O pior dos corporativismos

Sempre fui contra o Corporativismo, como forma de estar na vida profissional e pessoal e de se defenderem interesses, muitas vezes até justificados.

Hoje temos ainda em Portugal uma das mais fortes e duradouras expressões do Corporativismo: as farmácias, como actividade económica.

Não conheço nenhuma outra forma de expressão comercial tão lucrativa e saudável, que tantas alegrias tem dado aos seus proprietários e alguns colaboradores, pelo facto de terem conseguido impor a defesa de uma actividade profissional, como nenhuma outra o conseguiu.

É aberrantemente retrógrada a ideia de que uma Farmácia tenha de ser propriedade de um farmacêutico, pelo facto, aliás falsamente defendido pelos seus mentores - Associação Nacional de Farmácias e seu dirigente, farmacêuticos e alguns "iluminados", como o foi Ferro Rodrigues, que conseguiu descobrir uma função social no negócio mais rentável que em Portugal existe e, de forma muito estável, contra todas as crises ainda se mantém de assim poder prestar um serviço com garantia técnica aos seus clientes (e não utentes, que neste caso não o são).

Ferro Rodrigues defendia que as farmácias não são um negócio, mas sim um serviço. Enfim... todos os negócios são um serviço, mas só ele parecia não saber.

O pior da defesa de tais ideias, uma especificidade portuguesa aliás, é que assim se vem mantendo um lobby, muitíssimo forte e demasiado lucrativo, pelo que acarreta de preços elevados para os seus clientes. Muitas análises têm demonstrado que em Portugal os medicamentos são bem mais caros do que em todo o resto da Europa - resto é forma de dizer, pois resto, somos mesmo nós, mas para alguns um resto, muito lucrativo.

Acabe-se de vez com esta Lei absurda da exclusividade da propriedade das farmácias e logo se há-de ver se a concorrência e a ausência de proteccionismo não elimina boa parte das margens comerciais que nos custam a todos.

Comentários

patologista disse…
Infelizmente também me parece que a liberalização tornando a aquisição de medicamentos mais simples, não os tornará mais baratos. Os que querem a sua parte do negócio é apenas para partilhar os lucros espantosos que têm e não para fazer um qualquer favor ao público.

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