A importância de LER: uma análise superficial



Para que fiquem mais claras algumas ideias, antes de me enveredar pela reflexão a que me proponho, quero começar pelos seguintes pressupostos:

Primeiro ponto: Para vivermos e sentirmo-nos bem, não é fundamental termos gosto pela leitura. Tudo depende das nossas expectativas, em relação à vida, ao que se quer e espera dela. E do nosso relacionamento com o meio em que nos inserimos.

Segundo ponto: Para sermos informados, não é fundamental lermos livros. Aliás, uma grande parte da informação flui hoje com velocidade tal que não se compadece com o ritmo da feitura (escrita, revisão, proposta a editoras, impressão, distribuição, ...etc) de um livro. Hoje, o ritmo e a frequência informativa são de tal ordem que tudo nos chega mais rápido do que a informação contida num livro (partindo do princípio que esta será relevante, formativa e contribuinte real para a cultura individual). As notícias chegam ainda mais rápido do que o tempo de uma viagem, mesmo de avião. E nem sempre assim foi.

Terceiro ponto: Será mesmo fundamental termos a preocupação da aprendizagem? Da evolução cultural e formativa, individual?

Se tudo isto acima referido é verdade, é apenas parte dessa mesma verdade. Para mim, entenda-se.

Podem-se ler jornais, revistas, notícias pela internet, blogues e outros meios próximos, mais ou menos enquadrados no que designamos de imprensa, ou media.

Pode-se (e é real) aprender em conversas de café, de família, em viagens, etc. è verdade também.

Mas façamos a reflexão sobre a verdadeira importância dos livros.

Um livro- principalmente se for bem construído, estruturado, bem escrito, com originalidade, ou seja algo inovador, informativo do ponto de vista cultural e pedagógico- pode ser um meio bem diferente, porque mais marcante, porque o seu efeito será mais permanente, menos efémero, do que um artigo de jornal ou revista ou do que um artigo (post) de um blogue.

Uma boa história, que nos faça prender à leitura por muitas horas, dias ou semanas, tem, para além do efeito do seu conteúdo e do seu impacte (como acima referido), também um efeito no nosso comportamento. Leva-nos a uma concentração, a sentirmos emoções que podem variar de dia para dia, de hora para hora, tem efeito também na nossa atitude cultural- pois a reflexão que nos possibilita é incomparavelmente superior á de um artigo de revista ou jornal. E ensina, um livro ensina.

E. voltando ao ponto três, se um livro nos ensina, muitas coisas novas, então já é positivo. Muito positivo. E aprender, sempre, pela vida fora é, tenho-o para mim como ideia básica, uma coisa muito, muito importante.

Mas, os livros também podem ter efeitos perversos, negativos. É lógico que sim, se forem maus...e há-os muitos por aí. Só que esta presunção não nos deve inibir de procurarmos o que é bom.

Agora vejamos, de forma superficial embora, o que se tem feito pelos livros em Portugal.

Constituíram-se benefícios fiscais para tantas coisas e produtos em Portugal: produtos bancários, produtos relativos à educação e à saúde.

Mas, num país onde se lê, ainda, tão pouco (embora o cenário esteja a melhorar) não se deveria pensar noutras formas de promover o Livro? Por exemplo, dando a possibilidade de utilizar valores de aquisição de livros, para deduções fiscais, no IRS acima de um dado valor; ou por escalões; ou ainda, por géneros literários (estabelecendo códigos que seriam logo à venda introduzidos nas facturas das livrarias).

Por mim, poucas coisas me dão tanto prazer como a leitura de um BOM LIVRO. As experiências, sensações e novos conhecimentos que um livro me possibilita são inigualáveis. Nem um concerto, nem uma viagem, nem uma conversa, nem um curso, nada se compara à leitura, senão de um, de um conjunto continuado de livros e leituras.

Um dia gostava que esta doença se espalhasse, como epidemia, pelo meu país fora...
( países com a Alemanha, Áustria, Itália, Reino Unido, podem gabar-se de estarem doentes...)Posted by Hello

Comentários

Hipatia disse…
Ah! Voltaram os comentários :)

Hip Hip Hurra!

E, para o texto, um imenso clap clap clap!

:)
Anónimo disse…
Sempre gostei de ler. Mesmo quando ainda não sabia.
Li tanto, tanto, que vivia através dos livros? Um dia cansei-me, fartei-me. Deixei de ler. Durante sete anos (não fui para o Tibete, fiquei em Portugal). Curei-me da saturação, voltei a ler. Depois disso retomei e termineio romance que deixara a meio ao fim de 23 anos.
E pensar que a nossa vida não chega para lermos todos os livros que desejaríamos...
Anónimo:

Pois esse é o meu grande problema: sentir, saber mesmo, que não há já tempo que chegue para tanto livro que ainda me falta ler. E já estou a descontar os maus, ou que penso sejam maus.

Mas lendo o teu comentáro, fiquei com uma ideia ainda mais clara de que ler é também, entre outras coisas uma religião, até FÉ que depositamos num livro antes de nos aventurarmos.

Como com uma religião, esse teu interregno nas leituras, foi renovador, recuperador, não? (eu não sou mutio religioso...)
Anónimo disse…
Foi para crescer. Para verificar se a escrita/leitura tinha alguma razão de ser. Se a vida lá fora também é assim. Ou se era tudo uma grande invenção para nos toldar os sentidos, sedar o espírito, mais que uma religião, uma droga!
Cheguei à conclusão, que se é droga, pelo menos não é nociva, pelo contrário pode ser libertadora e não a penso largar. Mas o maior desafio seria conseguir corporizar o livro que todos os dias se desenrola na minha cabeça. Conseguir lê-lo de fio a pavio, sem saltar páginas e capítulos.

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