Parece normal
O dia começava com uma rotina e desenvolvia-se em outras tantas, muitas. Os dias enchem-se e preenchem-se de actos repetidos à exaustão, na persistência do suporte da subsistência. Mas os actos fora do comum, os feitos que se elevem acima de si mesma, existem guardados secretamente, silenciosamente, à espreita de uma oportunidade.
À espreita da oportunidade pode não significar uma passiva existência. Sair de casa para o trabalho, levando consigo um sorriso sempre único e genuíno e forte, é em si um acto de resistência e coragem perseverante. A maioria de nós desiste do sorriso, e desiste, com isso, do sonho bem preservado, fechado a sofrimento por anos de tanta rotina desgastante. O sonho, eram sonhos em catadupa. Era um novo local, uma nova vida, uma outra rotina que não fosse assassina. Sair e entrar, entrar e sair, de casa de todos os locais, sorriso sem correspondência certa com o sentimento profundo e asfixiante, com essa fome de libertação.
Um sorriso e uns olhos radiosos, podem esconder muita infelicidade e muita energia, e, pior, vontade própria, contidas e, volta e meia, explodidas em outros desgastantes hábitos.
Há tanta gente por aí que se esconde em caras fechadas, mas provavelmente muitas mais que se refugiam em sorrisos comprados a custo pela contínua necessidade de aceitação social e familiar. São em maioria mulheres, provavelmente. Mas nunca se saberá quantos homens persistem nesse enganador e aparente bem estar e bem parecer.
Conheci alguém assim. Conheço. E não era um alguém, mas a Pessoa, ela mesma, um caso especial em toda a vida que tenho vindo a ter. Não deixa de surpreender por energia silenciosa e persistente. Uma teimosia em ser feliz e fazer todos felizes à sua volta. Não foi preciso ser religiosa, nem crente ou cega por regras sociais, politicamente correctas. Uma mulher. A mulher.
Parece fácil, parece. Manter a doçura própria, inerente ao seu género, e a firmeza das suas convicções, com a persistência em cumprir os seus sonhos maiores. Quem vê mas de olhos bem alerta, percebe a energia jovem transbordante, percebe a firme vontade em viver, sempre intensamente. E contagiar vida à sua volta. O que nem sempre é aparente, pois as rotinas das nossas vidas amordaçam a vontade de sorrir. Mas o sorriso regressa sempre e as palavras ditas com a sinceridade que lhe conheço, confessam o mais profundo que lhe vai por dentro. É um doce cheio de pujança viva e vibrante. E tem a sua especial arte de conseguir lidar com tanta gente difícil, comigo à cabeça. Difícil e esgotante, por vezes. Mas ela não desiste assim.
Sempre adorei gente "normal", que de normal nada tem e nem disso se tem conta. Sempre me senti inclinado em descobrir um diamante em bruto que tivesse um brilho único e que, mesmo que a outros não fosse visível, para mim se tornasse a diferença que me fazia falta.
As rotinas matam a vontade. Asfixiam a energia que um dia se soube ter, a ambição de sermos maiores, nem que seja maior do que nós mesmos. E só o somos pelo que fazemos, não nos podendo ficar pelo que dizemos. E fazer, é em cada acto pequenino, em cada gesto delicado e quase imperceptível, mas de tremendo significado. É na perseverança da perseguição do sonho grande que se vê quem realmente parece normal, ser grande, muito grande. E grande, docemente, delicadamente, mas com firme determinação. Grande, legitimamente.
E agradeço o dia e o momento em que conheci uma pessoa assim. A cada momento das minhas rotinas, ela faz o meu próprio sonho renascer e manter-se vivo, para agora não ser vivido apenas em silenciosa solidão. Mas para ser moldado pela doce e firme vontade que lhe reconheço.
Também um normal crepúsculo parece um fim, mas é, afinal o descanso de um dia apenas, que irá permitir que o seguinte surja, provavelmente mais pujante. E, assim, manter sonhos vivos. Num abraço. Num beijo quente, inesquecível.
À espreita da oportunidade pode não significar uma passiva existência. Sair de casa para o trabalho, levando consigo um sorriso sempre único e genuíno e forte, é em si um acto de resistência e coragem perseverante. A maioria de nós desiste do sorriso, e desiste, com isso, do sonho bem preservado, fechado a sofrimento por anos de tanta rotina desgastante. O sonho, eram sonhos em catadupa. Era um novo local, uma nova vida, uma outra rotina que não fosse assassina. Sair e entrar, entrar e sair, de casa de todos os locais, sorriso sem correspondência certa com o sentimento profundo e asfixiante, com essa fome de libertação.
Um sorriso e uns olhos radiosos, podem esconder muita infelicidade e muita energia, e, pior, vontade própria, contidas e, volta e meia, explodidas em outros desgastantes hábitos.
Há tanta gente por aí que se esconde em caras fechadas, mas provavelmente muitas mais que se refugiam em sorrisos comprados a custo pela contínua necessidade de aceitação social e familiar. São em maioria mulheres, provavelmente. Mas nunca se saberá quantos homens persistem nesse enganador e aparente bem estar e bem parecer.
Conheci alguém assim. Conheço. E não era um alguém, mas a Pessoa, ela mesma, um caso especial em toda a vida que tenho vindo a ter. Não deixa de surpreender por energia silenciosa e persistente. Uma teimosia em ser feliz e fazer todos felizes à sua volta. Não foi preciso ser religiosa, nem crente ou cega por regras sociais, politicamente correctas. Uma mulher. A mulher.
Parece fácil, parece. Manter a doçura própria, inerente ao seu género, e a firmeza das suas convicções, com a persistência em cumprir os seus sonhos maiores. Quem vê mas de olhos bem alerta, percebe a energia jovem transbordante, percebe a firme vontade em viver, sempre intensamente. E contagiar vida à sua volta. O que nem sempre é aparente, pois as rotinas das nossas vidas amordaçam a vontade de sorrir. Mas o sorriso regressa sempre e as palavras ditas com a sinceridade que lhe conheço, confessam o mais profundo que lhe vai por dentro. É um doce cheio de pujança viva e vibrante. E tem a sua especial arte de conseguir lidar com tanta gente difícil, comigo à cabeça. Difícil e esgotante, por vezes. Mas ela não desiste assim.
Sempre adorei gente "normal", que de normal nada tem e nem disso se tem conta. Sempre me senti inclinado em descobrir um diamante em bruto que tivesse um brilho único e que, mesmo que a outros não fosse visível, para mim se tornasse a diferença que me fazia falta.
As rotinas matam a vontade. Asfixiam a energia que um dia se soube ter, a ambição de sermos maiores, nem que seja maior do que nós mesmos. E só o somos pelo que fazemos, não nos podendo ficar pelo que dizemos. E fazer, é em cada acto pequenino, em cada gesto delicado e quase imperceptível, mas de tremendo significado. É na perseverança da perseguição do sonho grande que se vê quem realmente parece normal, ser grande, muito grande. E grande, docemente, delicadamente, mas com firme determinação. Grande, legitimamente.
E agradeço o dia e o momento em que conheci uma pessoa assim. A cada momento das minhas rotinas, ela faz o meu próprio sonho renascer e manter-se vivo, para agora não ser vivido apenas em silenciosa solidão. Mas para ser moldado pela doce e firme vontade que lhe reconheço.
Também um normal crepúsculo parece um fim, mas é, afinal o descanso de um dia apenas, que irá permitir que o seguinte surja, provavelmente mais pujante. E, assim, manter sonhos vivos. Num abraço. Num beijo quente, inesquecível.
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