O Cavalheiro da Democracia
Pedro Santana Lopes, ao lembrar os momentos de alguma divergência entre Francisco Pinto Balsemão e Francisco Sá Carneiro, usou a expressão, sobre Balsemão, de ele era um "Cavalheiro da Democracia".
Penso que é o melhor a mais acertado epíteto sobre um dos últimos "fundadores" da Democracia portuguesa e fundador do Partido que, há 50 anos, mais por Sá Carneiro, me fez ser, durante uns decénios um simpatizante, um eleitor do PSD. Mas se Sá Carneiro foi o primeiro político me contagiou a paixão pela Política, pelas causas públicas, pelo meu interesse em história e filosofia políticas, Balsemão, afinal, sempre esteve ali, do lado das mesmas ideias e princípios do seu amigo, co-fundador do PPD, que morreu subitamente naquele acidente trágico, sempre e ainda por esclarecer,
Balsemão foi um homem que, educado no seio das elites de Lisboa, fez questão que ser um defensor intransigente de políticas sociais justas e, principalmente, da Liberdade que, mesmo antes de 1974 já era o seu veio motor de que nunca abdicou.
Nem sempre o admirei. Muitas vezes, mesmo nos tempos recentes, desconfiei da tal imparcialidade das empresas de Comunicação Social que fundou. Desconfiei sempre de alguma letal influência do Partido Socialista nos seus órgãos de Comunicação, Expresso e SIC.
Posso ter estado sempre errado e enganado, mas até hoje, mantenho esta convicção. Mas isso, ou mesmo por isso, nunca se poderei afirmar que Balsemão era uma espécie de braço de comunicação e propaganda socialista.
Podiam, e podem sê-lo, vários dos seus jornalistas e comentadores. Mas, afinal, era um pluralismo de que ele fez vida e missão. Outros, usando os seus meios, é que podem ser considerados pecadores da manipulação que só tem trazido pobreza e miséria, e muita mentira, a Portugal.
Balsemão tinha outras características hoje bem difíceis de reconhecer em muitos políticos ou jornalistas: coragem e frontalidade. Verticalidade e coerência de pensamento e acção. Valor cultural e intelectual. Fibra!
Sabia o que queria, mesmo não tendo possivelmente conseguido tudo: e o que queria não era Poder, principalmente político, mas uma coisa que se pode confundir. Queria manter a sua defesa da Liberdade, do europeísmo, da Civilização que o criou, como a nós, a Europa e o Ocidente. Era intransigente nessa defesa de princípios, de alicerces culturais de civilidade, de respeito pela diferença, que o levava mesmo a acarinhar a divergência de opiniões.
Morreu um dos Grandes, dos muito poucos ao nível de um Sá Carneiro. Um dos últimos do tempo da Política com Maiúscula!
A este Cavalheiro da nossa Democracia ainda em crescimento liberal, Portugal fica a dever Muito!

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