Acordo Ortográfico. Uma Lei e Imposição para desobedecermos


Andam as escolas a 'impingir' o vergonhoso Acordo Ortográfico, fruto de uma provinciana cedência a ignorantes e prepotentes, supostos proprietários de um bem básica e fundacionalmente valioso demais para ser deixado, assim, ao desbarato e ao sabor de outras culturas, povos e países que mais não têm feito do que deteriorar a língua maior que lhes foi transmitida: Brasil à cabeça, com todos os defeitos de quem fala e escreve o pior português do mundo, e tem o direito de o fazer, se quiser, mas não o de impor essa falta de qualidade e essa mancha vergonhosa à nossa cultura.


Pois os professores das nossas crianças e jovens andam numa azáfama a pretender que os seus educandos usem uma nova, e péssima, e saloia e arrevesada, forma de português, nem homogéneo, nem consensual, antes mesmo do prazo que a estúpida Lei, prepotente e ridícula, que terei todo o prazer do mundo em desobedecer, diz ser de 2014, para ser oficial e ter força de Lei, nas escolas e no Estado. Mas nunca pelos portugueses, como gente normal.

A Resolução do Conselho de Ministros de 8 de Janeiro de 2011, determina a aplicação do Acordo Ortográfico no Ensino, a partir do ano lectivo, já iniciado, de 2011/2012, e nos organismos do Estado, a partir de Janeiro de 2012. Mas a adopção será gradual, tendo em vista a adaptação de manuais escolares e o seu período normal de seis anos, para renovação dos mesmos. 

Ora, tão ridícula é esta Lei (aprovada pela Assembleia da República em 1990) como esta Resolução de um Conselho de Ministros presidido por um ignorante da Língua, como o é o ciclo de seis anos de renovação de Manuais escolares, que devia ser de...Nunca! Os Manuais escolares, que aliás, abusam do epíteto de Manuais, pela denotada má qualidade e falta de condições e conteúdos, sérios e imparciais, que apresentam, não deviam ser renovados, repostos ou substituídos, nunca. Excepto quando uma alteração de conteúdo, por consequência de novas descobertas, históricas, científicas ou culturais o impusessem. Nem deviam ser, sequer, adquiridos pelas famílias. Mas antes, fornecidos pelas Escolas, e avaliados no final do ano lectivo, quando, então deviam ser substituídos os exemplares que não se apresentassem nas melhores condições de conservação. Como acontece na Suíça por exemplo.

Mas, voltando ao Acordo Ortográfico, cada dia se impõem a urgência de impedir a aplicação do mesmo, da Lei que o enquadra e da Resolução de ignorantes que o regulamenta. Cada dia se torna mais capital a desobediência generalizada a este absurdo criado por meia-dúzia de indivíduos, contra a vontade da esmagadora maioria dos portugueses. Todos os inquéritos e estudos realizados dão conta da oposição esmagadora dos portugueses, contra a vontade de uma minoria, com complexos políticos notórios e injustificáveis razões. 

Veja-se esta pérola do ridículo e Ofensivo Acordo:

‎" A secretaria está hoje doente, disse o chefe da secretaria. Eu ultimo a agenda, e você...secretaria? Seria uma solução. Seria e pratica. Pois, você quanto mais pratica melhor. Pratica e eficiente, ajuntou, pousando a pasta aos pés da secretaria. Incomodo? Nenhum, disse ela. Duvidas? Muitas, disse ele, e continuas. Ainda assim publicas...Sim, sem estimulo publico. E, claro, estimulo o publico. Mas sobre isto silencio." 
(extracto de texto publicado por Fernando Venâncio no Jornal de Letras)

Portugal precisa do AO? Para que a Língua Portuguesa se torne mais Universal? Como o afirmam os ridículos auto-idiotizados Carlos Reis e Malaca Casteleiro, arautos desta enormidade e ofensivo atentado à nossa Língua. Portugal não precisa deste Acordo para nada. Não foi com Acordo ou sem ele que a nossa Língua ganhou a importância e o lugar que hoje tem no mundo e na Cultura Universal. Nem com ele se tornará mais importante ou mais falada, escrita, ou melhor entendida. Regresse-se ao pequeno excerto acima e logo se entende a desnecessidade para além da evidente inconveniência.

Mas ainda que fosse possível justificar um tal Acordo, à luz da técnica da língua, da sua linguística mais progressiva e 'avançada', nunca o seria pela forma prepotente, e arrogante, como alguns (mal) pseudo-especialistas julgam poder impor um conjunto de normas e um novo código da língua, pelo lado Legislativo, sem saber o que pensa o povo que usa a Língua que ama, sem o ouvir e sem o respeitar (vide texto citado acima).

A maioria, ou todos os portugueses que conheço afirmam que nunca irão querer usar esta forma absurd de escrever a sua Língua. Ou que nunca a desejaram, ou que desobedecerão a qualquer Lei que imponha este Absurdo.

Atente-se noutras maravilhas desta estupidez:

Portugal Muda, com o AO: aceção, confecionar, dececionante, excecional, impercetível, indefetível, intercetar, invetiva, perceção, perentório, precetor, receção, rececionista, recetáculo, recetador, recetividade, recetivo, rutura.

No Brasil... mantêm-se as consoantes mudas de todas as palavras acima

Portugal quer mudar, com o AO: 
aspeto, afetuoso, cético, coletivo, conjetura, desafeto, detetável, dialeto, fação, fator, fraturar, infletir, inseto, objetivar, otimismo, perspetiva, respetivo, retângulo, retificar, sintático, suscetível, transato.

No Brasil, admitem-se todas as consoantes mudas, nas palavras acima.


Não acredito que os mesmos professors que tanto têm defendido a nossa Cultura e Língua, aceitem de ânimo leve e boa vontade adopter esta Ofensa à Cultura que nos tem mantido como o que somos, para bem ou para mal, mas com uma inquestionável riqueza lexica, que muitos nunca poderiam ter. A nossa Língua é o fruto de tudo o que nós fomos e somos, com a misceginzação cultural que vivemos e cultivámos. É única e bem mais rica, versatil e viva do que todas a outras no mundo mais faladas do que a nossa.

Não pode ser usurpada e ofendida por uma meia-dúzia de arrogantes, sem autoridade cultural ou política para o fazerem. Este assunto devia ter sido objecto de um Referendo, à séria, tão ou mais do que os outros que por cá se realizaram.

Pretende-se que este processo passé despercebido, no clima depressive em que nos encontramos. Mas não podemos permitir que este processo não regrida e a Lei seja revogada!




Comentários

Carlos G. disse…
Brilhante, brilhante, muitos parabéns. Impressionante que com todos os argumentos mesmo à frente dos olhos das pessoas há alguns que teimam em dizer que o (Des)acordo tem toda a lógica e que era mesmo o que Portugal necessitava! Inacreditável que mesmo no nosso seio hajam portugueses que têm a sua própria língua em tão baixa consideração que se ajoelham perante esta autêntica venda da mesma. Muito esclarecedor o seu artigo. Obrigado
PCustódio disse…
Apoiado, abaixo o acordo ortográfico. Regresse o "y", o "ph" e o "th". Não deixemos morrer os duplo "t", duplo "m", duplo "l". Já agora voltemos à forma original de escrever Português, ao Galaico-português, e já agora porque não ao Castelhano, essa sim, a mais pura forma da nossa língua. Digam não há mudança. Voltemos a escrever como no exemplo que se segue:
Orthographia (ôr-tu-ghra-fia), s.f. a parte da grammatica que ensina as regras de boa escripta das palavras; arte de escrever com os caracteres e signaes consagrados pelo uso. //Maneira de escrever as palavras: Orthographia viciosa. (…)// Orthographia etymologica, o modo de escrever as palavras coma as lettras fundamentaes que ellas tinham na lingua mae. // Orthographia sónica, o modo de escrever as palavras empregando só as lettras que correspondem aos sons.
(Aulete e Valente, Diccionario Contemporaneo da lingua portugueza, 1881)
In Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, Paulo Feytor Pinto, INCM&APP,2009
Muito obrigado pelos Vossos comentários. Era bom todos assinarmos a ILC contra o AO. Urge fazê-lo. E impõe-se. Visitem o site da ILC ( ILCAO). Obrigado

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