Um mundo triturado pelo dia a dia necessário
Deslocava-se pelas ruas com o pensamento noutros momentos, noutras pessoas, noutros locais. Como o livro que vinha a ler, pouco a pouco, em cada comboio e cada transporte que o conduzia ao trabalho, no qual o mundo do escritor se ia desenrolando, desnudando, aos olhos de todos os que o liam, ou leram. Eram pensamentos sobre a razão das coisas, a razão de ser. Do trabalho, do mundo assim construído, que já não levava ninguém a mais do que ir, sem interrogações. Eram as pessoas todas estranhas, uma, algumas, normais, as suas conversas, sobre os seus dias, o que alguém lhes havia dito e irritara, o que alguém lhe havia dito e encantara. Uma promessa, uma ilusão dita, ou uma promessa cumprida com prazer. E o prazer, onde estava por estes dias? O prazer, que em tempos se pretendeu encerrar numa gruta das vontade e naturais impulsos humanos, defendido publicamente há muito, demasiado tempo para que consigamos entender cabalmente como foi ele capaz de ler a mente humana e a felicidade necessá...