Mário Soares
Assisti aos primeiros 50 anos da Democracia, desde a minha adolescência. Em Abril de 1974 tinha catorze anos e meio. Nada sabia do mundo, da vida ou da política, mas despertei, não de uma só vez, pois não tinha maturidade e ainda tinha muita imaturidade, e, com isso, muito pouca noção do que havia acontecido. Mas tive a sorte de ter um pai que, ele sim, tinha vivido atento ao país, embora silenciosa e sigilosamente. Na família não havia nenhum resistente ao regime de Salazar e Caetano, mas isso nunca nos retirou o direito de nos sentirmos sempre do outro lado desses tempos e das suas políticas, e nunca, por isso mesmo, fazermos qualquer conceção à Liberdade. A Liberdade, na minha família, melhor, da geração dos meus pais, na família, foi sempre um bem inegociável e tivemos sempre a consciência do reconhecimento aos militares que fizeram a Revolução do dia 25 de Abril. Como intransigentes, e eu, assumidamente, em crescendo, nos anos consecutivos a 1974, defensores da Liberdade, nun...