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A mostrar mensagens de dezembro, 2014

Sócrates: um caso de polícia e muito mais

Muita gente se mobilizou pela internet, pelas opiniões em cafés e com amigos, à volta da prisão de Sócrates. Nada de surpreendente. O que surpreende, os mais desatentos, é o cortejo de figuras que o vão visitar ao calabouço (talvez o seu merecido lugar desde sempre). Sócrates possui muita informação e segredo sobre muita gente, por ter facilitado, ajudado e patrocinado uma linha de corrupção que envolve muitos dos que agora o visitam. É preciso, é fundamental ir beijar a mão "al Padrino". Quanto a isto fico por aqui, já disse tudo. Aliás, estou tão cheio desta estupidez à volta de um criminoso, que me apetece decidir não mais escrever sobre o energúmeno. Mas não iria fazer essa vontade aos seus cegos e burros seguidores, lamento. Sobre este caso e criatura, vejo dois grupos de pessoas. As que insistem utopicamente na sua impoluta pessoa, num grande político que, à maneira de Estaline, querem branquear, reescrevendo a história, e até pretendem condenar a própria Justiça, e

Reflexões sobre os povos e as suas inexplicáveis (faltas de) atitudes

Há algum tempo que me tem dado esta vertigem de reler e rebuscar na memória os acontecimentos que conduziram às duas Grandes Guerras Mundiais, na Europa originadas e desenvolvidas. Estes caminhos devem-me ter sido sugeridos pelo lado "peste" da minha mente vacilante- o Inconsciente (ou serve isto de pretexto, apenas). Quando me interrogo sobre as razões que (não) assistem a um povo para não tomar uma atitude, organizar-se num dado momento, ou durante uma época relativamente longa...como aconteceu com Portugal durante os anos do Estado Novo (sempre me irritou este epíteto sobre época tão retrógrada), como aconteceu em Espanha, durante os anos de Franco, como aconteceu na Europa da Primeira Guerra, quando povos enlouqueceram, em nome de uma dita (ditosa) honra que diziam defender, como voltou a suceder na Segunda Guerra, em que um povo evidentemente de cultura superior a tantos outros europeus, se deixou convencer, subjugar e conduzir por um louco mentiroso, de inteligência d

2014+1

Juntaram-se uns algarismos. Formaram um número. E não sabiam o quanto de perverso continham. 2, 0, 1 e 4. Apenas por que eram parte de uma sequência. E as sequências não têm vontade própria, mas podem trazer muito de impróprio, inadequado. 2014 foi um ano terrível. Para mim. E para os meus. Os meus desgraçados conterrâneos, compatriotas, como já nem é uso chamar-se a um povo, mesmo a este povo antigo, com sulcos de dor e miséria na cara. Há quase um ano se elaboraram promessas, de nós para nós mesmos. E para os nossos mais queridos. O ano...trouxe tanta surpresa. Confesso que algumas foram boas. Por caminhos certos, por caminhos ínvios, e por caminhos inesperados, como tal, desconhecidos. O meu tão saudoso pai, que sempre recordo com tristeza por estes malditos dias "de festa", sempre acreditava a cada ano, num recomeço melhor. Era um homem de esperança, tanta quanta a força moral e intelectual que o caracterizava. A cada batida da meia-noite, no nosso terraço no Funchal,

Os sentimentos que nos diferenciam

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Li algumas passagens do novo livro de Sousa Tavares. Considero-o um homem inteligente, com uma escrita de qualidade, não diria irrepreensível (mas exceptuando o perfeccionista Mário Cláudio, ou a inteligência superior de Herberto Helder, quantos a têm?). É uma obra que o autor pretendeu intimista, que confessadamente, e algo timidamente, o diz. É interessante, isto do intimismo de quem escreve, e se sente como escritor, o que Miguel Sousa Tavares também nos confidencia. É interessante e algo polémico, muitos leitores nunca o aceitam. E um escritor arrisca muito ao fazê-lo. Pode denunciar algo ou muito da sua idiossincrasia. Pode deixa-lo demasiado exposto. Mas um escritor é um artista, como ele também o diz, no que concordo. Esse é, desde já, como declaração de intenção minha, um acto de coragem. Sousa Tavares tem muito de corajoso, com muita frequência nas suas opiniões políticas e logo, bem patente, também, na sua escrita. Arrisca. Foi acusado mais de uma vez de ter baseado al

Porque falhou a Social-democracia no Sul?

 Numa Nação normal, ou numa Democracia saudável  e funcional, três intituições são basilares: Estado Primado do Direito (hoje muito questionado) Responsabilização governamental Os países do Sul da Europa, onde desde há quinhentos anos se assitiu à resistência católica pela luta pela libertação religiosa, por oposto ao que se passou no Norte, com a Reforma de Lutero, um princípio  tem-se mantido quase inalterado: o questionar o Poder, afrontá-lo e obrigá-lo a dar provas de mérito e de confiança. Portugal não é o único país onde o terceiro ponto dos fundamentos mais básicos de uma Democracia europeia moderna não se verifica, ainda ao dia de hoje. Para alguns, os menos informados e menos intervenientes civicamente, ou para outros, os próprios interessados neste nebuloso e estrangulado Poder executivo, os políticos eles mesmos, por outro lado sequestrados por um certo poder económico, os actos eleitorais bastam ao exercício da responsabilização governamental. Mas, ao invés do que é propal

Regime

Há momentos, há pessoas e há afirmações que me deixam perplexo. Leio, um pouco por aí, opiniões, umas citadas, outras em primeiro nome, de políticos sobre umas das discussões mais actuais a nível europeu. A discussao consubstancia-se numa necessidade, cada vez mais evidente e premente, e numa pergunta que vamos fazendo todos, pouco a pouco: o Regime que conhecemos e temos, serve hoje actualmente as populações, os cidadãos?  Quando Rui Rio pareceu ter uma ideia da necessidade de alteração do regime actual, foi entendido, como questionar a Democracia. Li sobre as ideias de Rio, mas não o ouvi em lado algum (claro UE alguém ouviu, eu não) por em causa o actual Regime Democrático. Hoje, li o que escreveu Rui Moreira, ainda em estado de graça, o actual Presidente da Câmara do Porto, que anda muito activo a distribuir disparates. Um dia destes estampa-se numa ideia qualquer, uma opinião absurda, como quem anda em excesso de velocidade, quilómetros a mais. Segundo Moreira andam a por a Democr

Momentos emergentes

Os Estados vivem, ciclicamente, momentos de uma necessidade particular, em que devem congruir e colaborar diversos factores e forças especiais. A nossa mente tem momentos de especial lucidez, de uma força aparentemente inesgotável e uma energia contagiante. Assim, também, as sociedades, por via da conjunção de diversas mentes, de pessoas com a clarividência acima do normal, com a visão impossível a tantos outros. Momentos emergentes. Momentos de uma espécie de concentração transcendental, social, neste caso. Assistimos a um momento especial, talvez único, esperemos que não irrepetível. A Justiça que tão adormecida (ou amordaçada) andou, encontrou forças desconhecidas e lançou-se em operações de enorme envergadura e grande perigo. Há perigos tremendos associados a esta investigações, num país com muito poucas tradições de prestação de contas aos cidadãos, com muita poucas tradições de transparência na vida pública. Perigos de manipulação secreta, de obstrução da actividade de investig

Reciclagem

De tempos em tempos...faço uma quase involuntária reciclagem de pensamento. Uma revisão do que sucede, tem sucedido e do que tenho sido, feito e pensado. Dou de caras com a vida pessoal, tanto como com a vida fora de mim, da minha sociedade, do meu país. E desse quero (voltar a) dizer umas palavras, já antes escritas. Não somos um país de grandes ou escassos recursos. Somo um país (praticamente) sem recursos naturais. Mas vivemos um tempo em que os recursos que podiam fazer a diferença, não são os mesmos de outrora, são bem outros. Conta hoje um poder de negociação internacional político, e comercial, com base em produção energética, em petróleo, em capacidade industrial instalada. Não tanto os recursos mineiro de outra época, pois a dependência dos países é mais determinada por ter ou não petróleo e produção energética, mas também capacidade empresarial proveniente de negócios, à escala mundial, relativos a tecnologias e bens hoje preponderantes. Não temos nada disto. E quem tem? Te