O momento da Criatividade


Fizeram-me a graça da provocação da criatividade... o que me lembrou...

Mas esse é o dilema, apenas, dos criadores, o que não é o caso...acidentalmente.
Um criador tem, por vezes, muitas, demasiadas, segundo o próprio, momentos de “paragem”. De ausência, na criação. Ou, talvez, de recuperação.

O pintor perante a tela - ou papel, entenda-se - branca à sua frente. O escritor, perante o papel - ou monitor, mais modernamente. O escultor com os materiais que vai utilizar na sua obra, diante de si, sem lhes tocar, hesitantemente receoso.

O momento da “branca” vem destas ocasiões de (quase) paralisante falta de capacidade criativa. O momento que antecede o de maior produtividade, a partir do interior, da mente humana.
Terão muitos dos verdadeiros génios criadores, tido o momento da falta, momentânea de criatividade?

De Beethoven diz-se que teve os seus momentos de angústia. O sentimento ainda mais propiciador da paralisação criativa, que antecedeu maravilhosos outros momentos de enorme capacidade criadora, inovadora. Ele demonstrou que trabalhando num tema o trabalho criativo pode ser continuadamente prosseguido até ser atingido o estádio em que o artista, neste caso, considera a obra completa.

Emingway terá sofrido dessa ansiedade, ao viajar como o seu Moleskine, por Paris, Espanha ou Cuba? Terá ele aberto por diversas vezes o seu caderno de notas, voltando-o a fechar, com a frustração na alma?

Quantas vezes terá Van Gogh tentado iniciar uma nova obra e outras tantas desistido, para de novo atacar a tela?

Ou seria ele como um Mozart, de quem se diz que de uma “assentada” iniciava e terminava uma nova composição, ainda por cima completamente revolucionária e inovadora? (mesmo que não se considere tão profundamente revolucionária como a maioria das composições de Beethoven).
Saramago, e como ele tantos outros criadores, costuma dizer que o momento de inspiração não existe propriamente. Mas antes um caminho que vai conduzindo ao momento inicial da obra. Quando, a partir dele tudo se pode desenvolver em jorros de criatividade.
Criatividade.
É, seguramente, o processo que se inicia no momento de maior elevação intelectual que o cérebro humano pode atingir.

O papel branco. A tela vazia, de uma brancura angustiante. Ou talvez não.
Talvez seja o momento fundamental, da pausa imprescindível, da grande angústia necessária, da ansiedade iluminada, para o momento que se segue.
Posted by Hello

Comentários

Anónimo disse…
Obrigado por Blog intiresny

Mensagens populares deste blogue

Sondagem Legislativas 2009

Os próximos 26 anos num país com 50 de socialismo

Viver o tempo de um herói