A Grande Mentira

Desde que, após Segunda Guerra Mundial, vários países ensaiaram modelos de suposta maior justiça social, aplicando ideais de uma democrática social-democracia, que muita coisa mudou, em todo o mundo e incluindo os referidos países nórdicos e centro da Europa, com destaque para a Alemanha, a Suécia, a Dinamarca, Noruega e Holanda.

O modelo da social-democracia, que suponha aplicar uma ainda desconhecida maior justiça social, foi sendo aplicado durante mais de quarenta anos no Norte e Centro da Europa, ficando todo o Sul com regimes ou ditatoriais ainda ou de muita desigualdade e, por consequência, justiça social.

O problema com a Social-democracia começou quando o espaço europeu, em particular onde as referidas experiências se foram dando, percebeu a necessidade de uma maior competitividade industrial e económica, liderada por empresas muito mais antigas do que a implantação (não a criação) dos ideais social-democratas: na química, no sector automóvel, na produção do aço, nas emergentes industrias do plástico, na produção alimentar (que a dado momento já se podia dar ao luxo da procura de mercados externos à Europa, após a depressão produtiva e a fome, em concreto, surgidas de duas Grandes Guerras. Seguiram-se os primeiros pioneiros na electrónica e a fascinante e muito fútil indústria da moda e do glamour. A Europa estava do auge, ainda quase cinquenta anos após 1945.

Mas, paralelamente, a necessidade competitiva levara a alguns desvios da grande política de justiça social e económica, marca indelével do Norte da Europa. E tais desvios, ao ressurgimento das dúvidas e de ideias contestatárias (mais antigas e retrógradas) da democracia com justiça.

A necessidade de Partidos que pretendiam marcar a diferença entre os vários, por princípio democráticos, veio com o tempo a extremar posições, a confundir o panorama político e, pior, a atenuar fronteiras e diferenças que chegaram a ser claras e mais ou menos transparentes e igualitárias para todos. Por altura da democratização de regimes totalitários como os do Sul europeu, de Portugal, Espanha, Grécia e inclusive Itália, o panorama político era bem mais confuso, quando antes as ditas "esquerdas" e "direitas" se haviam tornado bem distintas nas opções aos olhos de eleitores. Com o tempo, muitos elementos recém-chegados a organizações políticas, ou mesmo alguns já antigos nelas, mas nunca próximos do poder, entretanto progressivamente mais fraco, foram "recriando" ideologias e adoptando medidas pouco convencionais dentro dos seus ideais de origem (quando os tinham).

O tempo veio ainda modificar mais o panorama político mas, se tal não bastasse, as opções económicas e financeiras.

A tradicional justiça social quase desapareceu dos Partidos tradicionalmente apegados a ela. A redistribuição da riqueza dos países foi substituída pela urgência da manutenção das grandes máquinas estatais. Estas, em tempos ( nunca no Sul, apenas no Norte europeu, mas já bem menos também hoje), dedicadas a compensar a riqueza pouco ou mal "distribuída", com classes sociais cada vez mais distantes, com poder económico, social e, bem mais grave, político centrado  no domínio típico das economias capitalistas, transformaram-se em simples sorvedouros incompetentes dos dinheiros públicos, chegando-se hoje a uma situação de bem maior injustiça social, com o total controlo do Estado por grupos económicos amigos do regime, dominando e esmagando o parco rendimento da esmagadora maioria dos povos: em Portugal no extremo maior, mas também em Espanha, Itália, Grécia e, agora também, em França e quase todos os países da antiga Cortina de Ferro, entretanto passando por experiências democráticas ainda muito recentes e perigosamente não consolidadas.

Chegamos hoje ao Tempo da grande injustiça, representada pelas maiores mentiras de Justiça e progresso do (pseudo) socialismo democrático, apenas para salvar a qualquer custo, o status de políticos e forças políticas retrógradas e enquistadas em teorias sem qualquer utilidade nestes tempos.

Vive-se actualmente a maior e mais perigosa mentira política desde a Segunda Guerra Mundial. Mentira porque se promete progresso impossível, asfixiados os povos (em Portugal e Espanha e Grécia, mas com sinais preocupantes em muitos mais países). Mentira porque apenas se trabalha para manter uma imensa máquina de ineficiência, grande sorvedouro de impostos, sempre mais impostos, sem nunca pararem de progredir.

Mentira e perigosa porque apenas se promete, e se faz o oposto. Em Portugal. Em Espanha e por muitos mais locais de uma Europa em crise civilizacional não admitida, mas em avanço.

O Perigo vem com a Mentira e esta com a promessa de maior justiça e progresso, mas apenas o Estado engorda, lembrando os tempos das mais terríveis ditaduras. E, para manter a Mentira, tudo é válido: o controlo da Comunicação Social, da Justiça, da Banca, a asfixia e prisão perpétua da grande maioria de nós a um sistema complexo de Impostos, que nunca nos libertarão.

O engano chega-nos com o único e enganador escape das famílias: a ilusão do crédito fácil ao consumo, atenuando de forma efémera a degradação bem acentuada das condições de vida. Mas não de todos, pois os mais ricos, mais ricos estão. E mais poderosos.

Este é o tempo do Falso progresso e da Falsa justiça social. Para gáudio de políticos medíocres que grassam pela Europa e para o bem-estar da elites, todas elas ligadas em interesses já nem obscuros ao Poder.




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