A Mudança não é para já


Com o anúncio, de cara fechada, como quem anuncia algo que sabe ir estragar a vida aos outros, Passos Coelho veio há  cerca de duas semana fazer despertar a participação cívica que ele mesmo julgara adormecida de forma eterna. Gaspar, no início da semana seguinte, veio confirmar e piorar as coisas. Levantou-se o povo. O povo. Não o PS dos actuais imbecis e dos ladrões de há muito pouco tempo. Não o PCP que defende regimes ditatoriais, como a China, a Rússia, a Coreia do Norte e um tresloucado assassino na Síria. Não o Bloco de Esquerda, que alguns ainda querem que lhes seja a consciência política de reserva, o reduto final da sua revolta, desencanto profundo e grito de mudança, e ainda é pior do que o PCP, pela tremenda hipocrisia e muito disfarçada tendência totalitária. O mesmo BE que defende o regime da Coreia do Norte como coisa humana e desejável. Mantenho, como nota à margem, que PCP e BE deviam um dia ser impedidos de concorrer em eleições democráticas, a manterem estas posições (e outras como nunca terem votado a favor de um só Orçamento de Estado, de um único programa de Governo, de seja quem for, visto não ter sido deles). E que se devem retratar e destacar de todos os regimes totalitários e criminosos que por esse mundo pululam. Mas isto era uma nota de rodapé. O povo levantou-se, num movimento que, espero, nunca mais se retraia, nunca mais se deixe adormecer. Os políticos têm de aprender a humildade. A sua atitude tem de ser, de uma vez, a de serviço público, integral. São eleitos, logo são mandatados. Não propriamente para mandar, mas para executar, o que o povo sanciona das suas propostas. Isto já o era verdade com Sócrates, o totalitário maior do PS, que muitos cegos ainda não conseguiram perceber. Problema deles. E é-o, sem excepção, para todos os Partidos, como os dois que fazem esta actual coligação. Espero bem que os movimentos, na rua, na internet, nas casas de cada um de nós, nos círculos de amigos, em privado ou em público, que agora parecem ter querido tomar as rédeas da Democracia, não regressem mais 'aos seus quartéis'. A Democracia tem os seus representantes, é certo. Mas esses são apenas isso. Não mandantes, mas representantes. Do Povo. Passos Coelho parece ter pretendido um início de Liberalismo, rejeitado 'já no adro da Igreja' por uma maioria significativa dos portugueses. Ou muito me engano, ou se de facto era essa a sua agenda política, algumas coisas se notarão nos próximos tempos, e algumas consequências advirão. Se pretendia favorecer empresas grandes, como as EDP's e Galp's, deste país, de que estamos mais do que fartos, pelo poder que têm nas nossas vidas, no nosso alto custo de vida, espero bem que seja travada qualquer intenção actual ou futura de o fazer. Aos portugueses interessa muito pouco a internacionalização das EDP's, mas muito mais o que isso nos custa todos os dias, com as famosas 'rendas', com as PPP vergonhosas do PS, etc. Interessa-nos que o custo de vida melhore, que baixe, que o futuro possa existir, com trabalho e dinheiro para a família e filhos. Já estaremos, muitos, a desistir da ideia de um dia regressarmos às viagens ao estrangeiro...para já. Mas fome, não queremos. E favorecer as grandes empresas, é fome certa para todos nós. Estamos fartos de merdas como Mexias, e Bavas! E, evidentemente, não permitiremos que mais alguma eleição de ladrões mentirosos como Sócrates, ou Liberais selvagens mentirosos que se aproveitam (como Sócrates o fez também) de um Partido (já de si muito contaminado com estupidez estilo 'Relvas', ou Pedro 'Beicinho' do PS) para fazer um caminho que não queremos. Não tenho nada em especial contra Liberais, porque em princípio são democratas. Nem contra socialistas, pela mesma razão. E a escolha de cada um fica com cada um, em Democracia. Mas não me parece que num país onde a esmagadora maioria dos gestores se preocupam em ter os mais altos vencimentos do Mundo, desprezar os seus quadros de elevada qualidade, e descapitalizar as suas empresas, mais preocupados em mostrar o enorme poder de compra (que, a propósito, ainda o mantêm ao dia de hoje, ilicitamente) uma agenda liberal, ou uma outra estatizante, tipo PS de Soares, nos interesse. Qualquer uma delas tem demasiados custos, incomportáveis para um país pobre. Do que por aí há, de inspiração ideológica, económica e social, parece que ainda o que se mantiver próximo de Social-Democracia (que alguns também pretenderam ser a agenda de Sócrates, enganando-se, e ainda não conseguindo ver a agenda meramente pessoal do bandido) estará mais equilibrado, mais justo socialmente para um país como Portugal. Mas é preciso que o seja, e para tal ainda há muito caminho e muita confusão em muita cabeça. Confusões tipo: privatização da CGD, das águas...mais ou menos empresas no Estado...mais ou menos participação do Estado na Educação e na Saúde, ou na Cultura... Eu, por mim, não necessito de uma CGD no Estado, e isso não me dá absolutamente nada. Até pela promiscuidade que representa um Banco do Estado a concorrer no mercado financeiro, accionista de bancos seus concorrentes, poleiro de políticos em vagas sucessivas, não concorrente na Bolsa como os outros com que concorre comercialmente, e que em muito pouco contribui para a Economia. Muito menos do que os outros, privados. Já um canal de TV do Estado, a administração das águas e do saneamento, embora em serviços inseridos nas Câmaras (em número bem menor do que o actual), e não em empresas públicas, essas outras também uns belos poleiros para galos sem mérito, de vários Partidos... Há muito que deve ser repensado nesta sociedade em deriva. Estamos em deriva, em minha opinião, sim. Há que saber o que deve ser o papel do Estado, sem esquecer no que esse papel é importante para muitas pessoas de muito, muito fracos recursos. E sem esquecer que esse papel não deve ser cliente de políticos e Partidos, ou de empresários muito pouco escrupulosos. A promiscuidade empresas-estado tem de terminar. Por aí passam a retirada do poder das grandes empresas outrora do Estado, e dos conluios de empresas privadas com o mesmo (Banca, sector energético, sector de transportes, energias alternativas...).

Não me parece que Passos Coelho possa ser futuro num PSD mais limpo e mais genuinamente social-democrata. Também não me parece que Seguro, com a sua inteligência de (ia a dizer formiga, mas essa fábula entomológica já ficou marcada recentemente) sei lá...qualquer coisa muito pequenina, seja também do interesse do País. E, quer um, quer outro, se não servem ao País, não podem servir aos respectivos Partidos. Mas esse processo fica com os respectivos, é claro. Certo de que o seu sancionamento nos cabe a todos, ou não. O tempo de um arrogante ditatorial como Sócrates já lá vai.

Por mim, salvo erro de leitura grosseiro da minha parte, julgo que este Governo tem agora de continuar, escassas ou inexistente que são as alternativas. Mas agora, espero eu, bem sob a nossa alçada e vigilância, como Povo mais interessado no seu próprio destino. E também me parece que, passada esta fase de irremediáveis soluções políticas e partidárias, os dois maiores Partidos têm de mudar. Serem mais democráticos e mais humildes. Saberem encontrar líderes com mais inteligência e sagacidade, mais cultura social, mais sensibilidade e sem algum interesse pessoal, ou reféns de uma carreira vazia na política que nos prejudique e os favoreça de forma ilícita ou mesmo ilegal.

Serão, talvez, os três anos com mais ansiedade por nós vivida, com mais insegurança como povo e como País, mas com mais relevância na nossa participação activa, na nossa fiscalização sucessiva directa das acções de todos os políticos ainda em desempenho de funções.

Depois, depois sim, tem de vir a Mudança!

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