Pela nossa saúde!

Sapos Jornais (Correio da Manhã), hoje: "Férias de Médicos agravam caos na Saúde”.

Se há coisa que não entendo é isto: como se deixam as urgências dos hospitais chegar a este estado. Pelo vistos, de certeza, não sabe o Estado, melhor, o Governo, que o direito à saúde não pode ser comprometido por nada. Nem falta de verbas, nem falta de médicos, nem falta de Ministério capaz. Por acaso sabe o Governo que numa sociedade organizada este caos já o teria feito cair? 

Nos últimos meses, por um acaso infeliz, andei um tanto pelos hospitais. Um cálculo renal teimoso, médicos incompetentes que, sem entrar em detalhes, foram atrasando a solução de um problema simples, conduzindo a duas infecções gravíssimas, que me podia ter custado a vida. Literalmente.

Sobre o pessoal dos hospitais, tenho a dizer o seguinte, depois de ter passado em quatro hospitais da região de Lisboa: Médicos na urgência, tudo bem, umas vezes, sim…outras nem por isso (exemplo: um médico pouco competente receitou-me um antibiótico generalista, de largo espectro, que, por não ser adequado à infecção em causa - ele tinha o meu historial e podia, por isso, saber que a infecção anterior - infecção de origem hospitalar, como seu sabia e consta numa das notas de alta…- havia sido causada por uma bactéria, que só podia se combatida por um antibiótico hospitalar, conhecido pela “bomba dos antibióticos, e um seu colega, de competência duvidosa também, logo comentou comigo “mas não lhe fizeram uma urocultura?” o que atesta bem as dúvidas e a deficiente formação dos nossos clínicos. Eu sabia…por formação profissional, que um antibiótico mal receitado, numa situação infecção grave, podia dar como consequência o desenvolvimento da infecção, ao contrário de a debelar, pois destruiria as bactérias que competiam com a da causa principal. Não o sabem estes médicos).

Do pessoal de enfermagem, simplesmente nada tenho a apontar, ou até tenho: são profissionais formidáveis, quer na competência, quer na dedicação e capacidade de trabalho.

Um cálculo renal, e seis meses para resolver a situação! Por decisões erradas, vacilações e insegurança da classe médica. 

Esta semana resolveu-se finalmente. Mas como tinha indicação de, em caso de febre, de dirigir de novo a uma urgência, lá fui eu, ontem de novo. Pretendia ter a certeza que os sintomas, febre, tonturas, vertigens e arrepios, não eram provocados pela minha inimiga Klebsiella. Não consegui saber. Não consegui ser atendido na urgência, após quatro horas de espera ainda tinha dezassete pessoas à minha frente. Porque também me pareceu que os sintomas eram mais de um estado gripal, desisti.

Pelo meio, a observação ao vivo do caos que dizem haver nas urgência dos hospitais. Confirmei. E nunca tinha visto as coisas numa urgência, como vi. Até uma insólita situação, de um indivíduo ferido por uma bala, provavelmente da polícia, pois quatro viaturas da PSP mais uma provavelmente da PJ ali entraram. Uma pequena situação hollywoodesca. Gente a protestar em voz alta, a dar o seu show, os habituais ciganos e outros doentes que se fizeram acompanhar de mais de dez pessoas. Será que ajudam uma urgência em caos, ao irem em grupo assim, por causa de um familiar? Uma urgência em que metade das pessoas não se podem sentar, e temos de ficar fora, junto à entrada, ao frio da noite, agravando o que para lá levámos? Ouviam-se comentários sobre as pessoas que chegaram a falecer na espera da Urgência. Como é possível deixar morrer alguém antes de se tentar resolver o seu problema, já dentro de um serviço de urgência? Isto não implicaria logo, de imediato, sem apelo, a uma demissão do chefe da urgência e do administrador hospitalar? E, após mais de um mês de caos, com situações de saúde a se agravarem, nas condições actuais, de tempo muito frio, principalmente para os mais velhos e debilitados, até por sub-nutrição, não devia o Ministro sair, demitir-se ou ser demitido? O Ministério a Saúde tutela a saúde ou apenas os custos e orçamento do SNS e regras da Saúde em geral? Há centenas de pessoas que desistem à porta da urgência e podem agravar o seu estado. Há gente a morrer por não lhes ser facultada uma assistência a que têm direito, que foi ou será paga, social e individualmente. 

A Saúde num país europeu não é a Saúde em Marrocos. O povo português não pode ser tratado como no Terceiro Mundo. Por cá, pagam-se todos os custos do SNS. Ou agora, ou por contração de dívida, pessoal e do Estado, que teremos também de pagar. O Governo tem Poder de decidir mal e reduzir custos, mesmo por exagero. Tem poder, mas não tem o Direito a fazê-lo! 

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