Ensino: um circo de erros e equívocos com dezenas de anos


As escolas fecharam em Julho e estão, neste momento, a poucos dias de reabrirem. Lá pelo meio de Setembro, a rotina volta às nossas escolas e às famílias, jornais, que irão fazer balanços e encontrar novidades neste ano lectivo, boas ou mais, onde elas não existem. E, claro, essa rotina, também voltará ao nosso triste e incompetente, arrogante Governo e Ministério.


Desde há decénios que se ensinam calamidades, conhecimentos inúteis ou fúteis, exageros de cargas horárias, desperdícios de recursos, financeiros e humanos, e todo um circo de vaidades sem mérito e merecimento, entre professores, pais e ministério.


Há dezenas de anos que se ensinam coisas que de nada servem e ninguém quer aprender. Pior, ninguém aprende coisa nenhuma: em educação musical, em educação visual e, agora também, em áreas, ditas modernas e úteis, mas nas quais, nenhum aluno aprende mais do que assistindo a um programa de compras na TV, a misteriosa ‘educação tecnológica’ e ainda a informática, onde se aprende tudo...desde definições sobre ‘memórias RAM e ROM, discos rígdos, etc, mas não se ensina, nem ninguém aprende a utilizar um computador ( e não apenas PC, porque há outros sistemas, Apple, Linux, etc).


Na educação visual, desde a primária que se ensinam vazios...coisas nenhumas... e com técnicas como...usar ‘lápis’ (ou crayons) de cera, a seco, com um material produzido especificamente para se usar com solvente orgânico, alguns deles tóxicos e, como tal, impossíveis de usar numa escola. Isto em lugar de se ensinar a usar um simples e eficiente ‘lápis de cor’, ou uma aguarela (uma técnica muito difícil, pela extrema dificuldade em se controlar a água, num papel e as cores de corantes, perdão pigmentos, naturais, em suspensão aquosa, coisa bem mais difícil do que eventualmente se possa pensar. Ou uma espécie de aguarela, mas já, neste caso, uma material em solução e não suspensão, aquosa também, a conhecida ‘ecoline’. Ou um guache, etc.


Mas, pior, com a desculpa de se incentivar a criatividade, de quem não a tem ainda, as crianças, não se ensina a desenhar. Mas nesta disciplina, ou matéria as coisas até estão bem piores do que há quarenta anos atrás, pois por essas alturas usava-se mais alguns dos materiais acima exemplificados e ensinava-se a desenhar, pois há mesmo técnicas para tal e nem tudo depende de talentos inatos. Desenhar e pintar, tal como aprender música, pode ser assimilado e desenvolvido ou não, por quase todas as pessoas e, obviamente, tal pode iniciar-se em idades muito precoces. Depois, o talento e a eventual genialidade definirão o caminho futuro e um possível sucesso.


Na educação musical continua-se a ensinar provincianismos portugueses, ou infantis cançonetas, e tratam-se, assim, todas as crianças e jovens como evidentes anormais...

Mas nunca se enveredou pela implementação autêntica de ensinos de instrumentos vários, com a ridícula excepção da flauta, um instrumento nada fácil...e, por isso quando as criancinhas nos tocam as maravilhosas e ingénuas melodias provincianas e infantis, todos nos sentimos desconsolados e um tanto ou nada mais estúpidos. Uma espécie de ‘morgadinha dos canaviais’ na ponta de uma estupenda flauta de plástico adquirida numa qualquer lojinha de brinquedos e apetrechos infantis...


A Educação físíca...agora sim, isto é sério! Nada de criticar ou fazer chacota da educação do físico das nossas crianças...que cada dia estão mais obesas e menos hábeis para desportos. Não tenho nada a opor a educações do físico dos jovens, bem pelo contrário. Mas impingir-lhes testes teóricos sobre regras de desportos colectivos, mesmo que os jovens em causa sejam completamente anti- desporto e tão destros ou aptos como um rato para aprender matemática ou história de arte? E porque não, simplesmente, criar-lhes o prazer do ar livre, do desporto mais habitual nas necessárias manutenções da boa forma física e da saúde em geral? A corrida, a ginástica, com aparelhos mas também sem eles, a natação? Porque nunca se investiu consideravel e decisivamente nas estruturas fundamentais para estas práticas? E porque se obriga e insiste em por jovens de dezasseis e mais anos a estudar matérias teóricas e a praticarem desportos que odeiam? Esta, como a música e as artes visuais, não matérias de algum pendor pessoal e motivação, e aptidão? Ou, até, vocação?


Depois as matérias e disciplinas total e completamente inúteis e tantas vezes sem conteúdo? Geografia, Francês, a eufemística ‘área de projecto’. Que se aprende de substancial e útil nestas ‘disciplinas’?


Francês em vez de Espanhol?


Geografia sem conteúdo? Porque parte da matéria até já é do foro da história e é, precisamente, e bem, versada na História?


Porquê estes desperdícios de recursos financeiros, humanos e de tempo de pais e alunos?


E ainda há as teatrais, também eufemísticas e desnecessárias, porque nunca ouvidas ou respeitadas, associações de pais. as esplêndidas reuniões de entrega de um papelinho, com a avaliação do educando... as reuniões com Directores de Turma, que apenas cumprem calendários e se esforçam tanto para inventar problemas, nos educandos, onde eles não existem?


Hoje o Ensino é mais um campo político do que uma Política do Estado, com a finalidade de educar as crianças e jovens e constituir no futuro uma sociedade mais informada e formada.


Hoje o objectivo primeiro do Ensino que seria ensinar, e criar prazer na Aprendizagem, e na Informação e, ‘exagere-se’ e ‘pasme-se’ ...na Cultura (uma coisa ‘do outro mundo’, ‘uma grande seca’, algo ‘bué da seca’)


Sem prazer de Aprender, não se aprende com bases sólidas e duradouras e, nada importa que se estabeleça a base educativa mais adiante ou mais atrás, num 9º ou num 12º, um ano mais ou um menos. Se a vontade é sempre procurar o ‘desvio do ensino’ e do conhecimento, e do desenvolvimento e aperfeiçoamento pessoais, e, ao que ao Estado se lhe confere, desenvolvimento social e colectivo, então, ano atrás, ano à frente, desistir-se-á de ser melhor, mais informado e mais culto. E, menos preparado ou menos crítico e interveniente...será a consequência.


Por isto tudo, Senhora Ministra e Senhor Primeiro-ministro (que mistificou todo o seu trajecto escolar, educativo e informativo, com base na mentira e na invenção de habilitações que nunca teve e não tem o direito de usar), de nada serve trabalhar em pseudo-reformas ou ...trabalhar as estatísticas, fabricando-as. O nosso povo é quem sempre pagará a sua própria preguiça e desmotivação, com a ignorância e impreparação para tudo.


Para trabalhar, para ser mais culto, mais critico e mais interveniente, mas com base e mérito para o ser.

Um circo com dezenas e anos e alguns, muitos, milhares de culpados.

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