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A mostrar mensagens de outubro, 2015

Dias. Há dias...

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Uma vez por outra, cai-nos a Lua em cima. Não é não esperar, é não querer mesmo. Mas não há como fugir dela a tempo e ...quando nos damos conta, lá fomos esmagados pelos nossos melhores sonhos e pelos mais temidos pesadelos. E depois? Fôramos de pedra e faria alguma diferença, algum efeito? Somos de carne e muitos neurónios e estes malandros pregam-nos com cada uma... Pois é. Se arranjarmos uma caixa para arrumar todos os nossos erros e disparates, todos os nossos excessos mais odiados, e com eles, a cobrir tudo antes de fechar a dita caixinha, os nossos mais pesados remorsos, talvez a caixa se verifique ser maior do que todo o nosso mundo e mais longa ou complicada de deslindar, se a abríssemos, que uma vida inteira. Por sinal, talvez tenhamos todos uma caixa de Pandora privada e que preferiríamos esconder no sótão mais remoto que encontrássemos. Mas Pandora é sagaz e foi inventada para nos retirar a serenidade. Salta-se-lhe a ela, e a nós, a tampa... Nessa caixa, que guardaríam

Daqui à Lua

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Daqui à Lua, não é um saltinho. Ir à Lua é uma expressão interessante. E algo mágico pode esconder. Normalmente, significa que há algo que nos faz sentir completamente fora de nós, uma outra expressão carente de explicação. Um aspecto intrigante nestas expressões é precisamente o facto de elas pretenderem resumir uma ideia de algo forte, muito intenso, ou muito difícil de explicar e serem assim usadas, tendo como resultado dificultarem ainda mais a explicação. Que fica, então, ainda menos clara e, até, algo misteriosa. O fascínio em certas expressões está em algo de mágico e de impossível. Uma das maiores dificuldades da linguagem, como tais expressões bem exemplificam, é a quase impossibilidade de se conseguirmos exprimir uma ideia, um sentimento, uma sensação, um momento de intensidade emocional ou de prazer muito absorvente ou transcendental. Ir à Lua, ser levado à Lua, levar à Lua. Porque a Lua foi um mistério durante muitos séculos. Porque era em si mesma, tão visível e tã

Gratidão

Passados uns bons anos, desde o começo de uma aventura fantástica, que é viver...com a única forma de o fazer que conheço, intensa e apaixonadamente, dou por mim a avaliar, reavaliar e nem sempre concluir. Porque nem tudo tem resposta, e nem interessa que tenha. Mas tanta coisa tem valido a pena e assim parece continuar. Não me arrependo. Do que quis fazer comigo, do que fui tentando ser. Mas, fundamentalmente, não me arrependo de ir juntando à minha aventura, tanta gente fantástica que só não me surpreende, porque, verdadeiramente sempre acreditei na natureza humana e, com muito mais propriedade, em todos os que fui conhecendo. Numa viagem que se reinicia repetidamente, confirmo o que percebi nas pessoas, nas minhas pessoas.  Os filhos...parece trivial, mas não é. São uma confirmação de quanto vale a pena sermos apenas apaixonados pela vida, o que os coloca no centro de tudo isto, na maior razão de todas, pela vontade reconfirmada de ir persistindo e dando humildemente de mim o me

A mente social

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Quando estudamos a evolução humana, normalmente pelas ferramentas das ciências sociais, há aparentemente um aspecto que deixamos para trás. O do conhecimento do próprio cérebro, que ainda começa a ser desvendado. Até 1950, antes de Roger P. Sperry da Universidade da Califórnia, a ciência assumia que um cérebro inteiro, com dois hemisférios tinha um mais avançado do que o outro. Incrível, não? Aos dias de hoje, a quem não parece isto inacreditável? Antes de Sperry ter apresentado os resultados de testes efectuados em pacientes com epilepsia, a quem tinha sido removido o corpo caloso, que une os dois hemisférios cerebrais, o cérebro era assim visto: Paul Broca nos anos de 1860 e Carl Wernicke tinham descoberto que o hemisfério esquerdo tinha a capacidade da linguagem. Coloquemo-nos no lugar destes dois investigadores neurologistas. Não é a linguagem um dos aspectos que mais nos distancia dos animais? Não haverá quem não concorde. Nestas premissas, reside uma das vantagens, e igual

A tentar ler Mário Cláudio

A tentar ler... Nos silêncios se revelam mais palavras do que no uso delas? Não sei se alguém, alguma vez o disse. Mas nos momentos raros de silêncio, a corrente selvagem dos pensamentos pode conduzir-nos a algum lugar, dentre tantos sem definição qualquer. A vontade de fazer algo de novo, escrevendo, que se adia, perante as notícias que se ignoram, as companhias de que nos ausentamos, por nada mais do que procurar o vazio recuperado da ausência de palavras, actos e compromissos que se não pretendem, de que não nos queremos ausentar, por nada mais do que vermos todo um mundo cheio de tanta sensação que não se consegue explicar, ou não se quer, cabalmente. O mundo está louco todos os dias, e nos mesmos lugares de exercício de loucura premeditada, uma, duas, milhares de histórias de bom senso e de amor podem estar em simultaneidade. O mundo que se lê, na Síria, como na Venezuela, na Rússia, como no Brasil, em fragmentos de misérias, grandes e pequenas, por toda a Europa das Civilizaç

Da Natureza da Realidade

A História é uma das matérias de registo, além da estatística e das ciências, pelo percurso da sua evolução. Mas a mãe da memória da Humanidade e até dos ambientes e dos meios naturais é a História. Essa mãe, matriarca da Memória, é porventura a parente pobre, paradoxalmente dos percursos muitas vezes felizes e bem sucedidos da nossa evolução como espécie, outras tantas, infelizes, demolidores do que antes fora construído e testemunha da novos ciclos de atraso evolutivo. É pela História que podemos tomar conhecimento do mundo que nos antecedeu, é a ela que, noutros momentos, ou alguns de nós depositam a maior indiferença. Eventualmente, a História devia ser um repositório de verdades, boas e más. Frequentemente ela é usada para favor um favor aos amantes da mentira. E a verdade, como sabemos, dificilmente é uma. E na História se misturam, intencionalmente, essa dificuldade de relatar uma verdade, ou usar a mesma dificuldade de a identificar, para transmitir uma herança de ment