Os intocáveis valores...cristãos
Vamos andando no tempo, com dias mais ou menos espumantes e assistindo, calados, a um desfile de maldades criminosas e de moralidade totalmente condenável, provindos de membros de uma instituição que, supostamente, nos devia oferecer exemplos de uma moral intocável.
Já sabem a que me refiro.
Declaro, para esclarecimento de eventuais dúvidas, ser um ateu convicto, mas não um militante anti-religiões, ou anti- convicções espirituais. Não podia ser, porque para mim, ser ateu é ser livre. É contar comigo (não em solidão, pois sou social, sendo que social começa em casa, se expande com amigos e termina em todos os contactos que temos, sejam ou não permanentes na nossa vida). Já fui, também convictamente, cristão. Não sou, nem serei mais. E as minhas actuais convicções, ou filosofia de desenvolvimento pessoal, nada têm a ver com actos de instituições, no que incluo a igreja católica.
Este parágrafo seria desnecessário, não fossem os moralismos que veementemente repugno de alguém que se arvore moralmente superior por pertencer a um grupo. Grupo, digo, religião. Eu também pertenço a um grupo, mas exclusivamente a esse: ao dos humanos. E das pessoas livres, já para se entender o que quero dizer.
Mas se não me entendem, ou irão entender, muito menos entendo eu como foi possível (como é ainda possível, pois não acredito que isto termine aqui...) que uma quantidade cada vez maior de anormais criminosos sem epíteto pejorativo adequado, tivessem perpetrado crimes tão horríveis contra crianças e jovens entregues à sua responsabilidade (?!), destruindo vidas? ~
Gente que devia, acima de todos nós, e connosco (!), defender valores de respeito (o pensamento mais essencial e básico é respeito), por crianças e por jovens, por pessoas, por todas as pessoas, como apregoa uma instituição infectada irremediavelmente por seres execráveis, do pior que a humanidade conheceu?
Conhecem algum crime, alguma ofensa, algum acto mais hediondo que abusar sexualmente de crianças ou de jovens? Eu, por mais que pense, não conheço. E numa estranha escala de valores nem teria de ser o Mais horrível dos actos, bastaria ser um acto qualquer, qualquer, que violentasse a integridade pessoal, mental ou física de alguém. Bastaria isso e, para mim, a intolerância que descreve grande parte da história das religiões, e desta em particular, já seria condenável o suficiente. Ninguém tem direitos morais sobre os outros. Repito, ninguém. Com a excepção dos direitos morais que todos temos, de condenar os actos de alguém que atente os nossos próprios direitos. Como criminosos em ditaduras, como autoritarismos, como moralismos pacóvios e idiotas de gente conservadora e menor.
Mas trata-se de crimes e de actos (fossem ou não tipificados como crimes, e já agora...era o que mais faltava que abusos sexuais sobre alguém não fossem crime) sem perdão. E sem perdão significa mesmo isso. Nunca mais lhes perdoo!
Outra coisa quero recordar a quem leia...
Uma coisa é ser-se crente, cristão, outra é conseguir continuar a praticar uma religião, perdão ser fiel a uma igreja com gente desta natureza, refiro-me a entrar sequer numa igreja católica. Não entendo e não consigo aceitar.
E isto tudo é uma forma de moralismo, o moralismo que não pactua com crimes de abuso sexual contra crianças e jovens, que sós merecem amor.
Espero sim que o Papa que ali está na imagem, que deu provas bastas de humanidade, não permita que se escondam mais crimes e abusos. Deste ou de outros. Afinal, não é o humanismo a bandeira principal do cristianismo?
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