Reciclagem

De tempos em tempos...faço uma quase involuntária reciclagem de pensamento. Uma revisão do que sucede, tem sucedido e do que tenho sido, feito e pensado. Dou de caras com a vida pessoal, tanto como com a vida fora de mim, da minha sociedade, do meu país. E desse quero (voltar a) dizer umas palavras, já antes escritas.

Não somos um país de grandes ou escassos recursos. Somo um país (praticamente) sem recursos naturais. Mas vivemos um tempo em que os recursos que podiam fazer a diferença, não são os mesmos de outrora, são bem outros. Conta hoje um poder de negociação internacional político, e comercial, com base em produção energética, em petróleo, em capacidade industrial instalada. Não tanto os recursos mineiro de outra época, pois a dependência dos países é mais determinada por ter ou não petróleo e produção energética, mas também capacidade empresarial proveniente de negócios, à escala mundial, relativos a tecnologias e bens hoje preponderantes. Não temos nada disto. E quem tem? Terá a Suíça? Terá a Noruega? Não para a primeira, sim para a Noruega. Mas não é isso que hoje determina uma sociedade desenvolvida, onde o bem estar de todos, ou de uma esmagadora maioria é inquestionável. Como escreveu Fukuyama, o que hoje conta, e sempre contou, é a organização dos países, com fortes alicerces sociais. Com base popular sólida, participativa, informada e crítica. Exemplo de Fukuyama: Dinamarca.

A Dinamarca tem uma Democracia muito próxima do exemplar, e o ideal teórico que todos teremos em mente. Instituições políticas e sociais que funcionam, onde a corrupção não tem caminho, não singra. Gente política responsável e empenhada, que não está nessa forma de vida por interesse pessoal, para servirem um grupo e a si mesmos.

Que temos nós? Um exemplo gritante: Um ex-primeiro ministro corrupto até à país dos cabelos, ainda defendido por uns quantos cegos...diria, por uns palermas que sempre defenderão o grupo, contra todas as evidências. Lembro que também há, ao dia de hoje, os eternos estalinistas que dizem ser tudo mentira, sobre os crimes de Estaline, os maiores e mais atrozes de todos os tempos, provavelmente. Como não haver quem negue a evidência da culpabilidade de Sócrates? Como não defender um Barroso, um Cavaco, um Sampaio, um Soares, um Passos Coelho e, agora, um Costa?

Há quanto tempo esperam os portugueses por uma "aproximação" ao modelo de uma Dinamarca, de uma Finlândia, etc. Há quarenta anos? Ou há mais de cem? E a que distância estamos disso tudo? Mais próximos, como o mentiroso Soares foi dizendo e ainda insiste? Soares foi sempre um dos mais danosos e perigosos elementos da nossa (meia-) Democracia. E tanta gente se deixou levar por palavras, sempre desmentidas em actos (hoje ainda mais...será normal um ex-Presidente ir visitar e apresentar solidariedade um criminoso, um ser abjecto e inferior, como Sócrates? Acham as pessoas, mesmo, que um juiz pratica assim tantos erros, por uma qualquer cabala, que ninguém consegue explicar. Cabala para quê e porquê? Sócrates é assim tão importante, um salvador, um iluminado que todos temem e todos desejam a ponto de se elaborar uma cabala contra o verme?).

Quem foi e quem é Cavaco? E Durão Barroso? E Santana Lopes, Guterres, Sampaio, Sócrates e os agora (pseudo) líderes dos maiores Partidos? (Passos, Costa e Portas). Que pensam, que ideias boas e de valor têm? E que fizeram ou podem fazer?

Reciclagem do que penso...ou mais, talvez, do que vejo ainda pela nossa vida política. Que arrastará um dia, para fora desta vida social e empresarial, os tantos medíocres ou péssimos gestores que temos, também. E tanto que precisamos de outra gente. Que até já por cá está.

Portugal não precisa mais de Soares, Sócrates, Guterres, Sampaio, Cavaco, Costa, Passos Coelho. Não precisa e deve deixa-los fora do futuro que precisa ter. Quanto antes melhor.

Mas não é o que vejo. Ainda me revolto e aborreço e, sobretudo, preocupo. Quero ainda nesta vida, ver outro caminho e outro país. Onde a inteligência, a integridade, a personalidade marcante mas honesta, a capacidade de trabalho, façam sentido e tracem caminho, por cima do conhecimento pessoal, da influência de grupo, da conhecida e vergonhosa "cunha", que ainda é uso e abuso dos políticos de hoje, à descarada.

De quem depende esta reciclagem de personagens e um novo caminho? Deles, dos mesmos a quem não interessa mudar nada? Ou de nós, apáticos e mudos no seu próprio interesse? E como se faz? Pela escrita, pela net? Ou em todas as nossas atitudes e intervenções? Por exemplo, quem me diz porque razão gente inteligente e culta usa ainda o Acordo Ortográfico? Quantos berros necessitam ouvir para perceber que é um Acordo desnecessário, estúpido, mal feito, pernicioso para a língua e ilegal?

Não se podia começar por aí? E seguir para a exigência de uma luta mais intensa e determinante contra a corrupção? E para a substituição definitiva dos actuais actores políticos, sem populismo tipo Marinho e Pinto, ou outros, mas dentro das actuais organizações, com recuperação de ideias e projectos que ainda possam ter sentido, mas com a realidade actual bem presente?

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