Enganar-se a si e a outros. Optar pela sombra


A difícil arte de se enganar e enganar os outros. Bem, não tão difícil, afinal. Mas exótica? Ou também não, por muito vulgarizada. É a arte de se ser crente. Ter uma 'fé', como dizem, pretensiosamente distinguido-se dos que optaram por viver de olhos e sentidos todos abertos e, bem mais saudável, para si e para os outros, ser Livre. Leio aqui e ali, comentários sobre as 'oraçõezinhas', as meditações (orientalismos, budismos...e coisas mais) e apetece-me dizer umas coisitas, poucas. Se cada religioso se manifesta, eu dou a mim mesmo o igual direito de me exprimir, sobre o mesmo tema, mas questionando-os. Se uma religião se diz de si mesma como 'iluminada', esclarecida, liberta (imagine-se, uma libertação enclausurada em conceitos, preconceitos, tradições, normas, regras, disciplinas, e outras burrices que o humano adorou inventar para se castigar, na falta de castigos suficientes pela vida fora. O meu pai dizia que se 'compra um FORD, para pagarmos os pecados que fazemos na vida'. As religiões gostam de se auto infligir FORD's de vária ordem), então não conheço forma de egoísmo mais evoluída, digo, estruturada e violenta. Se alguém que é crente é um elucidado, iluminado, devia poder 'contagiar', essa Luz Superior, aos outros, crentes mas não praticantes, ou mesmo não crentes de todo. Mas o argumento que surge é o de ...para estarmos nesse estado de 'transe', de repositório da Luz Divina, é preciso sermos, primeiro, Crentes sem dúvidas, ou seja, aceitarmos o Dogma (claro, um dogma ou se aceita, ou não o é ahahah), e seguirmos 'as regras', para uns, as de Cristo (que não elaborou nem uma, pois contra regras era ele mesmo), para outros (muito superiores, acham-se e outros acham isso deles) os budistas, os xintaoístas, os não sei quê, desses produtos da estupidez humana inventada há centenas ou milhares de anos (por acaso num tempo em que o conhecimento humano, ainda hoje na infância do Conhecimento, era bem mais incipiente e infantil, eivado e inspirado de medos, pânicos e ignorância). Regras e 'princípios' que nos fazem 'merecer', ou o Reino dos Céus (lembra-me aquela lenga-lenga...o céu tem nuvens, as nuvens são brancas, branco é o leite, o leite vem da vaca, a vaca tem cornos...ele chamou-me ...), ou a Luz (cuidado com a cegueira que as luzes muito intensas podem provocar!). Uma coisa que dizem ser seu apanágio, dizem-no todas as religiões sem excepção (as dos Partidos políticos também, lembremo-nos!) é o Altruísmo. Mas já não se vê réstia dele quando se trata de 'contagiar' com Luz e Reino dos Céus, o irmão, o amigo mais próximo...etc. Mas quanto a contagiar o mundo com guerras, mortes, condenações terrenas e divinas...UI! Está o mundo (religioso) cheio! Ainda ao dia de hoje. Experimentassem, se possível fosse, os religiosos, um dia, um simples e singular dia a libertação de não serem crentes em ser divino, deus e outros disparates infantis...por um só dia, e logo veriam o que é, de Facto! ser-se livre. E contar apenas, para a sua vida e a dos seus queridos, consigo mesmo e com os meios que se conseguem ou a vida nos dá. E nunca, mas nunca, imaginar que o que 'aqui' não se consegue, obtém-se no 'alto', no além, ou no diacho que os carregue. Mas isso não acontecerá, e viverão até que as suas células deixem de metabolizar, a acreditar em fadas e divindades, cheios da cegueira que as suas dificuldades lhes conferem. Uma parte da Mente Humana assim se perde, para mal de todos nós...

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