Novos tempos?

Com a vitória clara do PSD nas últimas eleições legislativas, Portugal conseguiu por fim ao 'tempo de Sócrates' e do défice democrático. Portugal pôs termo ao tempo mais negativo de toda a história da Democracia, desde a Monarquia. E ao pior período económico dos últimos 200 anos.

Com a saída, pouco nobre e, uma vez mais, com um discurso cínico de mentira e encenação (como quem se quer deixar como reserva para um eventual regresso à política, talvez através de uma candidatura à Presidência da República, como se a Presidência fosse cargo propício a palhaços mafiosos e criminosos políticos... ofendendo a dignidade de um povo farto e saturado do mais incompetente e anti-democrático de todos os Primeiros ministros, desde Marquês de Pombal!) de Sócrates da nossa vida política activa, quando, se fosse infimamente democrata devia assumir e aceitar a derrota, mesmo com esta dimensão e vexatória, para assim demonstrar o seu respeito pelo Povo, pela sua vontade, e pela Intituição da Democracia, acima de tudo.

Mas não. Sócrates foge, acoçado, ressabiado, humilhado ao máximo, sem ter dado a mínima prova de saber reconhecer a autoridade democrática máxima: a do povo eleitor. Sem prestar a este povo, massacrado pelos assaltos e vexames à Democracia, pelos seus atentados à diferença de opinião e aos que pensam de forma diferente, o último cumprimento, a derradeira vénia. Sai, como entrou. Arrogante e sem respeito por ninguém. Ofendendo, como o seu discurso cínico, o povo que o havia elegido duas vezes, e desta feita lhe havia dito estar FARTO, precisamente, deste tipo de atitudes.

O que os eleitores disseram, a 5 de Junho último foi precisamente, que não toleram mais, estas arrogâncias de político algum, que não pactuam mais com quem os ofende e destrói o futuro. Esperamos, agora, ter virado uma página. Uma página de vergonha suprema e já excessiva em tempo. Esperamos ter, agora, iniciado uma nova era. Espera-se que estes novos tempos sejam de outros comportamentos e atitudes. Que os portugueses, eleitores ou não, porque todos são portugueses, os que votaram e os que não podem, ou não quiseram, tendo esse direito, e, com isso, não perdendo nenhum direito como cidadãos, sejam agora alvo de outra consideração e respeito. Que, a partir de agora, se informem os portugueses, sobre a vida do seu país. Sobre as contas Nacionais, sobre as opções que se quiserem tomar. E que, a partir deste momento, após tomada de posse de um novo Governo, e com a concordância e envolvimento de um Partido Socialista mais democrático, regresso a outros tempos, pré-Sócrates (mas um PS que até ao momento ainda não mostrou querer iniciar uma nova era, de mais consideração e respeito pelos portugueses, ou teriam tudo feito para substituir o seu Secretário-geral, antes de Setembro, o que é demasiado tempo, para um país e uma Democracia que exigem urgência...), as atitudes de controlo da informação e manipulação abusiva e anti-democrática da mesma cessem e outros ares se respirem!

É tempo, também, e não é de menos, de iniciar um processo de revisão de uma Constituição retrógrada e anti-democrática, excessivamente programática, arrogante e determinística, que não se coaduna com as actuais e futuras gerações de portugueses. Os portugueses da actualidade e do futuro, não têm de ser obrigados a viver com uma Lei Base que determina que Portugal segue reumo ao Socialismo. Segue, se a maioria dos portugueses assim o determinarem, e não um texto castrador, em tempos elaborado, por outras mentes e gentes. E nunca ficou demonstrado que o Socialismo fosse melhor e mais justo, mais promissor e mais enriquecedor, política, social e economicamente, do que outro sistema ou ideologia política. Nem nunca o tivemos em Portugal, com quase quarenta anos de experiência democrática, sendo que a Região, onde mais se praticou e aproximou de um tipo de Socialismo, foi precisamente a da Madeira, onde o líder regional a diz negar e rejeitar. Irónico... Seja qual for a orientação ou tendência futura, das próximas gerações, não é aceitável, nem democrático, que a Constituição de uma país, supostamente democrático, lhes diga como será o país, se eles o quiseram diferente.

Nem nós, actuais actuantes políticos, nem os do passado que elaborou e votou esta actual Constituição, têm mais esclarecimento, ou mais direito político, que possa determinar todo o futuro de um país. Este processo de revisão da Cosntituição deve ser abragente, como o exige a própria Lei Fundamental e consensual, mas não apressado, e mal preparado. Não é nem necessário, nem aconselhável que se reveja esta Constituição, que deve ser feita sem medos e complexos de qualquer natureza, ou origem, se faça em meses.

Pode, no geral, fazer-se em alguns anos. Mas fazer-se, com determinação e consistência. Que estes tempos novos, que espero sejam efectivamente novos, nos tragam novas mentalidades, sem complexos ideológicos, mas obviamente com ideologia. É fácil ser-se democrata, sem complexos. É ter-se ideias e ideologia, rejeitando qualquer forma de populismo ou demagogia, mas respeitando, ouvindo e reflectindo, em ideias e sugestões distintas das nossas próprias.

Foi o que Sócrates não quis e não soube fazer, nunca. É essencial que se respeitem os portugueses, para o que informa-los é fundamental e raiz de todos os procedimentos e atitudes democráticas e de bom senso.

Essencial envolver a Oposição democrática da AR, mesmo que essa ainda esteja em rebuliço e renovação, actualmente. E não se tenha predisposto a ser responsável com o que o seu Partido assinou com as instituições internacionais, vulgo 'troika' e 'memorando' da mesma. E é pena que não sinta a urgência que o país sente, tendo já entrado num período de três meses de férias, quando Portugal não as tem. O seu líder devia ser encontrado antes de Agosto, no máximo, e não apenas em Setembro...mas enfim, é o que temos.

E com quem quer que seja que venha a liderar a Oposição nos próximos anos, há que o envolver e fazer cumprir compromissos fundamentais. Esperemos ter gente mais democrática e moderna nos próximos anos da nossa vida política. E que se avancem com as Reformas que Sócrates apenas anunciou e encenou, mas nunca fez: da Justiça, da Educação, da Administração Pública, das Finanças...

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