Viver o tempo de um herói

 Viver no tempo de um herói é um privilégio, ou pode ser uma experiência de perda para a humanidade, como nenhuma outra.



Aleksey Navalny, foi um homem único. Os homens e as mulheres são todos únicos, mas uns...são bem mais do que todos nós. E assim foi este grande amante da Liberdade no país que nunca conheceu a Liberdade.


Este grande homem que se entregou, incompreensivelmente para nós, às autoridades do regime autocrático e nazi russo, era um advogado que prescindiu de ter uma vida normal, com a sua família, tendo passado pela Europa livre onde, na Alemanha, foi diagnosticado como tendo sido envenenado a mando de Putin. Desistiu da sua liberdade e da felicidade com a sua família. Quantos de nós conseguimos entender isto? Isto, que ele fez pelo país que o viu nascer! Isto que o matou e deixou os que o amavam...sem ele. Conseguem imaginar? Em pleno século XXI.

E foi exactamente o que este homem nos deu: o que é ser-se um herói em tempo terminais. Herói pelos outros, mas um caso real, não uma história bíblica impossível de se confirmar.

Navalny começou por se candidatar à câmara de Moscovo e fez-se notar por um discurso corajoso contra o regime de violência e intolerância total de Putin. Falou contra a corrupção e contra a inexistência de liberdade de pensamento, de reunião, e de expressão. 

Fizemos na Europa o que teria sido necessário para evitar que um homem só nesta luta, tivesse hoje perdido a vida às mãos dos animais desumanos de Vladimir Putin? Mais uma vez não. 

Putin é o mais cruel ditador do mundo actual. Não é um ser humano como nós. Inspira-se em Ivan Ilyin o filósofo russo nazi. Não como alguns pretendem que Putin é anti-nazi, pois é exactamente como Hitler, ainda que use outros meios. Putin nada tem de marxista ou socialista...ou soviético, como Ilyin não tinha. Mas os métodos de eliminação de adversários são indiferentemente estalinistas, maoístas, hitlerianos, ou cubanos. Um ditador é um ditador. Um homem intolerante ao pensamento e à expressão política dos outros, pelo menos dos que são amigos e defensores da Liberdade, é sempre ou um ditador em potencial, ou um ditador assumido. Contra este Putin inumano, lutou sozinho Navalny.



Esperávamos todos a sua morte da forma mais cruel e silenciosa, isolado dos seus a milhares de quilómetros. Lutou para si? Evidentemente lutou para os outros, para todos os outros que lhe são indiferentes, para os que eram inimigos dele, para todos! Por russos, e por todos nós.

Seremos nós europeus, ocidentais, democratas, amantes da Liberdade, capazes de fazer jus à morte triste e trágica deste herói do nosso tempo? 

Há homens que nos merecem respeito eterno, por vezes por um simples e único gesto e Navalny fez muito mais do que isso. Por todos nós!


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