A Infelicidade de se ser português

Portugal é um dos países mais desejados por estrangeiros, para viver no fim do seu tempo de vida, ou mesmo para trabalhar como "nómadas" digitais, sejam europeus, sejam de outras origens. Portugal tem um clima ainda ameno, uma longa história para quem tem nisso curiosidade e prazer, e paisagens diversificadas que encantam que nos visita e é levado a equacionar viver por cá. A nossa gastronomia é das mais ricas e apreciadas, por povos que nos visitam cada vez mais.



Mas Portugal, que diz quem entende, podia ser um dos países mais tranquilos e ricos da Europa (dito por exemplo por economistas dinamarqueses, que nos conhecem bem), mas é, ao contrário, um dos países mais difíceis, e com um futuro mais inseguro ou previsivelmente menos aliciante, ou possível mesmo, para gerações mais novas ou futuras.

Surgem estudos recentes que são bem claros no que concluem sobre um futuro bem duro, ou impossível para gerações mais novas, ou para os que ainda nem nasceram.

Impostos demasiados. Demasiados elevados e nunca aliviados, para as pessoas. Taxas e impostos para empresas, que as fazem andar sempre no limiar da sobrevivência, e nunca terem quer capacidade de competir internacionalmente, muito menos dar condições remuneratórias adequadas a um modo de vida para além da mera sobrevivência, também, difícil.

Podíamos ter uma ou duas gerações com condições mais duras e um horizonte mais distante de convergência com as condições que conhecemos em países europeus. Em países com os quais nos comparamos em custo de muitos serviços e produtos que também consumimos. Mas nem isso. 

Há quase cinco décadas que a esperança de uma vida europeia com futuro, para os portugueses, não se concretiza. Pior, essa esperança é cada vez mais reduzida ou inverosímil. Cinquenta anos de predominância de um regime socialista, pesado em impostos, em presença do Estado nas nossas vidas e com uma dependência do mesmo, cada vez para mais pessoas. Uma forma, a dependência aliás, que interessa muito, mesmo muito, ao Partido Socialista, o que nos governou em dois terços do tempo que temos em Democracia!

Podíamos pensar num sacrifício de uma ou duas gerações (30, ou 60 anos, o que já é insuportável) para termos depois um país melhor, com empresas e sectores fortes e ricos, que logo dariam esperança de melhor vida aos portugueses.

Mas nada disso. Nada disto foi até hoje possível, e, ao invés, em cinquenta anos, a situação é agora bem pior do que há dez ou vinte anos atrás: os portugueses perdem poder de compra, os seus filhos não acreditam que consigam cá viver, a promessa que era a Democracia, fica-se apenas por uma Liberdade de expressão, e, em paralelo, por cada vez menos vontade de participação, social, intelectual, evolutiva, de participação e intervenção política, precisamente quando mais era necessária essa capacidade e interesse dos portugueses, para fazerem sentir as suas crescentes (crescentes mesmo!) dificuldades.

O que era expectável em democracia com futuro era que as pessoas e famílias tivessem mais recursos ao dispor, mais reservas ou poupanças, mais capacidade de enfrentar o futuro e darem melhor vida aos seus filhos, para uma real evolução e ascensão social, que não vai acontecer.

Isto é o socialismo. O empobrecimento em silêncio, com cada vez mais pessoas dependentes do Estado (e o governo socialista ainda pretende e propõe mais intervenção com subsídios, mas nunca alivia as pessoas nos impostos, retirando-lhes a possibilidade de decidirem o que fazer com o que auferem com esforço do seu trabalho de dezenas de anos.

Podíamos, mesmo, estar a assistir a uma nova era de investimento forte em novas áreas industriais e comerciais. Ao enriquecimento do tecido empresarial, mesmo que tal não garanta (pelos empresários medíocres, narcisistas e egoístas que vamos tendo) uma melhoria da vida dos nossos cidadãos.

É isto o socialismo, que nos faz sermos infelizes como portugueses. Quando queremos ter orgulho de o sermos, sentimos cada vez mais esta infelicidade, por cá termos nascido e por cá termos tido os nossos filhos a nascer e a crescer, cada vez com pior vida.

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