O Maior Sentimento do Mundo (II)
“ Na nossa sociedade, Marcus, os homens que
mais admiramos são os que constroem pontes, arranha-céus e impérios. Mas na
realidade , os mais nobres e mais admiráveis são os que conseguem construir o
amor. Na verdade, não há empresa maior nem mais difícil”
(in
“A verdade sobre o caso Harry Quebert”, de Jöel Dicker).
Diria o mesmo, digo. E mais. Os amor e a
amizade. E, não, não há dois tipos de pessoas no mundo, as que sim e as que
não, tal como em tantos outros temas.
Há as que genuinamente tentam. As que genuinamente
pensam que tentam. As que querem (fazer essa contrução do amor) e não sabem
como. As que nem querem, claro, também. As que pensam saber o que é o amor e
que o construíram, ou constroem, e nem lá perto andam, ou andaram. Ou andaram
perto de saber e conseguir, mas iludidas pelos sinais, pelos tiques (ou
clichés) da sociedade, as ideias feitas, as imagens ilusórias, também não
conseguiram. E há muitos outros grupos e pessoas, com certeza. Não há avaliação
ou bitola sobre esta grande obra do humano. Pode haver é quem não se consiga
identificar com a construção do outro, talvez ...o critério mais válido, mas
ainda assim... um Amor, de construção a dois, terá de ser conjugação das
vontades, certo, mas também do evidente reconhecimento recíproco. Tudo...fácil
em papel, normalmente inviável de se ter certezas, na realidade.
E construir o Amor, não é, ainda, Manter.
Saber, querer e poder manter o amor que se construiu. Saber, ter a “arte” de o
conseguir manter igual ou fazer crescer. E, com alguma frequência, um ou dois,
deixam-no ou fazem-no ...mingar. Percebendo tarde de mais o valor do que
tinham, e iludindo-se com a possibilidade de o voltar a ter.
É por tudo isto que o Amor “não é para todos”
(nem a Amizade). Nem todos o sabem, nem todos o querem, ou até, alguns, dele
têm medo.
Mas, para além de qualquer um de nós, do que
sabemos, do pensamos saber, do que pensamos querer...ele aí está e estará.
Existe.
Para nosso mal, só vive no presente e pode ter
vida no futuro. Do passado, podemos ficar com a aprendizagem, normalmente este
sendo o sentimento de que se aprende e apreende as lições mais claras e
definitivas e, no entanto, difíceis de serem perceptíveis à grande maioria de
nós. Do passado também fica que...o passado pode ser recuperável. Mas apenas se
o Amor, o Medo e a Insegurança não coexistirem.
(e ainda se deve levar em conta todo o 'caldeirão de sentimentos coexistentes num dado momento das nossas vidas, como insatisfações pessoais, revoltas, depressões, traumas vários, devido a algo sucedido antes nas nossas vidas, ou no momento, com alguém muito querido, entre muitos mais factores de perturbação que nos rasteiram em momento decisivo).
Tenho para mim, num processo infelizmente
interminável de aprendizagem, que sobre o Amor se deve dizer que uma vez
percebendo que o tivemos “na mão”, é furtuito e irremediável, “deixá-lo cair à
rua”. Naquela lógica de que o que hoje se vive, se pode viver pela última vez,
e desbaratar este valor...pode ser a maior perda e o maior erro. Para quem
perceber e para si mesmo, concordar, está bem de ver...
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