No coração da maldade

Durante séculos o Coração era o órgão do Sentimento. Com o tempo, o coração passou a órgão do Amor, o amor-amor, amor-carinho, amor-paixão, o fraternal e tantos amores que só para abordar o tema precisamos de um glossário. Há alguns anos abordei este tema, tentando explicar o que, para mim, consigo destrinçar entre paixão e amor. Há quem sinta amor apenas quando sinta paixão. Um paradoxo em si mesmo, ou talvez não. Há quem fuja da paixão, daquele aperto no peito, o formigueiro, o trabalho acessório, desnecessário e perturbaste dos intestino (telúrico e raquidiano, dizia um professor meu de Inteligência Emocional). Há que considere que uma é o princípio do outro, que são fases do mesmo processo (que não nos tira 'do sério', mas tira o sério). Deixo para mim a minha escolha pessoal no cartaz mais procurado do Universo.

L'amour...

E depois há o ódio e seu corpo físico, a maldade. O anjo negro do amor. 

Quantos de nós já conheceram esta face necrótica da vida? Todos pensamos já ter conhecido, uma ou outra vez. Lembro-me da Lei de Murphy, que nos diz que ...há sempre uma oportunidade para que algo que correu mal, venha a correr pior. 

Mas a maldade vem com gente anexa. Como o amor, mas a face...pode, precisamente, vir disfarçada do mesmo. Lembram-se do Fausto e de Mefistófeles? 

E com a máscara do amor, pode vir um Mesfistófeles refinado? Pois.

Será o ódio e a maldade a face oculta do amor, ou a sua transfiguração? 

E há um coração com maldade, ou maldade no coração? E no centro (coração figurado) há o quê. E o que se pode entender por coração da maldade? No seu mais íntimo, e mais íntimo mais perverso, mais maquiavélico (lá está! Maquievel foi um filósofo! E não pretendia ficar com esta marca de mau. Era um estrafega, infelizmente ao serviço de uma corte Papal onde a maldade era um jogo de crianças, os Bórgia. 

Já foram abordados por este mal maquiavélico nas vossas vidas? E saíram com vida? Sim, claro. Mas o ponto é que não saiamos diferentes do que éramos, quando para esse coração negro que nos abraçou cinzento e asfixiante, entrámos.


Essa a arte, que nos fará flutuar no outro lado. 

L'amour. O elixir que não é para quem pode, não para quem quer. Mas para quem consegue.
Parece que quem não sabe amar ao ódio se dedica. Bebeu um outro elixir, veneno dos deuses negros.


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