Prenúncio, O Outono antes de si mesmo.

Quando se está a terminar um período de férias, já de regresso a casa, num dos últimos dias, antes do regresso ao trabalho...
O dia está fresco, após o calor do sul onde estive, com o sol forte e a praia quente, em momentos de "limpeza" mental necessária, de puro relaxamento, dias sem responsabilidade, sem horários, de leituras imparáveis na areia, tentando aguentar o sol que queima a pele. Mas hoje, o dia está fresco, e parece já ter regressado o aroma dos dias de Outono, o prenúncio da chuva,  prenúncio do ano que vai findar, o prenúncio de mais um clclo de mudança.


Bach acompanha-me na leitura a findar de "Lincoln Highway" de Amor Towles, num regresso aos anos de 1950, a minha década, noutras paragens, mas com frescos de uma memória alegre dos meus dias em que via o mundo me permitir sonhar e realizar tudo, com toda a liberdade que queria. Bach e o Concerto BWV 974, em D menor, com o Adágio, interpretado na adaptação para piano, por Vínkingur Ólafsson...nesta tarde fresca e agrdável.

O que esa leitura e este som da perfeição de Bach me trazem é uma nostalgia, não do passado, mas a nostalgia de um presente...noutro lado, com alguém. Uma viagem, um sítio memorável de contemplação, mar adiante, quatro pés à descansar, pernas estendidas, sobre a mesma cadeira, pés que se tocam, olhares de se tocam, leituras paralelas e mãos agarradas para distribuir todo o momento, da luz, da cor, dos odores, do momento que não passa e deve assim continuar, num olhar parelelo sobre o horizonte, sobre os livros, sobre cada um, sobre o sorriso tranquilizador de cada, o prazer, o prazer do que é único...


...O momento fica. Por aqui. Aqui. Mas não se solta da memória (do que ainda não aconteceu).
Bach e Towles, uma mistura inesperada, um momento criado que nunca existiu (ainda).

A tarde fresca, a música a tranquilidade que traz consigo o desejo da nostalgia sobre o futuro que não se sabe.

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