No país dos carros negros (II)
Entra no café pelas nove da manhã, ali junto à estação da linha do comboio, em Oeiras e pergunta: Posso ir à casa de banho? O empregado, um pouco surpreendido, sentindo-se algo como um professor em sala de aula, responde: sim, é ali à esquerda. A senhora, com evidências de noite mal dormida, arrasta os pés, indolente e preguiçosa, de uma noite de mais tristezas e misérias, que nem a deixam pensar que o direito a frequentar uma casa de banho de um café, é um direito público, que não pode ser bloqueado, para além dos normais 'direitos de admissão' a um espaço que, sendo publico, pertence a uma empresa privada: um café. Ser de direita e ser de esquerda: continua-se a fazer a divisão da sociedade, em momentos particulares, felizmente, entre os que são, ou serão, de esquerda, 'os bons, amigos dos outros, dos mais carenciados', e os de direita, os egoístas, que vêm o mundo e a vida pelos olhos do 'vil metal' e da nota de Euro/Dólar. Visão minimalista e redutora, par...