Um mundo de duas visões perigosas


Não, o mundo não é visto apenas pelos pontos de vista, pelo prisma de duas grandes tendências...No mundo há uma pleíade de pontos de vista, obviamente.

Mas há duas grandes "visões", posturas e formas de vida de risco elevado, para o próprio mundo, no momento actual e no futuro (se entretanto não mudar muita coisa). 

A visão das religiões, melhor dizendo, do fundamentalismo religioso. Ou do aproveitamento por autocratas, de dogmas religiosos. O que não é novidade alguma, ou coisa destes tempos. Foi quase sempre assim. Talvez tudo tivesse começado com a vontade de afirmarção de um ponto de vista de uma tribo, sobre outras, há muitos milhares de anos. Talvez nem sempre as religiões tivessem má intenção, mas, vamos dar este beneficio de dúvida, a profunda convicção de uma necessidade de "ensinar" (doutrinar, como se lhe chamou há já séculos atrás, por se tratar da vontade, férrea ou violenta, com frequência...de passar a outros povos, a sua doutrina, as convicções, a crença, e os rituais, de um povo, que arriscava, já nesses tempos remotos, a sua força contra a força dos outros).

E isto ainda não acabou. Hoje, talvez mais do que nunca, fica claro que há um uso abusivo de políticos violentos e autocráticos de doutrinas e formas de vida, para transformar a vida e convicções de outros. E o abuso é tão evidente, que os genuínos líderes religiosos, em todos os cantos do mundo, condenam (quase todos...) os actos de tentativa de supremacia, pela violência mais extrema que se imagine (e que temos testemunhado) sobre outras sociedades, consideradas "ameaças" à sua, consideradas "infiéis", depravadas, degradadas, e tantos epítetos quantos os que possam justificar os seus actos de violência interna sobre os seus povos (Irão, Afeganistão, Paquistão, Índia, e até noutros, de onde as notícias sobre tudo isto não correm com a fluidez dessas paragens, como na China que persegue e cerca regiões imensas de todos os que se identifiquem e sigam outras convicções religiosas e outros modos de vida, que, evidentemente, se recusam ao modo de vida oficial centralmente imposto, pelo regime mais violento e antihumano do mundo).

Este é um problema histórico. Este é um tronco comum a grande parte, ou quase (mas não toda) a totalidade, das religiões: a intolerância. A guerra pela homogenia religiosa. A incapacidade de aceitar o pensamento distinto do que defende a sua religião, a sua doutrina e os seus ritos e tradições. Esta intolerância tem sido a principal fonte de conflictos no mundo, historicamente. Não tinha de ser, e teologicamente é o oposto do que é suposto defenderem e doutrinarem, mas assim tem sido. E ainda não acabou. Há mesmo uma absurda intolerância para com os que não são religiosos, são agnósticos, ou são ateus. E, de forma muito marcada, intolerância para com os outros, da religião...ao lado (por vezes mesmo da casa ao lado).

Boa parte das ideologias políticas se fundaram em princípios religiosos, e é isso uma prova da limitação intelectual humana (do meu ponto de vista).

A outra visão do mundo, de risco elevado, é a que defende uma espécie de tolerância alargada ou total, mesmo para com "pontos de vista" de regimes ditatoriais, porque "ser democrata é aceitar todos". O que é um erro crasso ou fatal. Crasso, por ser demasiado evidente, no dia-a-dia, nos dias que se sucedem, como a guerra na Ucrânia e no Médio Oriente, nos vão demonstrando. Este tipo de postura, filosoficamente tolerante tem encerra um grande e fatal problema: é o de aceitar que não nos aceite. Aceitar quem queira destruir o nosso modo de vida e, como ele, a nossa liberdade de pensar e analisarmos tudo o que ditadores (mais evidentes, ou mais disfarçados, como tão bem recreveu Anne Apelbaum) e autocratas, defendem para nós: a nossa destruição.

Há hoje no mundo democrático uma visão demasiado complacente, demasiado teórica, sem qualquer confirmação prática sobre regimes, sobre líderes, sobre ...visões do mundo e do que devem ser os nossos países. 

É o que se passa com as opiniões sobre o Primeiro ministro de Israel, um homem muito pouco tolerante, muito pouco democrata, exagerado e mesmo extremista. Sem qualquer dúvida. Mas confundir a pessoa e as suas visões, com as necessidades de uma regime e de um povo e região, num país que é democrático, é um erro crasso. Pode revelar, e em geral revela, algum desconhecimento histórico e político. Mas há múltiplos casos de más intenções. 

Não pode haver comparação entre um país e regime como o de Israel, e os regimes de um país que amordaça uma das mais antigas civilizações e tradições históricas do mundo, como a dos persas do Irão.

O interesse que serve um regime autocrático, inimigo das mulheres e inimigo de quem pensa, e da sua liberdade de pensamento e opinião, é o mesmo (e demonstra-se pelas alianças publicamente afirmadas) de um regime como o de Putin, de Jinpeng, de uma Maduro na Venezuela... São os ditadores todos tacitamente aliados contra as democracias e a LIberdade. 

E quem defende a Liberdade não deve, em caso algum, ser tolerante, nem por puro princípio filosófico, para com regimes que mais não têm feito, e continuam, do que perseguir o fim do nosso modo de vida!

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