O Princípio de Tudo
O Princípio de Tudo (The Dawn of Everything) é o título de um livro monumental (tal como refere a sinopse da edição da Bertrand), que é, também, um excelente pretexto para reflectir um pouco sobre a espuma destes dias ininteligíveis.
- Do Irão, chegam-nos (esporadicamente) notícias e bons sinais de uma Revolução. Um Revolução que não pretende abrandar, nem pretende largar mão dos direitos humanos. Desses Direitos que muitos falam, e nos deixam a dúvida se efectivamente sabem do que falam. Como um certo Presidente e um certo Primeiro-ministro que dizem defender os direitos, e todos os dias escondem a verdade (para ser brando). As mulheres. Sobre quem impendeu todo ou a maior parte do peso de uma civilização, provavelmente a mais antiga que se conhece, que regrediu umas centenas de anos. Esta mesma interrogação sobre o avanço da Humanidade e de muitas sociedades, era bom termos. Sobre o mal que religiões, ideologias políticas, a psicose pelo crescimento económico permanente... nos trouxeram. E falo do canto do mundo onde nada acontece, ou resiste a acontecer ("nada de novo na frente ocidental" título deste humilde blogue, inspirado na obra de Remarque, "A oeste nada de novo", de que recomendo leitura urgente (e deste que me inspirou a vir aqui "blogar"). O Irão! As corajsosa e inteligentes mulheres iranianas, que sem muita reflexão, facilmente se percebe estarem a mudar a História. E a ensinar-nos a mudar (mas somos teimosos, cá pelos lados de Saferdi...). Ouvi algumas iranianas e fiquei atónito. Primeiro com a minha ignorância (mas afinal, é verdadeiramente uma cultura Milenar, pois). Depois, com a perseverança, a coragem, a determinação e a inteligência com que pensam e se expressam. A melhor surpresa do ano internacional!
- Da Europa, pouco ou nada nos chega. Juros do Banco Central mais elevados. Inflação e recessão. E a mesma mediocridade saloia quase generalizada, dos políticos que andam nestes anos pelo poder numa Europa em não assumida, mas mais do que evidente, crise cultural, social e civilizacional. Escapa a política de resposta à Rússia dos selvagens e assassinos, com não sei que ambições a "grande potência" (ah! armas, é grande potência. Coreia do Norte, também...?). Irritante mesmo é a insistência numa muito remota (e nem sei que utilidade) negociação entre Ucrânia e Rússia. Pois. Negociar com déspotas insensíveis e assassinos, cujo único móbil é o Poder absoluto. Da Europa chegam-nos as miragens de alternativas à mobilidade, pelos automóveis que só poluem menos, exclusivamente quando em uso. E pior, bem pior. Um "motor" europeu, como dizem, a Alemanha, a persistir na parceria industrial com a China autocrática e desumana. E quanto a mudar de rumo, e dar vida a um espaço mundial cada vez mais de turismo?
- De Portugal. Nem sei já que diga. Efectivamente são já 48+48 anos de atraso escolhido por um povo que adora ser "tradicional" e conservador, com a guarda dos grandes valores cristãos (lembrar uma vez mais que Cristo foi um político como queríamos ter agora aqui? Corajoso e determinado e parece que carismático?). Chega o Mundial de Futebol (esse grande avanço humanitário e cultural) e lá se inventam desculpas para pactuar com um regime que despreza e maltrata as mulheres, deles e dos outros. Tudo a bem do...dinheiro que os políticos portugueses há 500 anos adoram sujeitar-se, e estender a mão. Já o fizemos com tantos, Europa, China, Alemanha, Venezuela. A lista é longa. Incapazes de mudarmos o nosso destino, afastando perpetuamente organizações políticas que nos enganam e literalmente roubam pela forma mais perversa, que é a cobro da Lei, os impostos. Incapazes de mudarmos, vamos com o vento dos outros que, pelo que se tem visto é mau vento.
- O Princípio de tudo é uma obra inteligente e grande folgo intelectual, publicada após o falecimento de um dos co-autores, que nos pretende ajudar a entender as zonas cinzentas da nossa História comum. Imaginem uma História que começou há 200 mil anos e de que quase só sabemos e pouco (descontadas as reescritas por via religiosa ou ideológica e as catástrofes como as guerras e os acidentes geológicos- O desaparecimento das bibliotecas romanas de Pompéia, por erupção do Vesúvio, onde se perderam centenas de anos de intelecto humano e...o mundo andou para trás: uma obra apenas e já temos uma luz sobre isto, De Rerum Natura de Lucrécio, escrito muito anos antes de Cristo e a pôr em causa as religiões e muito mais coisas), uma história longa e que teria sido mais rica, não tivessem certos percalços sucedido.
- O princípio parece ser onde nos encontramos a cada ciclo da História.
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