Os Gregos e nós



"Nós não somos a Grécia", ouviu-se dizer e leu-se, vezes demais. Que fizeram de mal os Gregos? Que fizeram de pior que os outros? Pretenderam ter uma vida melhor, europeia. Foram historicamente sendo deixados para trás e não conseguindo, como nós portugueses, encontrar, de novo, o rumo que os levasse à primeira linha dos países ricos do Norte. Porque tudo no mundo mudou, como está a mudar de novo, agora também a tornar-se o início da decadência europeia. Mas já prevista. Conheço quem diga que a história é coisa morta e sem relevo ou interesse para analisar os dias de hoje. Nada mais errado. A Ascensão e a Decadência dos povos, são lições da História. Mas claro que há que saber um pouco dessas coisas para o ter bem presente e relevar. A Grécia foi desde sempre a Civilização que nos ensinou a pensar. E a sermos democratas. A Grécia, como disse e bem, esse hipócrita milionário de nome Mário Soares (de quem ninguém diz nada sobre reformas e privilégios...facto estranho...ou nem tanto, se levarmos em conta a propaganda e manipulação bem actual dos socialistas de trazer por casa...), foi o Berço da Civilização em que crescemos. Mas hoje, mais do que isso, importa tentar perceber o que por lá se passa.

Um grego pode bem ser uma pessoa serena, civilizada e que detesta manifestações, arruaças e episódios de violência nas ruas que tanto ama, da sua cidade, da sua terra. Pode, e é. Pode, também, como é natural, ser mais 'bilioso' e inconformado e decidir participar, a cada instante, no que hoje vive e se decide sobre o seu país. É o seu país, o único que tem!

Dizem-lhe que deve aceitar uma austeridade, e mais outra. E menos dinheiro ainda no fim do mês, que já não é no fim do mês, porque o seu mês termina a meio do mês dos outros europeus, sem dinheiro algum. Atenas foi e é, desde há muito uma cidade cara. Turística, uma Capital mundial, visitada por milhões e milhões, Atenas pretendeu ter um rendimento que a fama lhe entregava de mão aberta. E talvez, também, iniciar o caminho que há muito defendo para países pequenos, como a Grécia e como Portugal. O caminho 'suíço, de preços altos que um dia permita vencimentos elevados. Mas uma coisa caminha com a outra, e na Grécia, mais do que por cá, bem se tentou. E, os excessos socialistas, lá como por cá, de gente que só vive e depende do Estado, e que precisa de aliciar eleitores para continuar a ter uma vida de luxo, nas costas do Estado, praticando o famigerado 'investimento' estatal, que levou, em parte, mas não só a esta situação, em conjunto com os impiedosos juros alemães e especulações permitidas na UE (cujo financiamento das dívidas depende de si mesma, dos seus banqueiro e muito pouco de fora da União!!!! E que nada faz para os Meter na Ordem!!!!), foi caminhando para o precipício, para a calamidade total.

Jared Diamond, autor de inteligentes obras, entre as quais o famoso 'Colapse' previu muito disto que está a acontecer. Lá e por cá.

Um grego, sem dinheiro, já sem poder manter filhos nas escolas, sem trabalho e a ver amigos e família na mesma senda, que pensa fazer? Aceitar a austeridade que até ao momento não deu indícios de resultar em algum lado?

Acenem-se os países com o Éden da Austeridade que nos há-de matar a todos! E confundam-se as pessoas com Reforma dos Estados, essas sim absolutamente urgentes, mas também a das gestões privadas, de embrutecidos gestores sem escrúpulos. Uma coisa não implica, na mesma medida, a outra. Reformas sim! Absolutamente. Até porque já não se aguenta, nem se Tolera, num Estado que pagamos e bem (50% dos recursos produzidos num ano, no caso português, são gastos por um Estado que é bem menos do que 50% das pessoas e organizações do país!) a incompetência, a má vontade, a arrogância e a incapacidade. Quanto a isso, basta! Mas a austeridade, que impedirá o relançamento de uma Economia asfixiada por Impostos insuportáveis e por bloqueios e desconfianças numa Banca bem rica e segura, mas impedida de financiar a Economia privada, consumidos que estão os recursos a favor de empresas sem viabilidade, do Estado, essa austeridade, tem de ter dias contados, nem que sejam os dias de dois anos.

E na Grécia, a austeridade está a matar famílias, com desemprego, depressão, fome e frio. Porque os alemães acham que eles são merecedores dessa miséria. Uma austeridade que não é aceite por gregos menos serenos do que os portugueses, ou talvez mais participativos na vida comum, como há mais de dois mil anos.

Difícil de entender por muita gente, bem sei. Mas...uma vez na desgraça grega, talvez entendessem melhor, mesmo a contra-gosto. Mas mesmo difícil de entender, a esta distância, que faz muito português julgar-se melhor do que um grego, havia que respeitar o que pensam os que PERDERAM O SONHO E O FUTURO...! (como muitos de nós dentro em pouco).

Há manipulações comunistas e até socialistas, de sindicatos e Partidos, na Grécia e por cá? Pois com certeza que as há. E cada vez mais. Num crescendo. Mas quem se pôs a jeito para que isso recrudescesse?

Nós não somos a Grécia, mas não estamos certos, ainda, de não virmos a estar pior...

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