energia, castigam o corpo, para lhe acrescentar em saúde, muitos , com espírito mais ou menos desportivo. É o espaço de lazer de eleição das gentes de Oeiras, graças à oportuna visão do seu gestor municipal.
Mas o Concelho carece de muito mais trabalho, talvez agora voltado para os pormenores, os detalhes que o consolidarão com a sua imagem de 'vanguarda' tão defendida pelos seus líderes políticos e gestores camarários.
O cuidado no arranjo do centro urbano, a sua limpeza, das ruas e das fachadas, a revitalização dos espaços públicos, com mais actividades e mais abertura e oportunidades a investidores no sector de restauração e de hotelaria, uma outra e mais eficiente, mais voltada para os utilizadores (não aprecio o termo utente, tão gasto por mentalidades sempre prontas a defender um inoperante e desequilibrado Estado-polvo...): um sistema de depósito e recolha de detritos mais consentâneo com uma Vila que se diz Europeia e moderna, onde cada um de nós não tenha de levar para casa manchas e cheirinhos desagradáveis dos respectivos contentores, ou mãos sujas por uma operação, em princípio, de 'limpeza'. Este sistema, com aberturas mínimas e ridículas nos contentores e com muito insuficiente número por todo o espaço urbano, não é compatível com 'uma preocupação para com os cidadãos, para com os habitantes' do Concelho dito mais moderno e rico do país...
Porque em Oeiras também há sítios e espaços tão belos como isto...
De uma janela assim se devia, a cada momento, abrir para um sol limpo, para uma Vila viva e bela, cheia de vida e de futuro, contemplar o nosso dia o nosso tempo, dito de modernidade e defendido como de qualidade...
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