Uma crise amortecida ou amordaçada

 As subidas de juros e inflação na Europa e nos Estados Unidos da América vão conduzir os dois espaços económicos a uma nova crise financeira, que pode não ser sentida ou afectar o sector financeiro.

Primeiro, dizer que presentemente a Banca, o sector financeiro com Banca e outras instituições e empresas do sector, não deverão sentir a crise que se aproxima, e não tarda, porque se trata de uma subida de juros que irão ser reflectidos nos seus clientes. E porque, após a última crise se reorganizaram, reestruturaram e estão hoje com maior solidez (em geral, com excepções com problemas endémicos e crónicos como o Novo Banco, o Montepio, ou mesmo algum outro da nossa praça financeira, e em alguns dos países com maior fragilidade financeira, como Espanha, França e Itália).

Mas os países e as suas dívidas soberanas, já estarão muito expostos à próxima crise financeira e à inflação. No entanto, países como França, Espanha ou Itália não poderão ser alvo de nova disciplina nas contas públicas, com fortes e públicos ajustamentos, porque simplesmente consolidam os três duas características: têm uma enorme dívida soberana, sem se saber como algum dia a poderão controlar e, mais que isso, iniciar a reduzir. Mas pela dimensão, em conjunto, não poderão ser alvo de medidas de austeridade ou intervenções internacionais, tipo Troika, porque ninguém na Europa conseguiria abarcar a dimensão da intervenção.

Já Portugal, é bem diferente. Porque Portugal tem uma dívida percentualmente abaixo apenas da da Itália, e acima da de Espanha ou de França, em função do PIB, mas em valor absoluto bem menor, pela nossa dimensão económica. 

Mas também porque Portugal será um dos alvos prioritários para uma Alemanha credora, por interesse e urgência acrescidas pela impossibilidade de os outros países que referi não poderem sofrer das mesmas medidas. Pode Portugal, então, e como tantas vezes tenho referido, entrar em situação de pré-insolvência soberana, ou simplificadamente, uma nova situação de Bancarrota. 

A situação é real. Mas o que pode acontecer, para limitar os riscos de novo programa de austeridade directa, com consequências bem mais graves (a dimensão da irresponsabilidade do Governo socialista não é menor do que com o governo de Sócrates, sendo pelo contrário bem mais grave, associada a situação à fabricação de indicadores económicos falsos ou parcialmente manipulados: o défice do Estado, o Crescimento económico, o esforço nacional do serviço da Dívida, os crescimentos sectoriais, a melhoria do poder de compra, a convergência com a Europa. Tudo o que o Governo de Costa tem divulgado e em que tem insistido é falso, total ou parcialmente!), é todo o esforço de novo reajustamento ser imputado à inflação a alguns impostos mais subtis e menos directos, provavelmente os que mais afectam a Classe média, de novo, que tendencialmente consome produtos e serviços mais diversificados, pela formação e estrutura desta faixa social.

O problema da péssima gestão do Governo socialista já tem sido amplamente falado, pese embora ainda muitos aspectos terem sido escamoteados e ocultados do povo português. 

Mas as consequência de se terem manipulado contas e indicadores económicos extremamente importantes, ver-se-á rapidamente, pelas dificuldades acrescidas no investimento nacional e internacional, pela iniciativa empresarial e pela inovação e, ainda pior, pela nova onda de emigração dos mais qualificados, tão necessários à inversão desta situação e condição de empobrecimento que os socialistas sempre (sem qualquer excepção desde 1974) nos trazem.

Independentemente de quem venha a formar governo após 30 de Janeiro, os próximos anos serão, uma vez mais, de muito esforço, de dificuldades e de estagnação (mas esperemos que de inversão, pelo menos, do curso de empobrecimento e perda de convergência com a Europa, se o PS e Costa forem afastados, com o contrário se Costa ganhar...)


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